Empresários que atuam nas Centrais de Abastecimento (Ceasa) de Contagem, Barbacena, Varginha e São Paulo são investigados por sonegar R$ 200 milhões em ICMS aos cofres públicos de Minas Gerais.


Com parte do montante, um dos suspeitos teria construído uma mansão de alto luxo em uma área nobre de Nova Lima, na Grande BH. O casarão foi um dos alvos de busca e apreensão da Operação Demerara, deflagrada nesta quinta-feira (12). Uma arma de fogo foi apreendida no local.

 
A força-tarefa é comandada pelo Ministério Público Estadual e Polícia Civil, e conta com a participação também de promotores de Justiça e auditores-fiscais da Receita Federal. Conforme as investigações, os empresários compravam notas fiscais frias no mercado negro e as utilizavam para diminuir o valor mensal do imposto.

Para desmantelar o grupo criminoso, a Justiça expediu seis mandados de prisão e 12 de busca e apreensão, que estão sendo cumpridos nesta manhã em Belo Horizonte, Contagem, Nova Lima, Barbacena e Varginha, além de Araruama, no Rio de Janeiro.

Conforme o MPE, os suspeitos são investigados de crimes contra a ordem tributária, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Os delitos teriam sido cometidos entre 2001 e 2017. "Nesse período, o grupo empresarial, composto por mais de 10 empresas, teria sonegado cerca de R$ 200 milhões em ICMS devidos ao Estado de Minas Gerais", informou o órgão, em nota.

Alto padrão

As investigações revelam que todos os suspeitos são pessoas ricas, bem instruídas e devidamente orientadas por especialistas. "Os investigados, desde a década de 1990, teriam constituído um grande grupo econômico composto por empresas do ramo de distribuição de alimentos, principalmente de açúcar". Por isso a operação foi batizada de "Demerara".

O grupo seria chefiado por dois irmãos, que se utilizariam de laranjas para criar empresas atacadistas, blindando seu patrimônio pessoal. "Há suspeita de que empregados eram coagidos a emprestar seus nomes para a constituição das empresas", destacou o MPE.


Além disso, segundo apontou as investigações, um dos sócios usou cerca de R$ 30 milhões de parte dos recursos obtidos com a sonegação fiscal para construir uma mansão em Nova Lima

A Ceasa foi procurada pelo Hoje em Dia para comentar sobre a operação, mas até o momento não se posicionou. Participam da ação quatro promotores de Justiça, 40 auditores-fiscais da Receita Estadual, seis delegados e 52 investigadores da Polícia Civil.