MERCADO
 
Após altas recorrentes e do custo do litro ultrapassar os R$ 8, o preço do leite começou a cair em supermercados de Belo Horizonte e região metropolitana desde a semana passada. O consumidor já encontra a bebida a valores abaixo de R$ 6 e, em alguns estabelecimentos a depender do rótulo, em valores inferiores a R$ 5. A redução ocorre mesmo na entressafra da produção leiteira, encerrada a partir de setembro com a chegada da chuva, e que naturalmente encarece o produto nas gôndolas do varejo. 

Mas quais motivos explicam a queda no preço observada ainda em agosto? De acordo com Anderson Vilaça, diretor comercial e operacional do Decisão Atacadista, um dos principais estabelecimentos do setor de atacarejo, a diminuição deriva de fatores distintos. Com a escalada nos preços observada desde julho, a população reduziu o consumo de leite e derivados, aumentando o estoque nos laticínios. 

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“O preço começou a subir muito e as indústrias começaram a segurar o preço, só que o consumo cai. O preço do leite foi ficando inviável e as pessoas deixaram de consumir, optaram por produtos mais baratos. Mas chega em determinado momento que a indústria fica entupida de produtos, vem a questão do vencimento dos produtos que se aproxima e aí precisam escoar”, explica Vilaça. 


Conforme o diretor, a rede chegou a vender leite a preço de custo para evitar perdas nas vendas. “Vendemos nosso estoque a preço de custo porque sabíamos que a indústria iria precisar de escoar o produto porque se não o problema acaba sendo maior, correndo risco de perder. Então o estoque que eu tinha, eu banquei para fazer uma recompra dentro de uma realidade melhor”, assinala.

Segundo o representante do Decisão Atacadista, a queda no preço também atinge derivados como o queijo, orçado a valores que superam o custo da carne na Grande BH. “Já começamos a baixar, mas o preço está alto ainda. Mas uma hora vai ter que cair porque o consumo despenca”, projeta Anderson. Nos próximos meses, o diretor afirma que ainda não dá para saber se a manutenção da redução vai se manter. 

O posicionamento é semelhante ao de um dos proprietários do Via Bahia, Leonardo Flores Nascimento, rede de supermercados que atua em Belo Horizonte e na região metropolitana. “Estava conversando com um representante de uma das marcas e ele me disse que essa redução chegou no limite. Mas quem põe o preço é o mercado“, avalia. 


Nascimento diz que o leite mais barato é vendido a R$ 5,89, enquanto o mais caro atinge os R$ 6,49. “Mas vai baixar mais, eu ainda estou com preço defasado”, destaca. Ele confirma que a indústria estava com grande estoque que começou a ser comercializado. “E não é por excesso de oferta de leite. Ontem recebi um pedido que veio faltando leite condensado, achocolatado”, conta o empresário. 

Na avaliação de Leonardo, a queda do consumo nas famílias interferiu diretamente na precificação. “Se não fosse isso, não era para estar caindo na entressafra. Aumentou o faturamento, mas diminuiu a quantidade vendida. O cliente que levava dois, três litros, agora leva um”, ilustra. 

A reportagem questionou o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados de Minas Gerais (Silemg) e aguarda um posicionamento.