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São Thomé das Letras, no Sul de Minas, Pedro Teixeira, na Zona da Mata, Botumirim, no Norte, e Camacho e Cedro do Abaeté, na região Centro-Oeste, têm pouco menos de 0,1% dos habitantes do estado. As cinco cidades mineiras onde ainda não foram registrados casos de COVID-19 somam uma população que não chega a 20 mil pessoas.
De acordo com o boletim da Secretaria de Estado da Saúde, divulgado ontem, elas são as únicas cidades ainda livres do novo coronavírus. Diferentemente dessas ilhas de contágio, o Estado confirmou 3.031 novos casos e 78 mortes pela COVID-19, em 24 horas, e totaliza 331.433 casos e 8.345 mortes. As mortes pelo novo coronavírus foram registradas em 638 municípios mineiros.
Em Pedro Teixeira, as atividades econômicas foram retomadas, mas, mesmo com a flexibilização, a cidade consegue manter os menos de 2 mil habitantes protegidos da pandemia. Na avaliação da secretária de saúde, Helen Cristina Alves Moreira de Oliveira, o saldo positivo no enfrentamento à doença pode ser creditado ao comportamento da população, que aderiu às medidas de proteção. “O quadro mantém zerado. Acredito que é pelo município ser menor e ter população idosa bem grande”, afirma. Mesmo com o comércio aberto, a população mantém a cautela.
A cidade é vizinha a Juiz de Fora, que, de acordo com o boletim epidemiológico da SES, tem 6.272 casos e 248 mortes. A secretária lembra que muitos moradores de Pedro Teixeira fazem tratamento de saúde em Juiz de Fora e Lima Duarte, cidades-pólo da região, mas, no entanto, desde o início da pandemia, eles estão evitando frequentar as unidades de saúde das cidades vizinhas com medo de contrair o coronavírus. “Nossa cidade é pequena, portanto é mais fácil controlar. As pessoas são mais idosas, mais simples e têm medo do boom da cidade grande”, diz. Para ela, é esse comportamento da população o diferencial, já que a cidade flexibilizou as atividades econômicas como outros municípios da região também realizaram a reabertura.
O município de Camacho também tem conseguido manter o novo coronavírus distante, mesmo depois da flexibilização do comércio. Próximo à Itapecerica, município que confirmou 185 casos e três mortes, Camacho conta com população estimada hoje em 3,7 mil habitantes, que seguem as orientações de prevenção propostas pela prefeitura. “É inexplicável não termos nenhum caso”, diz a secretária de administração Ana Maria Arantes Silva. Ela reforça que a prefeitura desenvolve campanhas de orientação à população sobre os cuidados que devem tomar. Outras medidas adotadas são o acompanhamento de perto de quem apresenta qualquer sinal de gripe e a distribuição de máscaras para toda a população.
Isolamento
Ao contrário de Pedro Teixeira e Camacho, São Thomé das Letras fechou a cidade, no início da pandemia, e prorrogou a medida em setembro, colocando-se contrária à flexibilização do comércio e reabertura do turismo. “Fomos a primeira cidade a fechar as barreiras no Sul de Minas. Fizemos no momento certo. A população também colaborou. São Thomé tem uma força extra. Tem uma proteção a mais. Tem quem fale que é a proteção de São Thomé. Outros falam que a cidade tem uma magia. Eu falo que tem força extra”, afirma o vice-prefeito Tomé Alvarenga, que ocupou a função de prefeito por 30 meses, do início da pandemia até setembro.
No entanto, cinco comerciantes conseguiram liminar concedida em 6 de setembro pela juíza de primeira instância Fernanda Machado de Moura Leite. A liminar foi mantida, em segunda instância, pela desembargadora Maria Inês Souza em 9 de outubro. Na peça eles alegam que “são pessoas físicas, atuantes no ramo do comércio e serviços na cidade de São Thomé das Letras e desde o dia 23 de março de 2020 vem sofrendo todo tipo de dissabor em face ao decreto nº 14, bem como em face ao decreto nº 57 de 18 de setembro de 2020, que prorrogou as medidas de combate ao COVID-19.”
