ALÔ, MINAS

Pouco mais de um ano e meio desde a chegada do 5G às primeiras cidades de Minas Gerais, uma série de localidades do Estado não tem sinal de internet 4G ou telefonia móvel. O governo estadual acaba de concluir uma parte do programa que amplia a cobertura, mas dezenas de locais ainda a aguardam.

Em 2021, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag-MG) mapeou 297 localidades sem cobertura de 4G, parte do programa “Alô, Minas!”, que instala torres de telefonia em parceria com as operadoras, com garantia de operação por 20 anos. Na primeira fase, iniciada em 2022, estão 157 pontos, dos quais 130 foram concluídos, de acordo com a secretaria, e os demais devem ser entregues até junho deste ano.

Outros 68 pontos estão na segunda fase do programa, e mais 61 fazem parte do cronograma de 5G da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Mesmo assim, a soma não chega aos 297 pontos, com pelo menos 11 de fora da lista, por ora — a secretaria ainda não divulga quais são esses pontos. Entre os locais que foram contemplados, estão localidades da região metropolitana da capital, como quatro pontos em Esmeraldas.

Em uma realidade altamente conectada, em que até alguns serviços públicos dependem da internet para ser acessados, meios para estar online podem ser considerados serviços básicos, pondera o diretor de pesquisa quantitativa do Instituto Locomotiva, que estuda o tema, João Paulo de Resende Cunha.

“O acesso à internet e à telefonia são fundamentais para diversas oportunidades, desde as profissionais, como conseguir um trabalho ou gerar renda empreendendo. Várias outras necessidades são muito facilitadas com a conexão, inclusive determinados serviços públicos. Para não falar em acesso à informação, a fontes importantes de conhecimento e educação. São uma série de oportunidades que são muito limitadas ou até suprimidas entre pessoas que não tem acesso à internet ou um acesso de má qualidade”, diz.

O levantamento mais recente do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), que reúne entes do governo, empresas, ONGs e pesquisadores, divulgado em novembro de 2023, mostrou que 29 milhões de brasileiros não tiveram acesso à internet nos três meses anteriores. Na perspectiva de Resende Cunha, do Locomotiva, existe um “abismo digital” entre a população com bom acesso à internet e os “subconectados”, aqueles sem conexão plena.

São três os principais entraves para a democratização da internet, diz ele: “primeiro, a deficiência de infraestrutura de conexão e de qualidade dessa distribuição. Em segundo, a limitação de acesso a equipamentos adequados, pois boa parte das pessoas utiliza aparelhos defasados, sem memória o suficiente. Em terceiro, o letramento digital, e o sistema educacional está relacionado. As pessoas têm dificuldade em acessar os recursos disponíveis e com os termos em inglês da internet, por exemplo”, conclui.