O retorno ao trabalho, já nesta terça-feira, de parte dos trabalhadores da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais, motivou o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da Promotoria de Justiça de Defesa da Educação de Belo Horizonte e da Coordenadoria Estadual de Defesa da Educação (Proeduc), a encaminhar ofício ao Comitê Extraordinário COVID-19 e à Secretaria de Educação, solicitando informações complementares. O envio aconteceu neste domingo e é solicitado um prazo de 24h para um retorno. 

Alguns questionamentos do MP foram em relação ao número de servidores públicos alcançados pela Deliberação (número 26), o quantitativo de servidores que deverá cumprir a jornada presencialmente, a realização de diagnóstico que indique o número de servidores que dispõem de estrutura doméstica para a realização do teletrabalho, assim como as medidas para organizar eventual empréstimo de equipamentos.

O MPMG também questiona a distribuição de equipamentos de proteção individual aos trabalhadores em trabalho presencial, como álcool em gel e máscaras, e a necessidade de informar à população sobre os objetivos da deliberação.

Isso se dá pela apreensão social de que tal medida tenha sido adotada como preparação para o retorno das aulas presenciais durante o período de vigência do isolamento social, o que não vai de acordo com as recomendações das autoridades de saúde. O órgão lembra que o momento requer cautela redobrada, especialmente enquanto perdurar a subida na curva de contaminação no país. 

Retorno na próxima terça-feira

A Secretaria Estadual de Educação terá o retorno, por meio de teletrabalho, dos servidores que atuam nos setores administrativos das escolas estaduais. Estão nesta lista diretores, vice-diretores, secretários de escola, coordenador de escola, Assistente Técnico de Educação Básica (ATB) e Auxiliar de Serviços de Educação Básica (ASB), além dos Inspetores Escolares que atuam nas Superintendências Regionais de Ensino (SREs). professores, especialistas e auxiliares da educação básica terão mais cinco dias de recesso e, por isso, iniciarão o teletrabalho no dia 22 de abril. A vez dos alunos retornarem aos estudos por meio de teletrabalho será no dia 4 de maio. 

A previsão é que cerca de 50.000 servidores públicos sejam afetados pela decisão. Apesar da justificativa apresentada pelo Estado referir-se à preferência pelo teletrabalho, grande parte dos servidores desempenhariam as atividades presencialmente, caso dos Auxiliares de Serviços da Educação Básica, que foram convocados. Existe também a preocupação com outras categorias de servidores convocados, que poderiam desempenhar suas atividades remotamente, mas não possuem equipamentos, ferramentas ou acesso à internet para fazê-lo. 

A medida foi tomada após o MPMG receber representação da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e da Câmara dos Deputados apontando os riscos da deliberação e Nota Pública do Fórum Estadual de Educação de Minas Gerais – FEPEMG. 

Esta Nota indica que boa parte dos servidores realizam grande deslocamento para ir ao trabalho, além de que a metodologia do teletrabalho não atende as escolas no campo e as escolas indígenas.