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string(98) "Fila do auxílio emergencial em Ribeirão das Neves tem colchão, cobertor e mais de 24h de espera"
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A primeira a chegar foi Andreia Pimenta, de 39 anos. Munida colchão e cobertor, ela diz veio para o local às 17h30 dessa segunda (28) para tentar resolver problemas no cadastro do auxílio emergencial - ajuda do governo concedida a informais e trabalhadores de baixa renda durante a pandemia de coronavírus. O marido, Deiber Hulik Pereira, de 28 anos, se juntou a ela pouco depois, às 21h. Com problemas renais crônicos, ela tem dimensão do risco que corre ao se expor à aglomeração em pleno surto global, mas diz que não tem escolha. “Eu tenho uma filha, estou desempregada e meu marido também. Então, a necessidade da gente pegar esses R$ 600 é enorme”, diz a moça. É a segunda vez que o casal vem à Caixa em busca do benefício. “Semana passada, chegamos aqui às 21h. Ficamos até as 9h da manhã (do dia seguinte). Saímos sem informação, sem nada. As senhas distribuídas no dia acabam rápido”, relata.
Na multidão que começa na Rua Ari Teixeira da Costa e dobra a esquina da Rua Divino Messias dos Santos, onde segue por mais 500 metros, há inúmeras histórias semelhantes. A da diarista M.M.,que não quis se identificar, envolve outro vírus além do causador da COVID-19. Diagnosticada com HIV, a trabalhadora chegou ao banco às 5h40. Era uma das últimas da fila. Chegou a abordar equipe do Estado de Minas, pensando que os repórteres fossem funcionários da Caixa. Constrangida, explicou sua situação e pediu ajuda para escapar do tumulto.
“O medicamento que eu tomo é muito forte, queria ver se dava para me atender antes do pessoal. Preciso receber o auxílio residencial, mas não tenho como mexer no aplicativo. Meu celular foi roubado e eu não confio em ninguém para resolver isso por mim. Tem como fazer alguma coisa para me ajudar?”, perguntou à reportagem, fazendo menção de retirar da bolsa exames e documentos que comprovam a sua condição, incluindo o boletim de ocorrência do roubo do smartphone.
Maria Efigênia e Alaor Silva, de 73 e 72 anos, respectivamente. Idosos enfrentam maratona de mais de 12h para tentar receber o auxílio emergencial do filho, que tem deficiência intelectual(foto: Leandro Couri/EM D.A. Press)
Frio e apreensão
Para matar o tédio da longa espera, um grupo de homens improvisava uma partida de truco sobre uma caixa de isopor. Aguardavam atrás de quase duas dezenas de pessoas, já na virada do quarteirão. Diziam ter chegado à agência por volta das 20h de ontem. Resignados, demonstravam bom humor. 'Vocês querem entrar (no jogo)? Ajuda a espantar o frio.', brincaram ao ver a reportagem.
Larissa Moreira Franca, de 28 anos, não aparentava estar no mesmo clima. A autônoma temia ficar sem atendimento mais uma vez - ela esteve em outras duas ocasiões na porta da unidade da Caixa. A jovem chegou à fila às 23h40 de segunda. Ela conta que não consegue concluir o cadastro na ajuda emergencial do governo de forma remota, embora tenha feito várias tentativas, por isso recorre ao atendimento presencial do banco. "Da primeira vez, vim de manhã, não consegui. Depois, apareci de madrugada, também não deu certo. Daí, ontem, eu vim para dormir. Espero que eu consiga". Mãe de dois filhos, a moça sobrevive da venda de doces e bolos. Com a crise do coronavírus, viu sua renda ser drasticamente reduzida. "A minha vida parou depois dessa pandemia. Eu preciso desses R$ 600 para inteirar meu aluguel e até mesmo fazer uma compra em casa. Recebemos uma cesta básica, mas as crianças não precisam só de arroz e feijão. Tenho que comprar uma fruta, um iogurte...", narra.
