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“A gente dorme e levanta sem saber como vai ser o dia”. É assim que Belarmino Luciano Leite (PDT), prefeito de São Sebastião do Oeste, cidade com 6.775 habitantes e que já soma 17 casos do novo coronavírus (Covid-19), exprime o sentimento da disseminação da doença nos menores municípios mineiros. Sem hospitais e muito menos Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), as cidades com menos de 10 mil habitantes sofrem com a disseminação do vírus.
De acordo com o boletim epidemiológico publicado nesta terça-feira (12) pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), Minas tem 248 municípios com casos confirmados da doença e, desse total, 56, ou seja 22,5%, são cidades com menos de 10 mil moradores.
Ao analisar as taxas relativas à população dos municípios mineiros com casos de Covid-19, verifica-se que cinco das seis com taxas superiores a 100 casos por 100 mil habitantes são registradas em cidades com menos de 10 mil habitantes.
Essa situação mais crítica é vista nos municípios de São Sebastião do Oeste, no Centro-Oeste de Minas, com 6.775 pessoas e 17 infectados; em Senador Amaral, no Sul de Minas, que tem 5.356 habitantes e sete casos; em Wenceslau Braz, também no Sul de Minas, com três confirmações e 2.553 moradores; em Senador José Bento, também no Sul de Minas, com com 1.868 pessoas e 4 casos e em Estrela Dalva, na Zona da Mata, com 2.343 moradores e três confirmações. Extrema, no Sul de Minas, é a sexta cidade, mas tem 36.225 moradores.
Além desses municípios, outros com menos de 10 mil habitantes também registram um número mais alto de casos de coronavírus como Cana Verde, no Centro-Oeste de Minas, com 6 casos, Dionísio, no Rio Doce, com 5 infectados e Toledo, no Sul de Minas também com 5 confirmações da Covid-19. Nenhuma dessas cidades têm hospitais próprios e os pacientes precisam procurar hospitais de outros municípios da região.
Em São Sebastião do Oeste, cidade com menos de 10 mil moradores e mais casos, o prefeito Belarmino Leite, conta que há um posto de saúde funcionando 24 horas, mas não há hospital e os casos mais graves precisam ir para Divinópolis, no Centro Oeste de Minas. “A situação é preocupante, estamos tomando todas as medidas de prevenção, como desinfectar as ruas, exigir máscaras em todos os lugares, estamos fazendo os testes rápidos e distribuindo cestas básicas para as famílias. Estamos fazendo tudo para manter a situação controlada”, ressaltou o prefeito.
Em Senador Amaral o prefeito Ademilson Lopes da Silveira (PMDB) conta que as pessoas que apresentam a doença também são levadas para outra cidade. Lá, os doentes são transferidos para Pouso Alegre, também no Sul de Minas. Ele diz que Senador Amaral se vira como pode para combater a doença, comprando testes e fazendo a desinfecção de ruas.
“Aqui tem muita gente de fora, da Bahia, do Paraná e de São Paulo, principalmente, e acredito que o vírus chegou e contaminou os moradores de forma importada. Nós não temos hospital na cidade, então os doentes são levados em carros e ambulâncias da prefeitura para Pouso Alegre. Não tivemos ninguém grave e os sete infectados na cidade estão se recuperando muito bem. Eles não precisaram de UTI”, destacou o prefeito.
Segundo ele, além da dificuldade em relação à saúde há também a dificuldade financeira. Na cidade a população foi orientada a usar máscara, mas a produção não pôde parar. “A cidade vive da produção agrícola, principalmente de morango, se pararmos as pessoas morrem de fome. Nós orientamos quanto aos cuidados, mas parar de tudo não dá. As cidades menores com certeza vão passar muitas dificuldades financeiras por causa dessa pandemia”, concluiu.
Em outra cidade na mesma situação, Cana Verde, o prefeito Eduardo Cardoso Garcia (PP) disse que está trabalhando com a precaução para evitar um colapso na cidade. “Nós estamos com seis casos confirmados, porque compramos muitos testes e assim estamos identificando as pessoas doentes antes que a situação piore e elas já necessitem de hospital. Eu tinha flexibilizado o comércio, mas já revoguei o decreto. Estamos com barreiras sanitárias na cidade, fazendo também a desinfecção das ruas, tudo para tentar evitar mais doentes e colapsos”, explicou.
