Sistema compartilha assentos vazios por cerca de R$ 950 em aeronaves executivas alugadas
Baixa o aplicativo, cadastra os dados, marca o destino, faz o pagamento e pronto, é só esperar o avião chegar. Belo Horizonte acaba de entrar na rota da Flapper, que é uma espécie de “Uber de jatos fretados”.
A partir da tecnologia mobile, a plataforma administra o compartilhamento de voos executivos e vende, por um preço mais acessível, assentos que voltariam vazios em aeronaves fretadas. Por enquanto, Belo Horizonte terá disponibilidade de voos compartilhados apenas para São Paulo, mas, segundo o CEO da Flapper no Brasil, Paul Malicki, já existem planos para o Rio de Janeiro.
O serviço começou em novembro de 2017, em São Paulo e no Rio. O aplicativo já conta com 60 mil usuários cadastrados. Na capital mineira, a plataforma estreou em fevereiro, com preço de R$ 950, mas a ideia é baixar os valores para algo entre R$ 600 e R$ 800, dependendo da demanda.
Para a empresária Jordana de Pádua Lemos, 31, a alternativa se encaixou perfeitamente. “Um amigo me indicou, baixei o aplicativo e achei muito mais confortável. Eu estava voltando de São Paulo com compras para minha loja e, além de não ter a rotina de aeroporto, não tive nenhum problema com bagagem”, afirma Jordana, dona da loja de artigos infantis BH Mercado Kids.
Ela voltou sozinha em uma aeronave que tinha sido fretada de Belo Horizonte para São Paulo e precisava retornar à capital mineira. Esse modelo é chamado de “empty leg” (perna vazia). “Sempre que precisar ir a São Paulo, vou verificar a disponibilidade”, diz.
Para se ter uma ideia do preço, de 12 a 18 de março, tem passagem de Belo Horizonte para São Paulo de R$ 601 a R$ 1.424, já com as taxas de embarque. Um voo fretado para São Paulo, com seis lugares, sai na faixa de R$ 25.650, o que daria R$ 4.275 por pessoa.
A Flapper não tem frota própria, trabalha administrando os assentos disponíveis em grandes empresas de aviação executiva, como a Líder Aviação, por exemplo. Segundo a Agência Nacional da Aviação Civil (Anac), como o serviço de táxi-aéreo já são obrigados a cumprir rígidas normas e padrões de segurança e a Flapper funciona apenas como intermediadora, não há nenhuma restrição ao aplicativo.
Atualmente, a atuação mais forte da empresa é de São Paulo para Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, no entanto, assim como Belo Horizonte, a empresa estuda expansão para outras capitais, como Curitiba e Brasília. Também estuda rotas no interior de Minas. “Estamos analisando outros trechos e, até o fim deste ano, devemos ir para Escarpas do Lago, onde já identificamos demanda”, anuncia.
De Belo Horizonte para São Paulo, a ideia é começar com três voos por semana e depois aumentar a frequência, dependendo da taxa de aproveitamento.
Latam
Novas rotas. A Latam Airlines Brasil está lançando cinco novas rotas entre destinos turísticos brasileiros. Entre elas, Belo Horizonte/Confins-Florianópolis. Elas serão operadas com aviões A320.
Estrangeiras procuram o governo
Brasília. A aprovação do acordo de céus abertos entre Brasil e Estados Unidos despertou o interesse de aéreas estrangeiras para a possibilidade de o Congresso também autorizar a entrada de até 100% de capital estrangeiro no setor. Quinta-feira, executivos da europeia Norwegian trataram do tema com autoridades brasileiras. E a britânica Virgin pediu audiência com o governo. Até empresas asiáticas demonstraram interesse no mercado doméstico.
Após sete anos de espera, o Senado finalmente aprovou o acordo que acaba com o limite de voos entre o Brasil e os Estados Unidos, o chamado acordo de “céus abertos”. Muito mais que o fim das restrições para novas rotas à América do Norte, a decisão do Congresso foi recebida por aéreas internacionais como um importante sinal de que cresce a perspectiva de aprovação da abertura do mercado. Com essa medida, o limite de participação de uma empresa internacional em companhia instalada no Brasil subiria de 20% para até 100%.
CEO da Flapper foi sócio da Easy Taxi no Brasil
A ideia inicial dos criadores da Flapper era um aplicativo de limusines, mas não deu certo, pois não havia demanda. Então, o polonês Paul Malicki, e o russo Arthur Virzin, ambos radicados no Brasil, criaram um aplicativo para compartilhar voos executivos.
Malicki, que atuava como CEO global e sócio da Easy Taxi no Brasil, convenceu os sócios de que o nicho de jatos domésticos era pouco explorado. Com o dinheiro da venda da Easy para a Cabify, o investimento começou. No começo, eram apenas helicópteros. Depois, a empresa entrou na ACE – maior aceleradora de startups no Brasil, e os voos compartilhados começaram em novembro de 2017.