PROTESTO

As filas de carros para abastecer nos postos em Belo Horizonte continuam aumentando na tarde desta sexta-feira (26), enquanto a greve dos caminhoneiros transportadores de combustível prossegue. Há relatos de multidões de motoristas aguardando a vez de abastecer em todas as regiões da cidade. 

Há duas horas na fila de um posto na avenida Portugal, no bairro Santa Amélia, região da Pampulha, os dois filhos da contadora Juliana Pimenta, 43, João e Joana, aproveitavam o tempo para assistir a aulas online. 


"Estava indo para o escritório com eles, mas chegamos na fila e ficamos. Não tenho certeza se vai ter combustível no posto, já passei por dois que não tinham mais. Acho que a greve não vai dar resultado", diz a mãe. Os transportadores de combustível pedem que o governo do Estado diminua de 15% para 12% a alíquota do Imposto sobre Operações (ICMS) que recai sobre o diesel, o que o Executivo estadual diz não ser possível.

Um frentista do posto, que pediu para não ser identificado, afirmou não ter garantia de que, se o combustível no local terminar nesta tarde, haverá reabastecimento. A maioria das pessoas que chega ao local tem pedido para encher o tanque e galões, relata. 

Os serralheiros Rafael Oliveira, 27, e Avelino Martins, 65, que também estavam na fila, que dava a volta no quarteirão, há mais de uma hora, tinham ordem do patrão para encher o carro da empresa e quantos galões conseguissem para garantir o trabalho até segunda-feira (1o). 
"Ficamos sabendo da greve pelo rádio e o patrão ligou. Temos que trabalhar hoje ainda", explicou Rafael.

O taxista Alexandre de Assis, 55, reclama da quantidade de carros de passeio na fila. "Não tem precisão de carro particular ficar aqui, a prioridade tinha que ser dos trabalhadores que precisam de combustível. Na última greve dos caminhoneiros, fui buscar gasolina em Esmeraldas. Desta vez, se continuar, vou parar e comer só ovo em casa, porque o preço de tudo cai aumentar", prevê. 

O motoboy Everton Bruno, 23, também esperava na fila para abastecer e continuar trabalhando, já com o combustível no final. "Coloco R$ 40 de quatro em quatro dias na moto. Ano passado, colocava R$ 50 e rodava 15 dias", alega, reclamando da alta dos preços.