Faltam ainda cerca de dois meses e meio para o fim da temporada de chuvas e três regionais de Belo Horizonte já registraram recorde na média histórica de precipitação para o mês de janeiro. A cada nova tempestade, é praticamente certo de que ocorrerá alguma inundação e o que a história mostra é que a relação desastrosa da capital mineira com a chuva já dura pelo menos 97 anos.

A primeira enchente que se tem notícia em BH aconteceu em 1923. Na ocasião, segundo um artigo da Revista Brasileira de Climatologia, a inundação foi causada por uma cheia na Bacia do Ribeirão Arrudas, um dos cursos de água que nasce em Contagem e corta a cidade de Belo Horizonte para desaguar no Rio das Velhas, em Sabará. Após isso, de acordo com matéria do jornal Estado de Minas, entre os anos de 1928 a 2012 a capital mineira registrou mais de 200 inundações

De lá para cá, todos os anos que se seguiram foram marcados por enchentes no período de chuvas que causaram tragédias e acidentes como deslizamentos, arrastamento de carros e mortes. Independentemente de quantas obras se faça e quantos milhões ou bilhões tenham sido investidos ao longo dos anos, a impressão que fica é que o problema das enchentes nunca chega nem perto de ser solucionado e, à medida que a cidade cresce, a questão apenas fica mais difícil.

Desde a construção da capital, o modelo adotado na sua concepção canalizou córregos e cursos d’água ao invés de construir avenidas sanitárias, dando início a um processo de urbanização que contribuiu para que Belo Horizonte ficasse mais vulnerável aos alagamentos. Hoje, com cerca de 700 km de rede hidrográfica, dos quais 400 km estão inseridos na malha urbana, a cidade possui mais de 90 áreas sujeitas à inundação, das quais a maioria está concentrada nas regionais de Venda Nova, Pampulha e Barreiro.

Especialistas afirmam que o problema de Belo Horizonte com as inundações não tem solução a curto prazo. Acabar com as enchentes envolveria projetos de médio a longo prazo, gastos milionários e até desocupação de determinadas áreas da capital. Enquanto esses projetos não são feitos, o melhor a se fazer é investir na criação de áreas verdes, aumentando a permeabilidade dos solos, e evitar que o lixo obstrua os canais de escoamento da água.