Em meio à crise hídrica que assola o Brasil há meses, as chuvas que começam a cair reascendem a esperança para dias melhores em praticamente todos os setores produtivos. Um, em específico, pode ser considerado o mais expressivo, pelo acompanhamento simples nas contas cotidianas: o sucroenergético. O etanol, por exemplo, sofreu aumentos consecutivos no preço ofertado aos consumidores e ainda está longe de recuperar o estrago causado pela escassez de água.

Segundo o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, a única possibilidade de ver o valor do etanol baixar nas bombas dos postos é com o aumento exponencial do volume de chuvas nos próximos meses.

“Eu tenho muito receio de fazer expectativa de preço porque não sabemos como será a oferta de petróleo nas próximas semanas e como será a nossa próxima safra. A gente espera que tenha uma primavera mais chuvosa e um verão mais chuvoso. Com isso, vamos reduzir os efeitos do que tivemos com a crise hídrica. Então, a minha perspectiva, hoje, é que a próxima safra também seja mais curta. Mas aí temos que ver como se darão a primavera e o verão.

Uberaba respeita o agronegócio e estão todos aguardando as chuvas. A gente espera que as chuvas sejam regulares. Nós não tivemos chuvas regulares nos últimos anos, mas a gente espera que tenhamos um período mais confortável em termos de chuva nos próximos meses”, avalia Mário Campos.

A falta de água afetou diretamente a produção de todos os derivados da cana-de-açúcar. Em uma relação lógica, é possível entender que a diminuição da moagem da planta interfere diretamente na oferta de produtos pelas empresas. Desta forma, a opção mais rentável é aumentar o preço do fator final para evitar o escoamento completo dos subsídios. Além disso, é acrescido o valor do processo de produção, que acompanhou o aumento de preço de praticamente todo o mercado brasileiro.

Os números, segundo o presidente da Siamig, não são nada bons. De acordo com Mário Campos, foram 80 milhões de toneladas de cana a menos moídas em 2021, em relação ao ano anterior.

“Essa redução de 80 milhões se deve ao clima. Com menos cana, temos menos produtos. Este ano temos menos etanol e menos açúcar, e isso é consequência dessa menor produção de cana”, revela o presidente.

Ainda sobre o preço dos combustíveis, Mário Campos lamenta a diminuição do poder aquisitivo dos cidadãos, mas explica que a situação foge do controle operacional e da rentabilidade das empresas.

“Nós, produtores, gostaríamos de oferecer um produto com preço mais acessível e competitivo para ajudar os brasileiros em um processo inflacionário tão difícil. Mas é uma questão de oferta e demanda. Temos uma safra definida e precisamos ter o produto até o início da próxima safra, em abril de 2022. Por isso, neste momento, o preço nos postos é o que reflete a nossa capacidade de produção e a demanda”, finaliza o representante do setor, em entrevista à Rádio JM.

 

Fonte: JM Online