array(31) {
["id"]=>
int(171325)
["title"]=>
string(76) "Duas regiões de Minas enfrentam poder de facção e descontrole das gangues"
["content"]=>
string(14642) "RADIOGRAFIA DO CRIME
O crime organizado tem acumulado poder para decidir quem deve morrer e quando se rouba na Zona da Mata mineira, influenciando diretamente a criminalidade em alguns dos principais municípios da região. O indicativo de fontes policiais, da ativa e inativas, mostra que sobretudo em Juiz de Fora essa influência é exercida, enquanto estatísticas comprovam que a violência atinge índices exorbitantes em outras cidades. Já no Vale do Rio Doce, a pulverização das gangues sem um controle unificado também faz com que as mortes por homicídios estejam entre os maiores índices do estado. Características que reportagem do "Estado de Minas" mostra, em mapeamento com auxílio de especialistas da área.
A forte atuação nos municípios da Zona da Mata mineira de uma facção criminosa com origem no sistema carcerário do Rio de Janeiro e atuação nos morros cariocas se reflete em crimes violentos e em domínio de áreas para distribuir entorpecentes e armas. Segundo fontes policiais, entre os planos da organização para exercer seu domínio está a determinação de que não se mate ou roube em Juiz de Fora, cidade polo da região, sem a anuência da quadrilha. Uma forma de manter a atuação policial em nível abaixo do que poderia atrapalhar as operações, que como efeito colateral faz com que acertos de contas e homicídios explodam em outros municípios, como Ubá, Viçosa e Muriaé.
Os homicídios compõem 11,2% dos registros de crimes violentos nas cidades com mais de 50 mil habitantes da Zona da Mata – atingindo picos de 24,6% em Ponte Nova, 20,8% em Viçosa e 20,8% em Manhuaçu –, contra taxa de 6,8% na soma dos municípios de mais de 50 mil habitantes do estado. Entre os piores índices, Viçosa, cidade com 76.430 habitantes, mantém taxa de vítimas de homicídios de 34 mortes por grupo de 100 mil pessoas, a terceira pior do estado, atrás apenas de Esmeraldas e de Governador Valadares. Manhuaçu é o quarto pior por esse quesito, e Ubá, o nono.
Em termos absolutos, os 26 homicídios ocorridos em 2024 posicionam Viçosa em 18º lugar entre as 72 cidades mineiras com mais de 50 mil habitantes, ainda assim mais mortal do que 19 dos 34 municípios de mais de 100 mil habitantes de Minas. Em Ubá a taxa geral de crimes violentos por 100 mil é de 273,7, o que posiciona a cidade como o terceiro pior município mineiro. As outras cidades listadas na região foram Cataguases, Juiz de Fora, Leopoldina, Manhuaçu, Muriaé e Ponte Nova.
Especialista em inteligência de Estado e segurança pública, o coronel Carlos Júnior entrou em contato com comandantes e chefes de polícia da ativa e inativos em busca de informações para uma avaliação dos crimes violentos da Zona da Mata mineira. “A paz relativa em Juiz de Fora parece ter o custo de mortes e violência em outros grandes centros da Zona da Mata. As forças de segurança pública sabem disso. Juiz de Fora tem poucos homicídios e roubos, mas não é só porque a polícia está trabalhando muito. É porque há uma orientação da facção que controla o crime de não assaltar, de não matar sem ordem expressa”, afirma o especialista. “Enquanto isso, cidades como Ubá estão perto da perda de controle. Um absurdo. Muriaé, Ponte Nova e Viçosa também estão sendo sacrificadas por essa paz, segundo as informações das forças de segurança”, completa.
Criminalidade desproporcional
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) afirma que usa números absolutos para avaliar as ocorrências em municípios com população variando entre 50 mil e 100 mil habitantes. Esse critério abrangeria, dentro do levantamento feito pelo EM, as cidades de Leopoldina (51 mil moradores), Ponte Nova (57 mil), Cataguases (66 mil), Viçosa (76 mil) e Manhuaçu (91 mil). Em relação aos crimes violentos em geral, Viçosa (120 ocorrências) e Manhuaçu (125) superam Muriaé (104), de 104 mil habitantes. Com 29 homicídios em 2024, Manhuaçu tem o mesmo número de Ubá (103 mil habitantes) e teve menos vítimas apenas do que as 35 mortes de Juiz de Fora (540 mil), na região. Viçosa vem em seguida, com 26 óbitos.
