AGOSTO LILÁS

Forças de segurança de Belo Horizonte e de Minas Gerais lançaram, nesta segunda-feira (7), uma campanha contra a violência doméstica no Estado. A data marca o aniversário de 17 anos de criação da Lei Maria da Penha e o início da campanha Agosto Lilás. 

Dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) mostram que, somente neste ano, entre janeiro e junho, Minas registrou 73.931 casos de violência contra a mulher. O número aumentou se comparado com o mesmo período de 2022, que teve 68.719 registros. 

Para chamar atenção sobre o assunto, uma ação foi desencadeada na estação Vilarinho, na Vila Cloris, em Venda Nova, na manhã desta segunda. No local, mulheres e homens receberam uma cartilha sobre violência doméstica, e orientações para promover a segurança e a proteção das mulheres. 

A delegada da Polícia Civil (PCMG) Danúbia Quadros, chefe da Divisão Especializada no Atendimento à Mulher explica que o objetivo da campanha é levar ao conhecimento das mulheres as portas de entrada, como denunciar, quando devem procurar ajuda, e a quem devem recorrer, em casos de violência doméstica.

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(Valéria Marques / Hoje em Dia)

“É importantíssimo levar ao conhecimento dessas mulheres em situação de violência que denunciem, que saiam do ciclo de violência. Por menor que seja a violência, uma ameaça, um xingamento, tudo isso caracteriza violência doméstica, tudo isso deve dar ensejo ao pedido de medida protetiva e afastamento do agressor. As experiências revelam que essa violência só tende a aumentar e pode acarretar em uma violência mais grave. Então desde a primeira violência a mulher deve procurar ajuda”, explicou Danúbia.

A delegada destaca que a Polícia Civil possui a Casa da Mulher Mineira, que acolhe as vítimas na avenida Augusto de Lima, nº 1.845, no Centro de BH, e o Plantão de Atendimento à Mulher, que funciona 24h, de segunda a domingo. 

A Polícia Rodoviária Federal (PRF-MG) participa de campanhas educativas nas rodovias e realiza treinamento do efetivo para acolhimento das vítimas. “É a primeira vez que a instituição participa de uma ação de combate à violência contra a mulher. É mais uma porta que se abre para as vítimas de violência contra a mulher”, revela a policial Bianca Tomich, da PRF-MG.

Acolhimento psicosocial

Maíra Fernandes, coordenadora estadual de políticas para as mulheres da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese-MG) explica que a pasta atua com o acolhimento psicossocial, com atendimento psicológico, de assistência social e orientação jurídica para essas mulheres de forma gratuita. Também há um Centro de Referência da Mulher na Praça Sete, centro de BH, com atendimento presencial e virtual para as mulheres de todo o estado. 

“Esse atendimento fortalece a mulher, para que ela se sinta a vontade de tomar as próprias decisões, ou seja, se ela quer denunciar na polícia, se ela quer sair de casa, se ela quer fazer uma separação judicial. Então primeiro ela é acolhida e ouvida, porque são muitas feridas emocionais, a psicóloga vai construindo um vínculo de confiança, de segurança que ali ela pode ter o tempo dela de entender qual a melhor estratégia para ela sair daquela situação. E mais que isso, fortalece-lá para que ela não volte para essa relação abusiva e não construa novas relações abusivas, não naturalize mais essas relações com outros possíveis agressores. É um trabalho individual que a gente olha para a mulher, para as necessidades delas (...) e para ela entender que ela tem uma rede de proteção, não apenas das seguranças públicas, também da assistência social e psicológica”.

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(Valéria Marques / Hoje em Dia)

Ana Kelly, de 32 anos, é advogada e elogiou a iniciativa das forças de segurança. “Essa campanha é importantíssima para a conscientização, para as mulheres perderem o medo de denunciar seus agressores e incentivá-las, para que elas não se sintam sozinhas e desamparadas”, observou.

A campanha Agosto Lilás é coordenada pela Sejusp e conta com a participação da Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Penal, Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal, Guarda Municipal de BH, Ministério Público, Defensoria Pública e Sistema Socioeducativo. 

Fonte:hojeemdia.com.br