Segundo ele, quem apresenta qualquer sintoma de Covid-19 passa pelo teste rápido e, se for confirmada a doença, o morador é levado ao Hospital de Campo Belo, na mesma região por ambulância da prefeitura. Se for preciso, o paciente pode ser transferido também para Divinópolis na mesma região. De acordo com ele, com o comércio fechado, funcionando somente os serviços essenciais. A prefeitura está bancando cestas básicas para a população com dinheiro da merenda escolar, já que as aulas estão suspensas, e também outros recursos da cidade.
Em Wenceslau Braz o prefeito Geraldo Magela Eloi (PTB) disse que a situação está controlada. “Nós tivemos três casos e só uma pessoa precisou ir para o hospital, mas já teve alta e os três estão curados. Não temos ambulância, mas quem precisa de atendimento médico vai em ambulância da prefeitura para outras cidades”, conta o prefeito. Em Wenceslau Braz só estão funcionando os serviços de comércio essenciais e bares e restaurantes só podem funcionar fazendo entregas para evitar as aglomerações de pessoas.
Para quem mora nas cidades pequenas a chegada da doença é motivo de muita apreensão. O aposentado Geraldo da Silva, de 66 anos, morador de Dionísio contou que vive com medo. “Aqui tem pouca gente e quando a doença começa a espalhar preocupa. Se tiver que ficar internado a gente tem que ir para outra cidade. Ficamos ainda mais longe da família. É bastante complicado para todo mundo, mas acho que em cidades pequenas fica pior”, concluiu.
A reportagem procurou a Secretaria de Estado de Saúde para saber o que tem sido feito por essas cidades menores e foi informada que o governo que está elaborando uma nota técnica para orientar os profissionais de saúde e estruturação dos serviços para os casos de registros em municípios menores. “Também estão em fase de consolidação os Planos Macrorregionais de Contingência para enfrentamento à Covid-19. Assim que os documento estiverem concluídos, será feita divulgação”, concluiu.
Veja um resumo do coronavírus nas cidades com menos de 10 mil habitantes de Minas:
Total de cidades com coronavírus em Minas: 248
Com menos de 10 mil habitantes: 56
22,5% das cidades de Minas com pessoas com a doença tem menos de 10 mil habitantes
Esse municípios têm no mínimo 1 e no máximo 7 casos
Ao todo, Minas tem 470 municípios com menos de 10 mil habitantes
11,91% das cidades do Estado com menos de 10 mil habitantes estão com casos de coronavírus
Cidades com mais casos de coronavírus:
São Sebastião do Oeste com 6.775 pessoas e 17 casos
Senador Amaral com 5.356 pessoas e 7 casos
Cana Verde com 5.589 pessoas e 6 casos
Dionísio com 8.739 pessoas e 5 casos
Toledo com 5.764 pessoas e 5 casos
Mariléia com 4.012 pessoas e 4 casos
Senador José Bento com 1.868 pessoas e 4 casos
Cidades com menos de 10 mil habitantes e taxas da doença
Senador José Bento 266,31
São Sebastião do Oeste - 250,92
Senador Amaral - 130,69
Estrela Dalva 128
Wenceslau Braz 117,55
Lista com todas as cidades que registram a doença e têm menos de 10 mil habitantes no Estado:
Abadia dos Dourados 6.704 pessoas 1 caso
Alfredo Vasconcelos 6.075 pessoas 1 caso
Alpercata 7.172 pessoas 1 caso
Alto Jequitibá 8.318 pessoas 3 casos
Aceburgo 9.509 pessoas 3 casos
Belmiro Braga 3.403 pessoas 2 casos
Cana verde 5.589 pessoas 4 casos
Cajuri 4.047 pessoas 1 caso
Catuji 6.708 pessoas 3 casos
Cascalho Rico 2.857 pessoas 1 caso
Comercinho 8.298 pessoas 1 caso
Conceição de Alagoas 8.298 pessoas 2 casos
Couto de Magalhães de Minas 4.204 pessoas 1 caso
Dionisio 8.739 pessoas 5 casos
Divinésia 3.293 pessoas 1 caso
Divisa Nova 5.763 pessoas 1 caso
Espirito Santo do Dourado 4.429 pessoas 1 caso
Estrela Dalva 2.470 pessoas 1 caso
Faria Lemos 2.470 pessoas 1 caso
Goianá 3.659 pessoas 2 casos
Ibiaí 7.839 pessoas 1 caso
