“O vinho está na moda, assim como o gim, e veio para ficar. E ele vai ficar porque está acessível ao consumidor. Hoje, a bebida é consumida pelas classes A, B, C e até D e está mais presente até nos supermercados”, afirma o especialista.
E o mercado é robusto. Conforme Ribeiro, somente um dos parceiros da importadora vende dois milhões de garrafas por ano em Minas Gerais.
Tirar do vinho o rótulo de “bebida sofisticada para ser tomada em momentos especiais” é o objetivo do proprietário do Cabernet Butiquim, Pablo Teixeira.
O bar foi inaugurado há cinco anos na Savassi, com mesas na calçada, onde é possível encontrar taças de vinho por até R$ 10.
“Na hora do almoço, a taça é mais barata. À noite, vai de R$ 15 a R$ 35, dependendo da seleção da semana”, diz Teixeira. As marcas servidos em taças mudam a cada sete dias. No cardápio, o consumidor sempre encontra espumante, vinho branco, vinho tinto e rosê.
“Não acreditamos no abandono da cerveja, mas temos certeza de que podemos converter consumidores a gostarem de vinho. Temos bebida para todos gostos e bolsos e uma grande seleção de garrafas”, diz.
O público que ocupa as mesas sem forro do local é predominantemente jovem, confirmando que as novas gerações ajudam a fomentar o setor. E o fenômeno não é limitado a bares. Nas festas temáticas e eventos “open wine” (vinho livre) eles também são maioria.
É o caso da Comidaria, realizado às quartas pelo bar Jângal, no bairro Cruzeiro. De acordo com o sócio André Panerai, cerca de 150 pessoas passam pelo local durante os encontros, regados a vinho, espumante, sangria e clericot liberados. Para comer, nada de sofisticado. O forte da noite é a pizza.
Os preços chamam a atenção. O open wine custa R$ 49,90 por pessoa e o rodízio de pizza, R$ 39,90. Para o combo, a promoção é R$ 69,90. “A popularização do vinho está tão forte que os nossos funcionários pediram um curso com um especialista. As pessoas sempre pedem informação sobre o que estão tomando e eles acharam importante se informar também. Nós providenciamos e o resultado tem sido ótimo”, diz Panerai.
Popularização estimula distribuidoras a abrirem lojas e bares próprios
As casas que vendem vinho surfam na onda de popularização da bebida vivenciada por Belo Horizonte. Não foi à toa, aliás, que a Wine, maior clube de vinhos do mundo, escolheu capital mineira para inaugurar a primeira loja física: em um em um raio de 5 km em torno do ponto de vendas, localizada no bairro Lourdes, estão concentrados aproximadamente 5 mil sócios da plataforma.
Também à frente de um clube de vinhos, a Casa Rio Verde estima aumento de 12% nas vendas de rótulos em 2019, no confronto com 2018. De acordo com o gerente de e-comerce da marca, Gabriel Roberto, o índice poderia ser ainda maior. “Quando a economia melhorar, a venda vai deslanchar. Os jovens descobriram o vinho e têm gostado muito. Deixou de ser uma bebida apenas para momentos especiais”, diz.
Para atender à mudança do público, o proprietário da Casa do Porto, Júnior Ribeiro, abriu um Wine Bar anexo à loja. E deu certo. Em 2019, a projeção é de aumento de 15% nas vendas. “Antes, apenas homens mais velhos gostavam de abrir garrafas na loja para degustar vinho. Com o tempo, mulheres e jovens começaram a ter esse hábito também e achamos que valia a pena ter o espaço”, afirma.
No local, os clientes podem tomar vinhos comprados na loja, por preço de varejo. Um chef faz aperitivos que combinam. “A maioria das pessoas acaba tomando um vinho no Wine Bar e levando outro para casa”, comemora Ribeiro.
Quer entrar para o mundo do vinho?
Confira, no vídeo abaixo, dicas do gerente de Varejo e instrutor da Escola de Vinhos da Casa Rio Verde, Renato Vinhal, sobre o assunto.