Quando analisados em conjunto, os oito municípios da Zona da Mata mineira apresentam taxa de vítimas de homicídios de 13,8 por grupo de 100 mil habitantes, praticamente no mesmo nível do índice estadual (13,4/100 mil), e uma taxa de crimes violentos de 116,5/100 mil, nesse caso abaixo do patamar mineiro (157,3/100 mil).
Na região, os bairros onde mais pessoas morreram foram o Baixada (Manhuaçu), concentrando 3,82% das vítimas, Nova Viçosa (Viçosa), com 3,05%, Bom Jesus (Viçosa), com 3,05%, Cidade Nova (Ponte Nova), com 3,05%, e Marumbi (Juiz de Fora), com 2,29%. Os locais onde mais se matou foram as vias de acesso públicos (57,46%), casas (20,15%), bares, lanchonetes e restaurantes (4,48%), com base em dados da Sejusp.
As mortes ocorreram com o emprego de armas de fogo (67,33%), armas brancas (12,67%), enforcamentos (6%), agressões físicas sem emprego de instrumentos (2,67%), veículos (1,33%) e quedas (0,67%). Entre os motivos que se pôde apurar inicialmente para os crimes, os principais foram brigas e atritos (26,36%), envolvimento com drogas (24,55%), ação de gangues ou facções criminosas (14,55%), vingança (10%), e razões passionais (3,64%).
Vítimas e assassinos não tinham relacionamento na maioria dos casos em que essa relação pôde ser apurada preliminarmente (45,05%), mas eram amigos ou conhecidos em 15,38% das ocorrências, parentes distantes (6,59%) e cônjuges ou companheiros (4,4%).
Roubos lideram entre ocorrências
Os crimes violentos, conforme definição da Sejusp, abrangem extorsão mediante sequestro, e as modalidades tentada e consumada de estupro, estupro de vulnerável, extorsão, homicídio (considerando apenas as ocorrências e não o número de mortos), roubo, sequestro e cárcere privado. Dentro desse universo, os roubos representam 64,1% do total de crimes violentos nos 72 municípios mineiros com população superior a 50 mil habitantes, sendo a principal infração que pesa sobre o índice de violência.
Nos oito maiores municípios da Zona da Mata mineira, o roubo segue a tendência estadual como crime mais praticado, respondendo por 42,8% das ocorrências. A lista decrescente prossegue com tentativas de assassinato (16,7%), homicídios (11,3%), estupros de vulnerável (9%) e tentativa de roubo (6,4%). Crimes cometidos em sua maioria com uso de armas de fogo (54,32%), mas também com armas brancas (10,34%), agressões físicas sem emprego de instrumentos (8,30%), ameaça (6,25%), grave ameaça (1,82%) e sem uso de violência ou ameaça (1,25%).
Criminosos agiram mais vezes em vias de acesso públicas (49,8%), casas (13,7%) e bares, lanchonetes e restaurantes (2,4%). Os bairros com maior incidência de crimes violentos em geral na região foram o Centro de Juiz de Fora (4,06%), o Centro de Muriaé (2,24%), o Centro de Viçosa (2,24%), o Centro de Ubá (1,6%) e o Benfica, também em Juiz de Fora (1,5%).
A resposta às ações do crime
A Sejusp afirma que as forças estaduais de segurança acompanham diariamente os índices de criminalidade dos 853 municípios mineiros, “em busca de estratégias integradas que possam reduzir os impactos da ação criminosa em todo o estado, por meio de ações preventivas, repressivas e ostensivas voltadas para a coibição de homicídios e demais crimes violentos”. Segundo a secretaria, destaca-se a atuação do método Igesp (Integração da Gestão em Segurança Pública), que tem como foco o combate a crimes contra o patrimônio. Análises das estatísticas criminais feitas pelo Observatório de Segurança Pública, identificam as áreas com índices de criminalidade mais altos, conhecidas como “zonas quentes”.
O que move o crime? Raio-x revela a violência urbana por trás dos números
Sobre o combate aos crimes contra a pessoa, sobretudo os assassinatos, a pasta destaca o trabalho repressivo e preventivo realizado pela Polícia Militar, com as Patrulhas de Prevenção a Homicídios e a Gestão de Desempenho Operacional (GDO). “Elas são iniciativas voltadas para o mapeamento de locais de ação de infratores, que têm tendência para o acontecimento de crimes, com o objetivo de promover uma repressão qualificada dos atos criminosos”, informa a Sejusp.
A secretaria acrescenta que a Polícia Civil de Minas Gerais é responsável pela investigação dos crimes, integrando as forças de segurança, o Ministério Público e o Poder Judiciário. “A criação da Agência Central de Inteligência (ACI) da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública é outra importante iniciativa que veio potencializar e agilizar o compartilhamento de informações para ampliar o cerco ao crime”, afirma a Sejusp. A ACI coordena a inteligência dos órgãos públicos e é a responsável pelo mapeamento de organizações criminosas.
