Após publicarem uma carta em apoio ao Colégio Santo Agostinho, alvo da polêmica de que haveria na instituição uma doutrinação de “ideologia de gênero”, ex-alunos prometem realizar abraços simbólicos nas três unidades do colégio (BH, Nova Lima e Contagem) nesta quinta-feira (29), às 12h30. A ação de apoio está sendo divulgada pelas redes sociais.
A carta e as manifestações vêm expor o repúdio de parcela de pais, alunos e egressos do Colégio Santo Agostinho em relação à ação civil pública proposta pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) sobre o suposto ensino da "ideologia de gênero" a alunos da 3ª à 6ª série do Ensino Fundamental da rede. Na argumentação da ação, a promotoria da Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente afirma que a suposta implementação da “ideologia de gênero” poderia expor “inúmeras crianças a uma doutrina exótica e radical, contrária à própria natureza humana”.
Segundo a advogada Cristiane Mateus, mãe de dois filhos matriculados no Santo Agostinho de Belo Horizonte, várias ações estão sendo realizadas por ex-alunos e pais para demonstrar apoio à escola. Segundo ela, mais de 900 pessoas assinaram a carta de repúdio desenvolvida por egressos do colégio que será entregue à direção da instituição nesta quinta.
"É preciso deixar claro que a ação civil pública foi movida a partir de um grupo bem restrito de pais de alunos e não representa a maioria. As pessoas estão se movimentando para mostrar repúdio a essa ação arbitrária, feita por pessoas que fizeram uma leitura equivocada sobre o que a escola prega. Não podemos ficar calados frente a uma acusação tão injusta", afirma a advogada. "A escola é católica e prega o respeito às diferenças e sobre a solidariedade".
Controversa
A questão é controversa até mesmo dentro do Ministério Público. Como a ação foi proposta pela 23ª Promotoria de Justiça da Capital, com atribuições na Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, a 25ª Promotoria, especializada na Defesa do Direito à Educação, pediu a suspensão da ação alegando que o processo não cabe à área da Criança e do Adolescente e, sim, à Educação. Cabe agora à Procuradoria-Geral de Justiça decidir.
A carta assinada por ex-alunos da unidade Nova Lima repudia a ação e reafirma a importância do ensino sobre tolerância. “Aprendemos que o próximo deve ser respeitado independentemente de sua raça, credo ou orientação sexual. Em uma sociedade cada vez mais complexa e plural, devemos sempre escutar e aprender com o diferente em vez de excluí-lo”, diz um trecho do documento.
O Colégio Santo Agostinho informou, em nota, que a ação judicial movida pelo MP “contém alegações absurdas, desconectadas da realidade e sem correspondência com a verdade”. A escola destaca que está tomando medidas judiciais cabíveis, “seja para nos defender contra as falsas alegações a nós atribuídas, seja para responsabilizar as pessoas e os agentes que estão divulgando essas mentiras”, diz a nota..
Imagem convida para o abraço na unidade localizada na avenida Amazonas
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