Bombeiros vão ampliar buscas no lugar; Polícia Civil levou apenas quatro horas para identificar o corpo

 
 

O corpo praticamente intacto, encontrado nessa terça-feira (4), após 131 dias do rompimento da barragem em Brumadinho, já foi identificado e seus familiares já foram comunicados na manhã desta quarta-feira (5). Trata-se, de acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais, de Cristiano Jorge Dias, de 42 anos, que trabalhava como terceirizado da Vale, na empresa Reframax. 

De acordo com a equipe do Corpo de Bombeiros que atuou no resgate, outros três corpos devem ser encontrados no mesmo local.

"A partir do cruzamento de dados com pessoas que trabalhavam no local e com os estudos de fundo de lama, a gente conseguiu restringir esse local e a estratégia mostrou-se acertada. Acreditamos que, na mesma região em que o corpo foi encontrado, iremos encontrar cerca de três corpos desaparecidos. Só não podemos precisar se estarão no mesmo estado de conservação", afirmou o porta-voz da corporação, Pedro Aihara. 

O corpo foi encontrado a cerca de 10 metros de profundidade, segundo Aihara. Ele acredita que esse seja o motivo para a preservação do cadáver, mesmo com tantos dias de exposição ao solo. Isso porque os corpos encontrados em localidades em que a concentração de minério é maior tendem a ter um melhor processo de conservação. 

"Esse corpo foi encontrado em uma localidade onde existia uma pilha de minério beneficiada para embarque nas locomotivas. Esse corpo, quando bateu nessa pilha, acabou não sendo carreado para outro lugar e, por isso, a gente acredita que esse corpo tenha permanecido em uma situação mais adequada de preservação”, explicou Aihara.

O superintendente de polícia técnico cientifica da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), Thales Bittencourt, também acredita que a localidade onde corpo estava permitiu a preservação.

"Um dos prováveis motivos [de conservação] é justamente pelo fato dele estar submerso nesse material relativamente úmido, o que propicia o desenvolvimento de um processo chamado saponificação. Um processo que conserva o corpo por um período além do esperado", explicou o médico legista. 

Identificação
 
A melhor conservação do corpo também facilitou a identificação ágil da vítima. Ele chegou ao IML às 19h dessa terça-feira (4) e, apenas quatro horas depois, já tinha sido identificado.

De acordo com Thales Bittencourt, para a identificação do corpo foi utilizada a odontologia legal com análise de arcada dentária – mesmo método já utilizado em outros 23 casos. 

"O corpo tinha uma tatuagem, mas não foi possível utilizá-la para identificação, pois não possuíamos fotos anteriores para a comparação. Também não foi possível utilizarmos a análise da digital do cadáver. Somente conseguimos êxito na análise da arcada dentária", explicou o médico legista.
 
Fragmentos

Segundo o superintendente de polícia técnico científica da Polícia Civil Minas, delegado Thales Bittencourt, ainda há, no IML, 162 fragmentos de corpos para análise, mas não há garantias de que sejam das 24 pessoas ainda não identificadas e que seguem desaparecidas.
 
"Existem 162 fragmentos aqui no IML para a análise, pode ser que desses, alguns sejam dos corpos que ainda não foram identificados, ou de outros corpos que já foram identificados", ressaltou.