Maria Efigênia Silva, de 73 anos, bem que tentou seguir à risca as orientaçoes da Organização Mundial de Saúde (OMS) aos idosos, de não sair de casa durante a pandemia. Nesta terça (23), foi obrigada a encarar a maratona de 12 horas na porta da Caixa ao lado do marido, Alair Silva, de 72. Sem intimidade com a tecnologia, o casal de aposentados veio à agência tentar receber o auxílio emergencial depositado para o filho, de 41 anos, que tem deficiência intelectual. Alair diz que tentou buscar informações sozinho em outros dias, sem sucesso. ''Tentei poupar minha esposa, mas ela tem que vir de qualquer jeito, porque ela é que responde por ele. A gente precisa transferir o dinheiro da conta do meu filho para a dela. Da primeira vez que vim aqui, cheguei de madrugada, mas as fichas (de atendimento) acabaram logo. Não resolvi nada. Dessa vez, chegamos às 20h de ontem. Vamos ver se conseguimos", relata.
Sem resposta
O Estado de Minas procurou a Caixa Econômica Federal e a Prefeitura de Ribeirão das Neves, questionando sobre possíveis providências e planos dessas instituições para mudar o cenário enfrentado pela população de Ribeirão das Neves que precisa se expor em longas filas para resolver questões relacionadas ao auxílio emergencial e outros serviços sociais, como FGTS e seguro-desemprego. Até às 10h48 desta terça-feira (28), nenhuma das entidades se manifestou.
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Na multidão que começa na Rua Ari Teixeira da Costa e dobra a esquina da Rua Divino Messias dos Santos, onde segue por mais 500 metros, há inúmeras histórias semelhantes. A da diarista M.M.,que não quis se identificar, envolve outro vírus além do causador da COVID-19. Diagnosticada com HIV, a trabalhadora chegou ao banco às 5h40. Era uma das últimas da fila. Chegou a abordar equipe do Estado de Minas, pensando que os repórteres fossem funcionários da Caixa. Constrangida, explicou sua situação e pediu ajuda para escapar do tumulto.
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Maria Efigênia e Alaor Silva, de 73 e 72 anos, respectivamente. Idosos enfrentam maratona de mais de 12h para tentar receber o auxílio emergencial do filho, que tem deficiência intelectual(foto: Leandro Couri/EM D.A. Press)
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Larissa Moreira Franca, de 28 anos, não aparentava estar no mesmo clima. A autônoma temia ficar sem atendimento mais uma vez - ela esteve em outras duas ocasiões na porta da unidade da Caixa. A jovem chegou à fila às 23h40 de segunda. Ela conta que não consegue concluir o cadastro na ajuda emergencial do governo de forma remota, embora tenha feito várias tentativas, por isso recorre ao atendimento presencial do banco. "Da primeira vez, vim de manhã, não consegui. Depois, apareci de madrugada, também não deu certo. Daí, ontem, eu vim para dormir. Espero que eu consiga". Mãe de dois filhos, a moça sobrevive da venda de doces e bolos. Com a crise do coronavírus, viu sua renda ser drasticamente reduzida. "A minha vida parou depois dessa pandemia. Eu preciso desses R$ 600 para inteirar meu aluguel e até mesmo fazer uma compra em casa. Recebemos uma cesta básica, mas as crianças não precisam só de arroz e feijão. Tenho que comprar uma fruta, um iogurte...", narra.
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O Estado de Minas procurou a Caixa Econômica Federal e a Prefeitura de Ribeirão das Neves, questionando sobre possíveis providências e planos dessas instituições para mudar o cenário enfrentado pela população de Ribeirão das Neves que precisa se expor em longas filas para resolver questões relacionadas ao auxílio emergencial e outros serviços sociais, como FGTS e seguro-desemprego. Até às 10h48 desta terça-feira (28), nenhuma das entidades se manifestou.