Os comerciantes acusam a prefeitura de “trancar a cidade, determinando o fechamento de todo o comércio, bem como de todos os serviços, além de bloquear todos os acessos a cidade, impedindo inclusive a entrada de turistas e visitantes.”
O proprietário do Hotel dos Sonhos Guilherme Marcos Alvarenga é um dos comerciantes que entraram com pedido de liminar para que pudessem receber os turistas. Ele alega que a prefeitura impôs o fechamento do comércio, mas não propôs plano estruturado para a reabertura. “Adianta fechar e não apresentar nada em preparação. Em sete meses, não apresentou dado técnico, epidemiológico e nem um plano de reabertura. A liminar a nosso favor deixa bem claro que a prefeitura é inoperante”, argumenta. O hotel voltou a receber hóspedes dentro de 20% de sua capacidade. “A abertura tem que acontecer de maneira gradual e responsável”, afirma.
Disputa em São Thomé em plena pandemia
Sem nenhum caso confirmado e nenhuma morte registrada pela COVID-19, era para São Thomé das Letras ter céu de brigadeiro. No entanto, o tempo fechou no município, conhecido por ser um polo turístico. Além da disputa judicial para abertura do comércio, há também uma crise política. A prefeita Marisa Maciel de Souza foi cassada e afastada e quem assumiu foi o vice-prefeito, Tomé Reis Alvarenga (MDB).
Por determinação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Marisa Maciel de Souza (PT) assumiu a prefeitura em 2 de setembro, depois de ter ficado afastada do cargo por um tempo. A prefeita foi cassada pela Câmara Municipal em fevereiro de 2018, mas a decisão da Justiça a recolocou no cargo. Nesse um mês de retorno, enfrenta uma polêmica sobre repasses recebidos para o combate à COVID-19. Ao sair do cargo, o vice-prefeito alegou ter deixado o caixa da prefeitura com R$ 6 milhões. Há um vídeo, que circula na cidade, em que a prefeita afirma que não sabe onde estão os recursos.
Procurado pela reportagem Tomé Alvarenga confirmou que deixou R$ 6 milhões em caixa. No entanto, segundo ele, desse total apenas R$ 700 mil eram destinados ao combate à COVID-19. Segundo ele, há uma confusão em relação ao recurso, que não é todo para ações de combate à pandemia. “Não podemos gastar com a COVID-19 se não tem caso. Não vou gastar todo dinheiro”. Segundo ele, o município recebeu cerca de R$ 700 mil que pode usar para ações vinculados ao enfrentamento da COVID. “Deixei R$ 6 milhões no caixa, mas ela falou que não estava achando esse dinheiro”, afirmou. No entanto, segundo ele, o recurso foi localizado pela prefeita. A reportagem entrou em contato com a prefeita, mas até o fechamento da edição não obteve retorno. (MMC)
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O município de Camacho também tem conseguido manter o novo coronavírus distante, mesmo depois da flexibilização do comércio. Próximo à Itapecerica, município que confirmou 185 casos e três mortes, Camacho conta com população estimada hoje em 3,7 mil habitantes, que seguem as orientações de prevenção propostas pela prefeitura. “É inexplicável não termos nenhum caso”, diz a secretária de administração Ana Maria Arantes Silva. Ela reforça que a prefeitura desenvolve campanhas de orientação à população sobre os cuidados que devem tomar. Outras medidas adotadas são o acompanhamento de perto de quem apresenta qualquer sinal de gripe e a distribuição de máscaras para toda a população.
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Ao contrário de Pedro Teixeira e Camacho, São Thomé das Letras fechou a cidade, no início da pandemia, e prorrogou a medida em setembro, colocando-se contrária à flexibilização do comércio e reabertura do turismo. “Fomos a primeira cidade a fechar as barreiras no Sul de Minas. Fizemos no momento certo. A população também colaborou. São Thomé tem uma força extra. Tem uma proteção a mais. Tem quem fale que é a proteção de São Thomé. Outros falam que a cidade tem uma magia. Eu falo que tem força extra”, afirma o vice-prefeito Tomé Alvarenga, que ocupou a função de prefeito por 30 meses, do início da pandemia até setembro.
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Disputa em São Thomé em plena pandemia
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