A Sejusp avalia que, para fins de comparação, os municípios devem guardar entre si correlação econômica, social, ambiental, além de ser observada a Região Integrada de Segurança Pública (Risp) à qual cada um pertence. “As Risps são estruturadas com base nos indicadores de criminalidade historicamente acompanhados pela Sejusp, com objetivo de promover um amplo e irrestrito combate à criminalidade no estado, de forma regionalizada.”
A pasta destaca ainda que se deve considerar ainda o grau de participação das gestões municipais nas ações de segurança pública, em iniciativas como a criação de guardas civis municipais que atuam também no combate à desordem urbana e demais fatores que têm impacto sobre a criminalidade local.
A origem
Os índices da reportagem foram gerados a partir de levantamento com recortes regionais, feito pela equipe do Estado de Minas com consultoria de analistas de segurança pública. Foram usados dados de 2024 da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) sobre crimes, correlacionados com a demografia dos 72 municípios mineiros com mais de 50 mil habitantes, conforme o Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"
["author"]=>
string(27) "Mateus Parreiras /em.com.br"
["user"]=>
NULL
["image"]=>
array(6) {
["id"]=>
int(627861)
["filename"]=>
string(13) "bhgangues.jpg"
["size"]=>
string(6) "117398"
["mime_type"]=>
string(10) "image/jpeg"
["anchor"]=>
NULL
["path"]=>
string(0) ""
}
["image_caption"]=>
string(143) "Juiz de Fora tem violência dominada por facção nacional, dizem fontes da segurança /crédito: Leonardo Costa/Tribuna de Minas – 19/6/2012"
["categories_posts"]=>
NULL
["tags_posts"]=>
array(0) {
}
["active"]=>
bool(true)
["description"]=>
string(199) "Na Zona da Mata mineira, facção criminosa nacional dita regras da violência, dizem fontes do setor; no Vale do Rio Doce, ação de grupos pulverizados predomina
"
["author_slug"]=>
string(26) "mateus-parreiras-em-com-br"
["views"]=>
int(52)
["images"]=>
NULL
["alternative_title"]=>
string(0) ""
["featured"]=>
bool(false)
["position"]=>
int(0)
["featured_position"]=>
int(0)
["users"]=>
NULL
["groups"]=>
NULL
["author_image"]=>
NULL
["thumbnail"]=>
NULL
["slug"]=>
string(73) "duas-regioes-de-minas-enfrentam-poder-de-faccao-e-descontrole-das-gangues"
["categories"]=>
array(1) {
[0]=>
array(9) {
["id"]=>
int(435)
["name"]=>
string(5) "Minas"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(7) "#a80000"
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(5) "minas"
}
}
["category"]=>
array(9) {
["id"]=>
int(435)
["name"]=>
string(5) "Minas"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(7) "#a80000"
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(5) "minas"
}
["tags"]=>
NULL
["created_at"]=>
object(DateTime)#539 (3) {
["date"]=>
string(26) "2025-06-21 12:26:16.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["updated_at"]=>
object(DateTime)#546 (3) {
["date"]=>
string(26) "2025-06-21 12:26:16.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["published_at"]=>
string(25) "2025-06-21T11:40:00-03:00"
["group_permissions"]=>
array(4) {
[0]=>
int(1)
[1]=>
int(4)
[2]=>
int(2)
[3]=>
int(3)
}
["image_path"]=>
string(14) "/bhgangues.jpg"
}
RADIOGRAFIA DO CRIME
O crime organizado tem acumulado poder para decidir quem deve morrer e quando se rouba na Zona da Mata mineira, influenciando diretamente a criminalidade em alguns dos principais municípios da região. O indicativo de fontes policiais, da ativa e inativas, mostra que sobretudo em Juiz de Fora essa influência é exercida, enquanto estatísticas comprovam que a violência atinge índices exorbitantes em outras cidades. Já no Vale do Rio Doce, a pulverização das gangues sem um controle unificado também faz com que as mortes por homicídios estejam entre os maiores índices do estado. Características que reportagem do "Estado de Minas" mostra, em mapeamento com auxílio de especialistas da área.
