RECICLÁVEL

O Governo de Minas aumentou em mais de 2.400% o uso de asfalto borracha em obras rodoviárias nos últimos cinco anos, de acordo com dados da empresa que fornece o material ao Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais (DER-MG). O uso desse mecanismo levou à retirada de 1,6 milhão de pneus do meio ambiente.

O volume utilizado do material, considerado ecologicamente correto, saltou de 1.107 toneladas, em 2020, para 40.115 toneladas em 2024. Ainda segundo as informações da fornecedora, o DER-MG é o órgão público que mais utiliza o asfalto borracha no Brasil, com um resultado acumulado de 80 mil toneladas no período citado.

O diretor-geral do DER-MG, Rodrigo Tavares, explica que o asfalto de borracha leva em sua composição 15% de pó de borracha de pneus descartados. Quando adicionado ao concreto asfáltico de petróleo (CAP) e, aquecido em reatores específicos, gera uma mistura que dá origem ao produto final, de alto desempenho capaz de apresentar mais viscosidade, e ponto de amolecimento.

Por isso, sua durabilidade é cerca de cinco vezes maior, o que justifica sua utilização em rodovias com alto fluxo. "Possui maior elasticidade, logo, o pavimento deforma menos, e as trilhas causadas por veículos de carga são menores, além da própria cor e composição química. O asfalto comum absorve mais calor, enquanto o de borracha possui mais resistência a variações de temperatura, além de ocorrer menor volume de trincas", descreve.

Ainda segundo ele, o que faz o material ser considerado ecológico é o fato de utilizar o pneu na composição, promovendo o reaproveitamento de resíduos. "Além disso, ele deixa de gerar um passivo ambiental, por reduzir a emissão de carbono - o que corresponde a mais 40 mil árvores que deixariam de ser cortadas - e evitar que esses pneus, com o acúmulo de água, virem criadouros de insetos (dengue)", afirma Tavares. 

Legislação

O aumento de 2.400% no uso do material está em consonância com a Lei Estadual nº 18.719/2010, que diz respeito à utilização preferencial de massa asfáltica produzida com borracha de pneumáticos inservíveis, na construção ou recuperação de vias públicas. 

"O custo-benefício do asfalto borracha já está comprovado pela durabilidade maior das obras, devido ao menor desgaste do pavimento. O material garante maior vida útil do pavimento em relação ao asfalto convencional, e isso reduz, por exemplo, a necessidade de reparos na pista", aponta Rodrigo.

Trechos já alterados

O Governo de Minas já recupera mais de 3,5 mil quilômetros de estradas, e dentre as que utilizam asfalto borracha estão a rodovia MGC-496, que liga Corinto a Pirapora, no Norte do estado, e na MG-164, entre Bom Despacho e Martinho Campos, na Região Central de Minas Gerais.

As obras de implantação e pavimentação também são contempladas com a utilização da técnica, como no trecho da LMG-739, que liga Congonhas do Norte, Ouro Fino e Conceição do Mato Dentro. Para 2025, o DER-MG prevê, inicialmente, recuperar mais de 400 quilômetros da malha estadual com o uso do asfalto borracha.


 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata