PANDEMIA

O comércio não essencial de Belo Horizonte será reaberto hoje, mas isso não quer dizer que a cidade esteja em uma situação confortável em relação à pandemia. No último boletim epidemiológico da prefeitura, divulgado na terça-feira, houve uma piora nos três indicadores. A taxa de transmissão subiu para 0,92, a ocupação de UTI Covid está em 83,1%, enquanto entre os leitos de enfermaria para pacientes com a doença 59,1% estão em uso. 


Os indicadores levam em conta números percentuais, mas dados absolutos mostram que a demanda atual nos hospitais continua altíssima, embora um pouco mais confortável do que no início de abril. Na terça-feira, havia 2.185 pessoas internadas em Belo Horizonte por Covid, sendo 931 delas em leitos de UTI. No dia 17 de março, quando passou a vigorar a Onda Roxa na capital, eram 2.050 pacientes, sendo 720 deles em unidades de terapia intensiva. 


Só foi possível melhorar os números de ocupação de leitos porque houve grande esforço de hospitais públicos e privados para abertura de leitos, com contratação de mais profissionais e remanejo nas escalas de trabalho, exigindo mais dedicação de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, especialmente. No início de março, havia 565 leitos de UTI Covid – hoje são 1.121. 


Abril também tem caminhado para ser o mês mais letal da pandemia. Nos primeiros 20 dias, foram registrados 615 óbitos, número já superior ao que foi computado em março, com 568. Das 3.979 mortes pela doença, 15% foram registradas neste mês.


Para o infectologista Leandro Curi, a população precisa ter consciência de que a reabertura do comércio em BH e cidades vizinhas não acontece por melhora nos indicadores, mas por pressão que os prefeitos sofrem por parte do empresariado. Ou seja, ainda não é um bom momento para sair de casa se não houver real necessidade. “O que tem que fazer para evitar a contaminação toda a população já está exausta de saber. O que está faltando é senso de coletividade. Quem faz churrasco ou festinha em casa entre familiares e amigos não sabe o que é coletividade”, afirma.


Mesmo que bares, restaurantes e shoppings estejam abertos, a recomendação do especialista é evitar sair de casa para atividades de lazer neste momento. “O pessoal precisa entender que a saída desnecessária pode provocar um efeito dominó”, explica.

Dinâmica da pandemia está diferente

O infectologista Leandro Curi reforça que a dinâmica da pandemia mudou no país em 2021. A circulação das variantes – especialmente a P1, identificada inicialmente em Manaus – provoca maior transmissão do coronavírus e apresenta maior letalidade entre faixas etárias jovens. 


“Toda aquela definição para grupos de risco que tínhamos não é mais válida, porque um jovem de 40 anos sem comorbidade pode se infectar e morrer. Antes, aconselhávamos as pessoas com comorbidade a ficarem em casa; agora essa recomendação vale para todo mundo”, afirma.


O médico faz questão de reforçar que as medidas de segurança, como uso de máscaras e distanciamento social, não podem ser deixadas de lado nem mesmo quando as pessoas estão reunidas com seus entes queridos.

O que volta a funcionar

As atividades não essenciais reabrem hoje na capital mineira. Lojas podem funcionar das 9h às 20h. Bares, restaurantes e similares tiveram liberado o consumo no local, mas funcionam apenas das 11h às 16h. Bebidas alcoólicas poderão ser vendidas nesse período. Shopping centers, galerias, lojas de rua, academias e salões de beleza também foram autorizados a reabrir.


Cultos e missas presenciais passam a ser permitidos a partir de hoje, mas seguindo regras sanitárias. Conforme explicou o secretário municipal de Planejamento e Orçamento, André Reis, em coletiva na última segunda-feira, o regramento utilizado para a volta das atividades religiosas será o mesmo aplicado a demais estabelecimentos na cidade, em relação à lotação máxima de pessoas.


Nem todas as atividades consideradas não essenciais foram liberadas, no entanto. Feira Hippie, clubes e parques de diversão, parques temáticos e museus vão continuar fechados. Teatros públicos ou privados também não podem funcionar. Além disso, há atividades que estão sem funcionar há mais de um ano e seguem fechadas, como boates e casas de eventos. A PBH manteve as restrições do comércio aos domingos – quando somente as atividades consideradas essenciais estão autorizadas a funcionar.