Referência para 53 municípios, a taxa de ocupação hospitalar de leitos COVID-19 em Divinópolis, polo do Centro-Oeste de Minas Gerais, atingiu 81% esta semana e a Vigilância de Saúde não descarta o recuro da cidade para a onda roxa.
 


O aumento é observado desde 1º de maio, quando estava em 63,48%. No dia seguinte, o índice subiu para 65,53% e, no último domingo, passou para 77%.
 
 
Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) onde funciona o hospital de campanha, 90% dos leitos de enfermaria destinados exclusivamente para COVID-19 estavam ocupados no início desta semana.

Já no Centro de Terapia Intensiva (CTI), a taxa de ocupação era de 70%.

A diretora de Vigilância de Saúde, Erika Camargos, atribui ao relaxamento das normas sanitárias a responsabilidade pelo aumento das internações. O reflexo desse afrouxamento estaria ligado, principalmente, ao avanço do município para a onda vermelha após quase 40 dias na fase mais restritiva do Minas Consciente.

“Apesar de ter todo esse agravo, teve, sim, um relaxamento por parte da população em relação ao distanciamento, ao uso de máscara e, juntamente com isso, nós tivemos hospitais particulares que desabilitaram leitos COVID”, explicou.

A rede privada desabilitou cinco leitos de CTI exclusivos para a doença, passando para 56. O Sistema Único de Saúde (SUS) conta com 60. Na enfermaria são 100 e 70, respectivamente.

Recuo para onda roxa não é descartado em Divinópolis

Com as internações aumentando gradativamente, Erika não descarta um possível recuou para a onda roxa. “Infelizmente, isso pode acontecer. A onda roxa não depende de uma pontuação. Ela depende da situação. Se vivenciarmos uma situação de falta de desassistência, em qualquer momento a cidade pode voltar sim”, alertou.

Mesmo com casos de surtos em estabelecimentos comerciais, a diretora explica que o funcionamento do comércio está ligado às diretrizes do Minas Consciente. Quando há registros, a Vigilância faz o acompanhamento próximo para controlar a contaminação.


Pacientes mais jovens

Se antes a ocupação era predominada por pessoas acima de 60 anos, o cenário se inverteu. “Percebemos esse recuo da internação dos idosos e aumento dos jovens, que pode se dar também por uma nova cepa de vírus circulante. Ele é mais agressivo e leva ao aumento de internações”, explicou. Hoje, a faixa etária de 20 e 40 anos se destaca.
 
 
Outra mudança que chama a atenção é o local de contaminação. “Estávamos vivenciando muitos surtos em locais de trabalho. O que isso nos mostra? Que dentro dos locais de trabalho as pessoas não estão tendo cuidado com distanciamento, fazendo o uso correto da máscara, não estão utilizando o álcool gel”, relatou. 

É considerado surto quando há duas ou mais confirmações da doença no mesmo período e local. Quando há registros como este, a Vigilância Sanitária e a Epidemiológica fazem o acompanhamento.

“Olhamos quais são os casos notificados, se as pessoas estão afastadas, se os contatos delas estão afastados e olhamos a questão da desinfecção daquele local”, explicou. 

Dependendo da quantidade de pessoas contaminadas, há a interdição do local até que se comprove o cumprimento de todas as medidas.


Pior mês

O relatório da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) aponta março como o pior mês desde o início da pandemia, quando Divinópolis atingiu 108% de ocupação dos leitos.
 
 
A cidade tem 11.945 casos confirmados e 363 pessoas perderam a vida em decorrência da doença.

*Amanda Quintiliano especial para o EM