A forte atuação nos municípios da Zona da Mata mineira de uma facção criminosa com origem no sistema carcerário do Rio de Janeiro e atuação nos morros cariocas se reflete em crimes violentos e em domínio de áreas para distribuir entorpecentes e armas. Segundo fontes policiais, entre os planos da organização para exercer seu domínio está a determinação de que não se mate ou roube em Juiz de Fora, cidade polo da região, sem a anuência da quadrilha. Uma forma de manter a atuação policial em nível abaixo do que poderia atrapalhar as operações, que como efeito colateral faz com que acertos de contas e homicídios explodam em outros municípios, como Ubá, Viçosa e Muriaé.
Os homicídios compõem 11,2% dos registros de crimes violentos nas cidades com mais de 50 mil habitantes da Zona da Mata – atingindo picos de 24,6% em Ponte Nova, 20,8% em Viçosa e 20,8% em Manhuaçu –, contra taxa de 6,8% na soma dos municípios de mais de 50 mil habitantes do estado. Entre os piores índices, Viçosa, cidade com 76.430 habitantes, mantém taxa de vítimas de homicídios de 34 mortes por grupo de 100 mil pessoas, a terceira pior do estado, atrás apenas de Esmeraldas e de Governador Valadares. Manhuaçu é o quarto pior por esse quesito, e Ubá, o nono.
Em termos absolutos, os 26 homicídios ocorridos em 2024 posicionam Viçosa em 18º lugar entre as 72 cidades mineiras com mais de 50 mil habitantes, ainda assim mais mortal do que 19 dos 34 municípios de mais de 100 mil habitantes de Minas. Em Ubá a taxa geral de crimes violentos por 100 mil é de 273,7, o que posiciona a cidade como o terceiro pior município mineiro. As outras cidades listadas na região foram Cataguases, Juiz de Fora, Leopoldina, Manhuaçu, Muriaé e Ponte Nova.
Especialista em inteligência de Estado e segurança pública, o coronel Carlos Júnior entrou em contato com comandantes e chefes de polícia da ativa e inativos em busca de informações para uma avaliação dos crimes violentos da Zona da Mata mineira. “A paz relativa em Juiz de Fora parece ter o custo de mortes e violência em outros grandes centros da Zona da Mata. As forças de segurança pública sabem disso. Juiz de Fora tem poucos homicídios e roubos, mas não é só porque a polícia está trabalhando muito. É porque há uma orientação da facção que controla o crime de não assaltar, de não matar sem ordem expressa”, afirma o especialista. “Enquanto isso, cidades como Ubá estão perto da perda de controle. Um absurdo. Muriaé, Ponte Nova e Viçosa também estão sendo sacrificadas por essa paz, segundo as informações das forças de segurança”, completa.
Criminalidade desproporcional
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) afirma que usa números absolutos para avaliar as ocorrências em municípios com população variando entre 50 mil e 100 mil habitantes. Esse critério abrangeria, dentro do levantamento feito pelo EM, as cidades de Leopoldina (51 mil moradores), Ponte Nova (57 mil), Cataguases (66 mil), Viçosa (76 mil) e Manhuaçu (91 mil). Em relação aos crimes violentos em geral, Viçosa (120 ocorrências) e Manhuaçu (125) superam Muriaé (104), de 104 mil habitantes. Com 29 homicídios em 2024, Manhuaçu tem o mesmo número de Ubá (103 mil habitantes) e teve menos vítimas apenas do que as 35 mortes de Juiz de Fora (540 mil), na região. Viçosa vem em seguida, com 26 óbitos.
Quando analisados em conjunto, os oito municípios da Zona da Mata mineira apresentam taxa de vítimas de homicídios de 13,8 por grupo de 100 mil habitantes, praticamente no mesmo nível do índice estadual (13,4/100 mil), e uma taxa de crimes violentos de 116,5/100 mil, nesse caso abaixo do patamar mineiro (157,3/100 mil).
Na região, os bairros onde mais pessoas morreram foram o Baixada (Manhuaçu), concentrando 3,82% das vítimas, Nova Viçosa (Viçosa), com 3,05%, Bom Jesus (Viçosa), com 3,05%, Cidade Nova (Ponte Nova), com 3,05%, e Marumbi (Juiz de Fora), com 2,29%. Os locais onde mais se matou foram as vias de acesso públicos (57,46%), casas (20,15%), bares, lanchonetes e restaurantes (4,48%), com base em dados da Sejusp.
As mortes ocorreram com o emprego de armas de fogo (67,33%), armas brancas (12,67%), enforcamentos (6%), agressões físicas sem emprego de instrumentos (2,67%), veículos (1,33%) e quedas (0,67%). Entre os motivos que se pôde apurar inicialmente para os crimes, os principais foram brigas e atritos (26,36%), envolvimento com drogas (24,55%), ação de gangues ou facções criminosas (14,55%), vingança (10%), e razões passionais (3,64%).
