PANDEMIA

Em entrevista concedida na tarde desta sexta-feira (29), o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, falou que não vai permitir a reabertura de mais setores do comércio na próxima semana. “Não é uma notícia que eu queria dar. Eu queria que fôssemos abrindo, abrindo e abrindo”, disse.

Kalil explicou que a decisão não foi unânime e aconteceu após muito debate entre técnicos da equipe de combate à pandemia de coronavírus na capital.


“Fiquei assustado com o que eu vi. Se BH fosse uma ilha, nós poderíamos flexibilizar à vontade, mas não somos ilha”, reforçou, falando que o crescimento de casos no interior impede, neste momento, que a cidade flexibilize o isolamento social e permita a reabertura de mais setores econômicos.

O prefeito disse que, além do susto que levou durante a reunião, com relação aos dados do interior do Estado, tomou conhecimento de que ter muitos respiradores à disposição não é a garantia de vidas salvas.

“Quando se fala em respirador, nós estamos falando de três profissionais especializados a cada dois. Estamos falando de conteúdo, de gente, e gente que falta em hospitais hoje, já em pleno funcionamento, como nós vimos. Já tínhamos esses números e vemos que respirador não salva vida de ninguém. O que salva vida é médico de UTI ou intensivista. E o intensivista, para ser treinado às pressas, precisa de dois anos de especialização. Não adianta treinar o médico a intubar um boneco e depois ter que intubar em cinco minutos seis seres humanos”, completou.

Kalil garantiu que a carência é geral com relação a profissionais de saúde em todo o Estado, apesar de ter conseguido melhorar essa situação em BH.

“Temos uma grande carência – não em BH, porque em três anos e meio contratamos 13.395 profissionais de saúde, contratamos 3.412 médicos. Belo Horizonte, não tenha dúvida, é a cidade mais preparada, mas temos notícias assustadoras do interior. Não estou apontando culpado, não tem, a culpa é do sistema estadual sucateado há anos”, completou.