Um grupo de mulheres se reuniu na manhã desta terça-feira (20) para uma manifestação em frente à sede da empresa Nestlé, em São Lourenço (MG). O grupo, que pertence ao Movimento Sem Terra, fez uma manifestação contra a privatização de mananciais de águas e contra o governo do presidente Michel Temer. Uma proposta da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig) pretende privatizar o manuseio de mananciais no Sul de Minas.
Os organizadores afirmaram que pelo menos 600 manifestantes participaram do ato. Para a Polícia Militar, o número de manifestantes foi de 400 a 450. Segundo a polícia, as manifestantes chegaram no local em um ônibus por volta das 6h e começaram o ato. A data foi escolhida por conta da realização do Fórum Mundial da Água que começou no último sábado (17) em Brasília (DF).
Ainda segundo a polícia, que acompanhou o ato, houve confusão na chegada das manifestantes, muros foram pichados e algumas placas na entrada da unidade foram quebradas. Segundo o grupo, dois ônibus que chegaram com as manifestantes foram apreendidos.
Exploração das águas
As fontes de água mineral de São Lourenço foram descobertas em meados do século 19 e logo atraíram muitas pessoas. A concessão pra que elas fossem usadas de forma comercial foi dada em 1890, quando a cidade começou a ser construída. A Nestlé, multinacional suíça, chegou à cidade em 1992, quando comprou a empresa responsável pelo envasamento da água e assumiu as atividades. Ela é responsável também pelo Parque das Águas, principal ponto turístico da cidade.
Atualmente, a empresa é responsável pela manutenção das 10 fontes da cidade. Nove ficam no parque e são de uso exclusivo dos visitantes. A outra fonte, chamada Oriente, fica dentro da empresa e é dela que sai a água comercializada em todo o país. Mesmo com a captação, a água da fonte Oriente segue também pra um fontanário público, onde a população pode pegar água de graça.
Temor por novas privatizações
Membros de organizações não governamentais e associações de proteção ambiental na região do Circuito das Águas de Minas Gerais estão preocupados com a proposta de privatização do manuseio dos mananciais de água feita pela Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig).
Na prática, a companhia lançou um edital em busca de um parceiro no ramo alimentício ou de bebidas que possa assumir e exercer a exploração da água nos municípios de Caxambu, Cambuquira e Lambari, no Sul do Minas.
Originalmente, a Codemig possui a concessão de exploração das fontes de águas mineiras nos municípios de Araxá, Caxambu, Cambuquira e Lambari.