SEM FOLIA

Em tempos habituais, daqui a dois finais de semana, cidades mineiras se encheriam de foliões comemorando o carnaval e as cachoeiras da Serra do Cipó estariam lotadas com quem deseja escapar da folia. Em meio à pandemia de Covid-19, porém, o governo de Minas Gerais pede que as prefeituras proíbam eventos e coíbam aglomerações durante o feriado, que se estende do sábado (13) à terça-feira (16).

“A nossa recomendação expressa é que neste ano não podemos ter aglomerações. Tivemos no mês de janeiro um número recorde de internações em UTIs, de internações em leitos de enfermaria e também de óbitos, devido, principalmente, às festas de final de ano. Se quisermos um estado mais seguro, todos nós temos que fazer a nossa parte”, afirmou o governador do Estado, Romeu Zema (Novo), à Agência Minas. 

O próprio governo estadual decretou que não haverá ponto facultativo nas repartições públicas e recomenda que as prefeituras tomem a mesma atitude. A capital Belo Horizonte, que em 2020 bateu recorde de público na festa e reuniu 4,45 milhões de pessoas nas ruas, decidiu que também não adotará ponto facultativo e proibirá realização de festas em clubes, casas de eventos e na rua.

A Prefeitura de BH (PBH) afirma que intensificará a fiscalização a estabelecimentos durante o carnaval. Realizado pelos fiscais de Controle Urbanístico e Ambiental, o trabalho terá apoio de guardas municipais, que se revezarão em turnos. Locais que não obedeçam às normas sanitárias estarão sujeitos a interdição e multa de R$ 18.359,66.

Julvan Lacerda (MDB) presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM) e prefeito de Moema, na região Centro-Oeste de Minas, reforça que festas de carnaval poderiam levar à necessidade de novos fechamentos de atividades logo depois. “Muita gente acha que o carnaval é feriado nacional, mas não é, cada prefeitura que decreta ponto facultativo, e nós recomendamos que não façam isso, mesmo onde os casos de Covid-19 estão mais controlados, porque poderiam se descontrolar. Tivemos o reflexo das festividades de fim de ano em janeiro. Vamos deixar festas acontecerem e ter reflexos de novo em março?”, pondera.

A orientação do governo do Estado é que os municípios adotem os padrões de segurança da onda vermelha do programa Minas Consciente durante o carnaval, independentemente de terem aderido ao projeto ou de estarem enquadrados em suas fases mais brandas. A fase vermelha permite eventos com até 30 pessoas, contudo o governo estadual insiste que sequer as comemorações de pequeno porte sejam realizadas.

Cidades mineiras cancelam folia

Municípios tradicionalmente carnavalescos, como Ouro Preto e Mariana, cancelaram o carnaval nas ruas neste ano. A Prefeitura de Ouro Preto não dará ponto facultativo e anunciou que promoverá eventos online com foliões, o que ainda não detalhou como ocorrerá. Mariana seguiu a tendência e proibirá festas pela cidade. 

Santana do Riacho, que abriga as cachoeiras da Serra do Cipó, também apertará as normas de segurança durante o carnaval: a prefeitura decretou fechamento dos serviços não essenciais, que incluem hotéis e pousadas, e das cachoeiras, entre os dias 12 e 16 de fevereiro. Segundo a assessoria de comunicação da prefeitura, o acesso à cidade não será bloqueado, porém haverá barreira sanitária na entrada do município durante todos esses dias e fiscalização nas entradas das cachoeiras.

Conceição do Mato Dentro, na região Central de Minas, famosa pela cachoeira do Tabuleiro, na Serra do Espinhaço, também bloqueará o acesso aos atrativos naturais. Apenas os serviços essenciais funcionarão durante o carnaval e os hotéis não poderão receber turistas. 

A Prefeitura de Belo Horizonte sinalizou que seguirá o calendário carnavalesco da Bahia e do Rio de Janeiro — a prefeitura carioca havia planejado a festa para julho deste ano, mas voltou atrás e cancelou o plano.