A crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus atingiu em cheio as empregadas domésticas e as diaristas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram perdidos aproximadamente 1,7 milhão de empregos entre trabalhadores formais, informais e diaristas até o fim do terceiro trimestre deste ano. O impacto é equivalente a 26,51% do total dos postos de trabalho do setor. Somente em Minas Gerais, foram quase 150 mil demissões. O montante representa 19,76% do mercado total de trabalho do setor no Estado. 

Para evitar novas demissões, o Instituto Doméstica Legal luta junto ao Congresso Nacional para que se paute, ainda neste ano, o PL 1.766/2019, que propõe a volta e a prorrogação por mais cinco anos da dedução do INSS do empregador doméstico no Imposto de Renda. 


O projeto aguarda votação no Plenário da Câmara desde abril de 2019. Caso seja aprovado na Casa, segue para a sanção do presidente Jair Bolsonaro. Se for transformado em Lei, já poderá ser usado na declaração de 2021, ano-base 2020.

Para o presidente da Instituto, Mário Avelino, a perda de empregos é vista como reflexo direto não só da crise econômica, mas também da nova rotina do home office, adotado por muitas empresas como forma de manutenção dos postos de trabalho. Para ele, a maior fatia dos empregadores – que é da classe média – ou perdeu emprego ou estando em casa acabou por tomar os afazeres das domésticas. “Quem emprega ou perdeu o emprego ou viu que podia fazer o serviço de casa”, destaca Avelino.

Segundo ele, mesmo com muitas famílias necessitando do serviço, com uma demanda reprimida, ainda vai demorar para haver uma recuperação no setor.

Campanha de ajuda


Com tantas pessoas desempregadas, o impacto já afeta a rotina de várias pessoas. A diarista Tatiane Cássia, de 43 anos, é uma delas. Moradora da Vila Nossa Senhora Aparecida, no Aglomerado da Serra – região Centro-Sul de BH -, ela viu os clientes sucessivamente dispensarem os seus serviços de faxina. 
“Não consegui recuperar nem sequer 30% das faxinas que fazia antes da pandemia. E como sou a maior responsável pelo sustento da casa, estamos contando com a ajuda dos amigos”, afirma a diarista.

Para tentar ajudar estas famílias, a Associação de Moradores da Vila Santana do Cafezal resolveu usar as redes sociais e criar uma campanha para arrecadar fundos para socorrer as domésticas e diaristas desempregadas. A “Adote uma diarista”, criou uma campanha de doações virtuais que arrecadou mais de R$ 11 mil e conseguiu também alimentos e outros donativos. Com os recursos, a associação montou cestas básicas que passaram a ser distribuídas. “Desde o início da pandemia começamos a receber muitos pedidos de ajuda na associação e aí tivemos esta ideia. O melhor era que elas tivessem emprego, mas qualquer ajuda é bem-vinda em um momento de dificuldade”, garante presidente da associação, Cristiane Pereira.