Imbé de Minas 6.424 pessoas 1 caso
Ipuiúna 9.521 pessoas 1 caso
Itatiaiuçu 9.928 pessoas 2 casos
Itumirim 6.139 pessoas 1 caso
Jeceaba 5.395 pessoas 1 caso
Mamonas 6.321 pessoas 1 caso
Maripá de Minas 2788 pessoas 1 caso
Mariléia 4.012 pessoas 4 casos
Matias Cardoso 9.979 pessoas 1 caso
Moema 7.028 pessoas 1 caso
Munhoz 6.257 pessoas 3 casos
Nazareno 7.954 pessoas 1 caso
Nova Porteirinha 7.398 pessoas 1 caso
Pedra Dourada 2.191 pessoas 1 caso
Piranguçu 5.217 pessoas 2 casos
Riacho dos Machados 9.360 pessoas 1 caso
Rio Novo 8.712 pessoas 1 caso
Santa Rita de Jacutinga 4.993 pessoas 1 caso
Santana de Cataguases 3.622 pessoas 2 casos
Santo Antônio do Aventureiro 3.538 pessoas 1 caso
São Brás do Suaçuí 3.513 pessoas 2 casos
São Francisco do Glória 5.178 pessoas 1 caso
São João da Mata 2.731 pessoas 1 caso
São Sebastião do Oeste 5.805 pessoas 17 casos
São Tomás de Aquino 7.093 pessoas 1 caso
São Vicente de Minas 7.008 pessoas 2 casos
Senador Amaral 5.219 pessoas 7 casos
Senador José Bento 1.868 pessoas 4 casos
Senhora do Porto 3.497 pessoas 1 caso
Sobrália 5.830 pessoas 1 caso
Tabuleiro 4.079 pessoas 1 caso
Toledo 5.764 pessoas 5 casos
Vargem Alegre 6.461 pessoas 1 caso
Wenceslau Braz 2.553 pessoas 3 casos
Laranjal 6.465 pessoas 1 caso
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PANDEMIA
“A gente dorme e levanta sem saber como vai ser o dia”. É assim que Belarmino Luciano Leite (PDT), prefeito de São Sebastião do Oeste, cidade com 6.775 habitantes e que já soma 17 casos do novo coronavírus (Covid-19), exprime o sentimento da disseminação da doença nos menores municípios mineiros. Sem hospitais e muito menos Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), as cidades com menos de 10 mil habitantes sofrem com a disseminação do vírus.
De acordo com o boletim epidemiológico publicado nesta terça-feira (12) pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), Minas tem 248 municípios com casos confirmados da doença e, desse total, 56, ou seja 22,5%, são cidades com menos de 10 mil moradores.
Ao analisar as taxas relativas à população dos municípios mineiros com casos de Covid-19, verifica-se que cinco das seis com taxas superiores a 100 casos por 100 mil habitantes são registradas em cidades com menos de 10 mil habitantes.
Essa situação mais crítica é vista nos municípios de São Sebastião do Oeste, no Centro-Oeste de Minas, com 6.775 pessoas e 17 infectados; em Senador Amaral, no Sul de Minas, que tem 5.356 habitantes e sete casos; em Wenceslau Braz, também no Sul de Minas, com três confirmações e 2.553 moradores; em Senador José Bento, também no Sul de Minas, com com 1.868 pessoas e 4 casos e em Estrela Dalva, na Zona da Mata, com 2.343 moradores e três confirmações. Extrema, no Sul de Minas, é a sexta cidade, mas tem 36.225 moradores.
Além desses municípios, outros com menos de 10 mil habitantes também registram um número mais alto de casos de coronavírus como Cana Verde, no Centro-Oeste de Minas, com 6 casos, Dionísio, no Rio Doce, com 5 infectados e Toledo, no Sul de Minas também com 5 confirmações da Covid-19. Nenhuma dessas cidades têm hospitais próprios e os pacientes precisam procurar hospitais de outros municípios da região.
Em São Sebastião do Oeste, cidade com menos de 10 mil moradores e mais casos, o prefeito Belarmino Leite, conta que há um posto de saúde funcionando 24 horas, mas não há hospital e os casos mais graves precisam ir para Divinópolis, no Centro Oeste de Minas. “A situação é preocupante, estamos tomando todas as medidas de prevenção, como desinfectar as ruas, exigir máscaras em todos os lugares, estamos fazendo os testes rápidos e distribuindo cestas básicas para as famílias. Estamos fazendo tudo para manter a situação controlada”, ressaltou o prefeito.
