O primeiro dia da reabertura de parte do comércio de Belo Horizonte, que estava fechado devido à pandemia da Covid-19, foi marcado por longas filas. Antes mesmo das 11h, quando as portas da maioria dos estabelecimentos foram abertas, já havia aglomeração de clientes do lado de fora. Em algumas vias, principalmente no entorno de shoppings populares, no hipercentro, a movimentação de carros e pedestres foi intensa.  

Alguns desavisados, que não sabiam do novo horário de funcionamento, chegaram às 9h e ficaram por duas horas enfileirados. Apesar disso, dentro as lojas do Centro da metrópole as normas sanitárias eram seguidas à risca.


Controle de entrada, medição de temperatura e disponibilização de álcool em gel para os consumidores estavam entre as medidas adotadas pelos vendedores. Além disso, somente quem utilizava máscara de proteção foi autorizado a entrar.

Volta com segurança

Nesta segunda-feira (25), a prefeitura de BH iniciou a primeira fase da flexibilização, mas orientou que os moradores só saiam de casa para fazer compras em caso de necessidade. A cabeleireira Elza Vieira de Jesus, 52 anos, era uma dessas pessoas.

Na terça-feira (26), ela vai reabrir o salão de beleza, no bairro Havaí, que ficou fechado por mais de dois meses. “Preciso repor o estoque para começar a trabalhar. Com cuidado e segurança, vamos retomar a rotina”, disse a mulher, que estava na fila de uma loja especializada em cosméticos na rua São Paulo, no Centro da cidade.

O vendedor Davi Basílio do Vale, de 55 anos, também justificou a presença em uma fila. Ele comercializa celulares e acessórios em um shopping popular. O homem disse que precisava repor o estoque.

“Hoje, com a reabertura da loja, vim comprar o que acabou”, explicou. Davi enfrentou uma fila de 30 minutos, mas garante que está seguindo todas as normas de segurança para evitar a contaminação por Covid-19. “Uso máscara e álcool em gel, e procuro evitar aglomerações”, disse.


Teste de fogo

Em meio à reabertura do comércio, infectologistas estão receosos com a flexibilização. Apesar da pandemia estar controlada em BH, a situação do Brasil preocupa. No país, os registros da doença estão em ritmo acelerado.

Por isso, o prefeito Alexandre Kalil foi categórico: se houver explosões de notificações, a metrópole voltará a parar.

Cautela

Todos os dias, o Comitê de Combate à Covid-19 irá analisar a situação da cidade para acompanhar o avanço da doença. Se os casos continuarem dentro do esperado pelos médicos que compõem o grupo de estudo, na próxima segunda-feira (1º) mais setores podem ser liberados para funcionar. Porém, há também o risco do município adotar medidas drásticas de isolamento, fechando novamente o comércio.

Membro do comitê e professor da UFMG, o médico infectologista Unaí Tupinambás admite o medo da flexibilização no momento crítico enfrentado pelo país. No entanto, ele lembra que o sistema de saúde de BH está tranquilo, com taxa aceitável de ocupação dos leitos clínicos e de CTI.

"Hoje, temos condições de acolher os casos de forma adequada. Mas vamos monitorar diariamente. Em qualquer sinal de aumento no número de casos, voltamos à estaca zero", pontuou.

Para evitar a regressão na flexibilização, o especialista pede a colaboração da população e dos comerciantes para que seguir todas as normas sanitárias exigidas pelos órgãos de saúde.


Dentre as principais estão evitar aglomerações, utilização de máscaras caseiras, higienização constante das mãos, além de manter uma distância mínima de pelo menos um metro e meio de outra pessoa.