EMERGÊNCIA NA SAÚDE

Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, vai decretar estado de emergência na saúde pública devido ao aumento dos casos de doenças respiratórias e à sobrecarga nas unidades de atendimento do município. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (12/5) pelo prefeito Gleidson Azevedo (Novo) por meio de vídeo publicado nas redes sociais.

A decisão ocorre um dia após dois bebês com bronquiolite, internados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto, serem transferidos por via aérea para Centros de Terapia Intensiva (CTIs) em outras regiões do Estado. Um foi levado para Timóteo e o outro para Governador Valadares, com apoio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e do Suporte Aéreo Avançado de Vida (SAAV/MG).

Os bebês, com 2 e 4 meses de idade, estavam entre os 11 pacientes pediátricos que aguardavam vaga para transferência na sexta-feira (9/5), data em que a pediatria da UPA registrou taxa de ocupação superior a 200%.

Uma terceira criança, que seria levada para Uberaba, acabou sendo transferida para o CTI do Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD) - onde já estava internada - não sendo necessário o deslocamento.

Conforme o prefeito, o decreto de emergência permitirá a liberação de recursos por parte do Governo de Minas, com expectativa de abertura de novos leitos no CSSJD. O secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, teria informado ao prefeito que o repasse será realizado.

Uma visita técnica de Baccheretti às obras do hospital regional de Divinópolis estava agendada para esta segunda-feira (12/5), mas foi cancelada ainda no domingo, sem justificativa divulgada.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), Divinópolis registrou 177 internações por doenças respiratórias até o último dia 5. A situação local reflete o cenário de outros municípios mineiros. Cidades como Belo Horizonte, Betim, Contagem, Ribeirão das Neves, Sete Lagoas, Mariana, Santa Luzia, Pedro Leopoldo e Conselheiro Lafaiete, além de Uberlândia, Ipatinga, Unaí e Diamantina, também já decretaram emergência sanitária.

Como resposta, o Governo de Minas anunciou, na sexta-feira (9/5), a abertura de 50 novos leitos em Belo Horizonte. Além disso, antecipou o repasse de R$ 8 milhões para os 13 municípios que oficializaram a emergência. Os recursos são exclusivos para ações de enfrentamento das síndromes respiratórias.

Aumento de quase 100% nos atendimentos

Nesta segunda-feira (12/5), a UPA Padre Roberto seguia com cinco crianças aguardando transferência para internação: três com doenças respiratórias, uma com dengue e uma com indicação cirúrgica. A Secretaria Municipal de Saúde informou que a regulação de leitos e as transferências hospitalares são de responsabilidade da SES-MG, conforme a Deliberação CIB-SUS/MG nº 3.941, de 2022.

Entre janeiro e abril de 2024, os atendimentos por Síndrome Respiratória na UPA aumentaram 98%, enquanto os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) cresceram 91%. Nas unidades de Atenção Primária, o crescimento foi de 86%.

A SES-MG reforça que a vacinação contra a gripe é uma das principais estratégias de contenção. Desde o fim de abril, a vacina contra a influenza está liberada para toda a população com mais de seis meses de idade.

Até quarta-feira (7/5), foram aplicadas 1.659.685 doses em Minas, para uma população-alvo de 5.673.527 pessoas. Entre crianças, gestantes e idosos, a cobertura é de apenas 18,83%, distante da meta de 90% estipulada pelo Ministério da Saúde.