Em Senador Amaral o prefeito Ademilson Lopes da Silveira (PMDB) conta que as pessoas que apresentam a doença também são levadas para outra cidade. Lá, os doentes são transferidos para Pouso Alegre, também no Sul de Minas. Ele diz que Senador Amaral se vira como pode para combater a doença, comprando testes e fazendo a desinfecção de ruas.
“Aqui tem muita gente de fora, da Bahia, do Paraná e de São Paulo, principalmente, e acredito que o vírus chegou e contaminou os moradores de forma importada. Nós não temos hospital na cidade, então os doentes são levados em carros e ambulâncias da prefeitura para Pouso Alegre. Não tivemos ninguém grave e os sete infectados na cidade estão se recuperando muito bem. Eles não precisaram de UTI”, destacou o prefeito.
Segundo ele, além da dificuldade em relação à saúde há também a dificuldade financeira. Na cidade a população foi orientada a usar máscara, mas a produção não pôde parar. “A cidade vive da produção agrícola, principalmente de morango, se pararmos as pessoas morrem de fome. Nós orientamos quanto aos cuidados, mas parar de tudo não dá. As cidades menores com certeza vão passar muitas dificuldades financeiras por causa dessa pandemia”, concluiu.
Em outra cidade na mesma situação, Cana Verde, o prefeito Eduardo Cardoso Garcia (PP) disse que está trabalhando com a precaução para evitar um colapso na cidade. “Nós estamos com seis casos confirmados, porque compramos muitos testes e assim estamos identificando as pessoas doentes antes que a situação piore e elas já necessitem de hospital. Eu tinha flexibilizado o comércio, mas já revoguei o decreto. Estamos com barreiras sanitárias na cidade, fazendo também a desinfecção das ruas, tudo para tentar evitar mais doentes e colapsos”, explicou.
Segundo ele, quem apresenta qualquer sintoma de Covid-19 passa pelo teste rápido e, se for confirmada a doença, o morador é levado ao Hospital de Campo Belo, na mesma região por ambulância da prefeitura. Se for preciso, o paciente pode ser transferido também para Divinópolis na mesma região. De acordo com ele, com o comércio fechado, funcionando somente os serviços essenciais. A prefeitura está bancando cestas básicas para a população com dinheiro da merenda escolar, já que as aulas estão suspensas, e também outros recursos da cidade.
Em Wenceslau Braz o prefeito Geraldo Magela Eloi (PTB) disse que a situação está controlada. “Nós tivemos três casos e só uma pessoa precisou ir para o hospital, mas já teve alta e os três estão curados. Não temos ambulância, mas quem precisa de atendimento médico vai em ambulância da prefeitura para outras cidades”, conta o prefeito. Em Wenceslau Braz só estão funcionando os serviços de comércio essenciais e bares e restaurantes só podem funcionar fazendo entregas para evitar as aglomerações de pessoas.
Para quem mora nas cidades pequenas a chegada da doença é motivo de muita apreensão. O aposentado Geraldo da Silva, de 66 anos, morador de Dionísio contou que vive com medo. “Aqui tem pouca gente e quando a doença começa a espalhar preocupa. Se tiver que ficar internado a gente tem que ir para outra cidade. Ficamos ainda mais longe da família. É bastante complicado para todo mundo, mas acho que em cidades pequenas fica pior”, concluiu.
A reportagem procurou a Secretaria de Estado de Saúde para saber o que tem sido feito por essas cidades menores e foi informada que o governo que está elaborando uma nota técnica para orientar os profissionais de saúde e estruturação dos serviços para os casos de registros em municípios menores. “Também estão em fase de consolidação os Planos Macrorregionais de Contingência para enfrentamento à Covid-19. Assim que os documento estiverem concluídos, será feita divulgação”, concluiu.
Veja um resumo do coronavírus nas cidades com menos de 10 mil habitantes de Minas:
Total de cidades com coronavírus em Minas: 248
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22,5% das cidades de Minas com pessoas com a doença tem menos de 10 mil habitantes
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Ao todo, Minas tem 470 municípios com menos de 10 mil habitantes
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Cidades com mais casos de coronavírus:
São Sebastião do Oeste com 6.775 pessoas e 17 casos
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Wenceslau Braz 117,55
Lista com todas as cidades que registram a doença e têm menos de 10 mil habitantes no Estado:
Abadia dos Dourados 6.704 pessoas 1 caso
Alfredo Vasconcelos 6.075 pessoas 1 caso
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São Vicente de Minas 7.008 pessoas 2 casos
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