Vítimas e assassinos não tinham relacionamento na maioria dos casos em que essa relação pôde ser apurada preliminarmente (45,05%), mas eram amigos ou conhecidos em 15,38% das ocorrências, parentes distantes (6,59%) e cônjuges ou companheiros (4,4%).
Roubos lideram entre ocorrências
Os crimes violentos, conforme definição da Sejusp, abrangem extorsão mediante sequestro, e as modalidades tentada e consumada de estupro, estupro de vulnerável, extorsão, homicídio (considerando apenas as ocorrências e não o número de mortos), roubo, sequestro e cárcere privado. Dentro desse universo, os roubos representam 64,1% do total de crimes violentos nos 72 municípios mineiros com população superior a 50 mil habitantes, sendo a principal infração que pesa sobre o índice de violência.
Nos oito maiores municípios da Zona da Mata mineira, o roubo segue a tendência estadual como crime mais praticado, respondendo por 42,8% das ocorrências. A lista decrescente prossegue com tentativas de assassinato (16,7%), homicídios (11,3%), estupros de vulnerável (9%) e tentativa de roubo (6,4%). Crimes cometidos em sua maioria com uso de armas de fogo (54,32%), mas também com armas brancas (10,34%), agressões físicas sem emprego de instrumentos (8,30%), ameaça (6,25%), grave ameaça (1,82%) e sem uso de violência ou ameaça (1,25%).
Criminosos agiram mais vezes em vias de acesso públicas (49,8%), casas (13,7%) e bares, lanchonetes e restaurantes (2,4%). Os bairros com maior incidência de crimes violentos em geral na região foram o Centro de Juiz de Fora (4,06%), o Centro de Muriaé (2,24%), o Centro de Viçosa (2,24%), o Centro de Ubá (1,6%) e o Benfica, também em Juiz de Fora (1,5%).
A resposta às ações do crime
A Sejusp afirma que as forças estaduais de segurança acompanham diariamente os índices de criminalidade dos 853 municípios mineiros, “em busca de estratégias integradas que possam reduzir os impactos da ação criminosa em todo o estado, por meio de ações preventivas, repressivas e ostensivas voltadas para a coibição de homicídios e demais crimes violentos”. Segundo a secretaria, destaca-se a atuação do método Igesp (Integração da Gestão em Segurança Pública), que tem como foco o combate a crimes contra o patrimônio. Análises das estatísticas criminais feitas pelo Observatório de Segurança Pública, identificam as áreas com índices de criminalidade mais altos, conhecidas como “zonas quentes”.
O que move o crime? Raio-x revela a violência urbana por trás dos números
Sobre o combate aos crimes contra a pessoa, sobretudo os assassinatos, a pasta destaca o trabalho repressivo e preventivo realizado pela Polícia Militar, com as Patrulhas de Prevenção a Homicídios e a Gestão de Desempenho Operacional (GDO). “Elas são iniciativas voltadas para o mapeamento de locais de ação de infratores, que têm tendência para o acontecimento de crimes, com o objetivo de promover uma repressão qualificada dos atos criminosos”, informa a Sejusp.
A secretaria acrescenta que a Polícia Civil de Minas Gerais é responsável pela investigação dos crimes, integrando as forças de segurança, o Ministério Público e o Poder Judiciário. “A criação da Agência Central de Inteligência (ACI) da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública é outra importante iniciativa que veio potencializar e agilizar o compartilhamento de informações para ampliar o cerco ao crime”, afirma a Sejusp. A ACI coordena a inteligência dos órgãos públicos e é a responsável pelo mapeamento de organizações criminosas.
A Sejusp avalia que, para fins de comparação, os municípios devem guardar entre si correlação econômica, social, ambiental, além de ser observada a Região Integrada de Segurança Pública (Risp) à qual cada um pertence. “As Risps são estruturadas com base nos indicadores de criminalidade historicamente acompanhados pela Sejusp, com objetivo de promover um amplo e irrestrito combate à criminalidade no estado, de forma regionalizada.”
A pasta destaca ainda que se deve considerar ainda o grau de participação das gestões municipais nas ações de segurança pública, em iniciativas como a criação de guardas civis municipais que atuam também no combate à desordem urbana e demais fatores que têm impacto sobre a criminalidade local.
A origem
Os índices da reportagem foram gerados a partir de levantamento com recortes regionais, feito pela equipe do Estado de Minas com consultoria de analistas de segurança pública. Foram usados dados de 2024 da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) sobre crimes, correlacionados com a demografia dos 72 municípios mineiros com mais de 50 mil habitantes, conforme o Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).