As cenas de ruas esvaziando, comércios fechando e as máscaras no rosto passando a fazer parte da realidade mineira se traduziram em expressivas reduções do crescimento dos novos casos da COVID-19. Passado um mês do início do isolamento social, essa estratégia tem indícios de bons frutos. Considerando esse período de afastamento, em Minas Gerais, a velocidade com que se registram mais casos é proporcionalmente a metade do que se observa em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Brasil. Em Belo Horizonte, isso é ainda mais expressivo, com a capital mineira conseguindo manter uma multiplicação de diagnósticos positivos diários três vezes menor que o ritmo paulistano e carioca. Essa é a conclusão a que se chega analisando a evolução dos casos confirmados de novo coronavírus (Sars-Cov-2) compilados dos boletins oficiais nacionais, estaduais e municipais pela reportagem do Estado de Minas.

O levantamento considerou 20 de março, uma sexta-feira, como o primeiro dia em que as pessoas ficaram recolhidas e os comércios fechados e ontem, dia 20, como a marca de um mês desse movimento. Foram avaliados os novos casos reportados em Minas Gerais, em São Paulo, no Rio de Janeiro, nas capitais desses estados e no Brasil desde 17 de março.

Antes do isolamento, a média diária da capital mineira era de 5,25 novos casos e subiu para 14,6 com o afastamento social, uma ampliação de 178%. Pode parecer muito, mas esse ritmo é praticamente três vezes mais lento que o registrado na capital paulista (495,30%), que é o município considerado como foco de maior disseminação da infecção no Brasil. Chega, ainda, a ser 3,36 vezes menor que entre os cariocas (573,77%).

No comparativo, Minas Gerais também tem a menor aceleração de casos desde que a doença começou a ser diagnosticada com frequência e após um mês de isolamento. A média de testes positivos a cada 24 horas era de oito pacientes antes de as pessoas se distanciassem preventivamente e subiu para 38,03 no período de um mês de isolamento social. A evolução é de 379%, destoando da média das maiores cidades da Região Sudeste, que é a mais afetada pela doença. Esse índice de novos casos é menor que no Rio de Janeiro (719%), em São Paulo (675%), que é o estado com maior número absoluto de casos e mortes, e do que em todo Brasil (698%).

ADESÃO 

O secretário de estado de Saúde de Minas Gerais, Carlos Eduardo Amaral, considera que esse movimento seja a curva achatada de evolução dos casos. “Isso mostra que as medidas tomadas pelo governo do estado, do ponto de vista do isolamento social, foram adequadas e oportunas”. Quando se compara o pico de aceleração de Belo Horizonte e Minas Gerais com os outros estados e outras capitais, o secretário avalia que vários fatores contribuíram. “O primeiro deles é o controle das pessoas que tiveram os primeiros casos. Em Minas, conseguimos identificar os primeiros casos rapidamente e intensificar o controle, fato que evitou uma disseminação explosiva no início. Outro fator importante é a adesão da sociedade ao isolamento. Em Minas, tivemos picos acima de 70% e isso mostra que as pessoas do estado, efetivamente, evitaram o contato social e, com isso, uma redução na transmissão do vírus”.

É na base de dados semanal que se enxerga o abismo na disseminação de novos casos da doença infecciosa na comparação do território mineiro para os demais. Observando os dados, Minas Gerais atingiu o ritmo mais acelerado de testes positivos na terceira semana de isolamento, quando já se tinha uma ampliação do número de casos diários de 44,71% com relação aos sete dias anteriores. Foi na quarta semana que essa tendência sofreu brusca desaceleração, chegando a um aumento de casos da ordem de 7,3%. A época coincide com a maioria dos grandes municípios endurecendo os decretos de isolamento, fechando áreas de convívio como parques e o retorno a patamares menos inflacionados dos custos de máscaras e álcool em gel com uma maior oferta desses itens, segundo observou a Central dos Hospitais de Minas Gerais.

O pico em São Paulo ocorreu na segunda semana, chegando a uma disseminação de 241,59% e caindo desde então, com o patamar da quarta semana em 10,96% mais casos novos. Movimento semelhante foi visto nos números nacionais que são consideravelmente afetados pelo seu maior estado. Já o Rio de Janeiro teve evolução semelhante aos mineiros, com pico na terceira semana (139,24%) e chegando a 35,61% na quarta semana de isolamento.

Mas a realidade de Belo Horizonte impressiona quando comparada com as das demais capitais. O município atingiu seu pico de aceleração de contágios confirmados na segunda semana, com média de 16,28 casos diários e daí em diante não apenas não acelerou mais, como registrou recuo dessa tendência. Sendo que na terceira semana a média foi de 14,14 (-13,15%) e na quarta, ainda menor do que todos os registros do isolamento, com 10,85 testes positivos a cada 24 horas (-23,23%). Somente São Paulo conseguiu reverter mais o movimento de aceleração (-24,55%), enquanto o Rio de Janeiro diminuiu o ritmo, mas segue ampliando os casos, com alta de 20,93% na quarta semana de isolamento.

O que é o coronavírus?
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
Febre
Tosse
Falta de ar e dificuldade para respirar
Problemas gástricos
Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:
Pneumonia
Síndrome respiratória aguda severa
Insuficiência renal

Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o coronavírus é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

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