COVID-19

Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, revela que Belo Horizonte pode registrar um aumento no número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em até seis semanas. Os dados são do Boletim Infogripe, que monitora a evolução da doença nas capitais brasileiras. De acordo com o levantamento, a probabilidade de que haja elevação nos registros da capital mineira ultrapassa os 75%, o que é considerado um sinal moderado de possível crescimento.

A análise é feita a partir do comportamento dos dados nas últimas seis semanas. De acordo com o coordenador do Infogripe e pesquisador da Fiocruz, Marcelo Gomes, pela primeira vez após o início do quadro de queda, Belo Horizonte apresentou sinal de tendência de crescimento no registro de SRAG a longo prazo. 

“Fizemos a atualização semanal do Infogripe e observamos que Belo Horizonte apresentou o início de uma possível reversão na tendência dos novos casos, que vinha mantendo uma queda desde quando a gente observou da doença. Essa queda foi perdendo força, se tornando cada vez mais lenta. Nas últimas três semanas a gente observa um sinal de tendência de crescimento no número de novos casos registrados em residentes da capital”, afirma o pesquisador. 

Marcelo Gomes afirma que essa tendência precisa ser levada em conta pelas autoridades na tomada de decisão e ainda serve para conscientizar a população de que ainda é preciso seguir, rigorosamente, as medidas de prevenção contra a Covid-19.

“É importante justamente para que esse quadro não venha a se manter, seja novamente controlado para que a gente fique em uma situação de estabilização e consiga voltar a uma situação de manutenção da queda de novos casos semanais”, explicou. 

Para o pesquisador, o quadro atual sugere que não é momento de Belo Horizonte adotar novas medidas de flexibilização. De acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado nesta quinta-feira (19), pela prefeitura da capital, a taxa de transmissão (RT) de coronavírus está em 1,10, na faixa amarela, o que significa atenção. Marcelo Gomes explica que o monitoramento da transmissão e o comportamento da população são decisivos para que o aumento de registros de SRAG não ocorra. 

“É o momento de repensar inclusive aquilo que já foi implementado. Essa reavaliação é fundamental, com o monitoramento de perto, com bastante atenção para que esse início de retomada do crescimento não seja algo que se mantenha nas próximas semanas e nos leve, novamente, a uma situação de número crescente e que, obviamente, vai pressionar o nosso sistema de saúde”, pontua Marcelo Gomes. 

Minas Gerais

O Boletim Infogripe aponta que sete das 14 macrorregiões de saúde de Minas Gerais estão com tendência que alta nos registros de SRAG em curto, ou seja, em até três semanas, ou longo prazo, que seria em até seis semanas. De acordo com o coordenador do boletim, Marcelo Gomes, a macrorregião do Vale do Jequitinhona é a mais preocupante. 

“A que mais preocupa é a do Jequitinhonha, mas temos outras ainda com sinal crescente. A maioria dela a tendência de crescimento é no curto prazo, ou seja, é algo que ainda pode facilmente ser revertida, mas que requer atenção. Requer reavaliação tanto das autoridades quanto da população em termos de como nós estamos nos comportado. Porque isso, em geral, é um reflexo da facilitante de transmissão do vírus”, pontua o pesquisador.

A reportagem de O TEMPO procurou e aguarda um posicionamento da Prefeitura de Belo Horizonte sobre o estudo.