Governador não se compromete com indicações políticas, mas deputados não vivem sem elas

A reunião desta terça-feira entre o governador Zema e a bancada federal de deputados mineiros revelou os ruídos que estão dificultando este início de relação. Questionado pelo deputado Lafayette Andrada (PRB) sobre as indicações políticas no governo, Zema saiu pela tangente e passou a palavra ao secretário de governo Custódio Mattos (PSDB).

O governador criticou veementemente as indicações políticas durante a campanha: agora, naturalmente, não quer se comprometer com esse tipo de nomeação. Os deputados, por sua vez, não podem viver sem isso: as nomeações em cargos estratégicos são essenciais no modus operandis do parlamentar em nosso sistema político. Neste momento, os deputados fazem força para manter ou indicar protegidos nos cargos em secretarias e autarquias.

Também na bancada estadual a pressão pelas nomeações políticas é forte. A Assembleia vive um estranho clima de marasmo. Nos corredores da casa, a avaliação predominante é a de que os trabalhos legislativos não devem caminhar bem, e as relações da maioria na casa com o governo podem seguir travadas ou emperradas, se o governador continuar reticente às indicações de deputados para cargos. Especialmente as diretorias de empresas e autarquias e os postos no segundo e terceiro escalão estão na mira de parlamentares.

A queda de braço em torno das nomeações só está começando. O governo Zema tem a menor base de apoio em mais de 15 anos. O bloco governista na Assembleia conta com apenas 21 deputados, 11 a menos que na gestão do antecessor Fernando Pimentel. Quanto menor a base, mais a necessidade de negociação com parlamentares neutros ou independentes para garantir maioria em votações. E cargos são a principal moeda de troca no meio.