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A 20 dias do carnaval, ao menos oito cidades mineiras suspenderam investimentos e cancelaram a festa. Estão nessa lista Guaranésia, Três Corações e Guapé, no Sul de Minas; Serro, no Alto Jequitinhonha; Santa Vitória, no Triângulo; Carmo da Mata, no Centro-Oeste; Lagoa Formosa, no Alto Paranaíba; e Santana do Paraíso, no Vale do Aço. Os motivos apresentados pelas prefeituras para o cancelamento são variados e vão desde endividamento à promessa de investimento em melhorias nos serviços como saúde e infraestrutura. A Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) afirma, porém, que as prefeituras nem sequer apresentaram projetos ou cadastro nos editais de incentivo ao carnaval.
Em Guaranésia o anúncio foi feito em 29 de janeiro, em nota postada nas redes sociais do Executivo municipal. "A decisão, embora difícil, foi tomada com o objetivo de priorizar áreas essenciais, como saúde e infraestrutura", justifica a administração.
Em 2024, a cidade investiu R$ 392.279,76 na realização do carnaval. Agora, conforme o comunicado, a atual gestão pretende priorizar a reforma das unidades do Programa Saúde da Família (PSFs), a recuperação da ponte da Rua Afonso Pena, a manutenção das estradas rurais e a reestruturação da assistência social. No entanto, não há um levantamento de quanto será investido em cada serviço nem mesmo o valor total.
Em contrapartida, a prefeitura anunciou três novos projetos culturais, previstos para fevereiro e março. São eles: Tardezinha na Praça, série de apresentações de artistas, feira de artesanato e exposições; Estação de Talentos, programa transmitido ao vivo, com participação de artistas locais; e Pratas de Casa, apresentações durante a tradicional feira de domingo da cidade.
Segundo o secretário municipal de Cultura, Antônio Cláudio Melo, para viabilizar essas e outras ações culturais e de turismo ao longo do ano, foram disponibilizados R$ 168.083,73 do Fundo de Melhoria dos Municípios Turísticos (Fumtur) e Fundo Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural (Fumpac).
Em Guapé, a prefeitura publicou carta aberta à população para informar o cancelamento do carnaval. Assim como em Guaranésia, o prefeito Randerson Ribeiro (PSD), que assina a carta, informou que os recursos para a realização da festa serão revertidos para a saúde, educação e infraestrutura de estradas rurais. O Estado de Minas procurou a gestão municipal para saber qual valor seria destinado à folia, mas não obteve retorno.
Na mensagem divulgada nas redes sociais da prefeitura, Ribeiro justificou que a cidade tem 13.178 demandas pendentes na área da saúde. As maiores solicitações são para exames laboratoriais de rotina (8.099), exames pediátricos (990) e tomografias (986). Mas também há pedidos de exames neurológicos, cardiológicos, ressonâncias, consultas especializadas e retornos, em espera.
Além disso, o executivo destacou a necessidade de investimento nas escolas e na recuperação das estradas rurais. “As vias que compõem aproximadamente 3.400km do município estão em condições precárias e com orçamento 83% menor que o ano anterior, dificultando quem vive e trabalha na zona rural”, afirma. A reportagem também entrou em contato com a administração de Guapé a respeito do valor estimado para as obras, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
Dívidas e falta de recursos
Em Três Corações, o prefeito Dimas Abrahão (PSDB) apareceu em vídeo, ao lado do secretário de Lazer, Turismo e Cultura, Claudinei Ferreira, e da secretária de Finanças, Ana Carolina Mafra, para esclarecer os motivos da suspensão do carnaval.
Anteriormente, a cidade havia divulgado que a festa ocorreria na Praça Odilon Rezende de Andrade, mas, em 30 de janeiro, foi feito o comunicado de que a prefeitura recuou e decidiu usar os recursos da folia para quitar dívidas. De acordo com Ana Mafra, o investimento previsto no carnaval era de aproximadamente R$ 430 mil.
"Fizemos o levantamento de contas que poderiam ser pagas com esse valor. Podemos adquirir medicamentos para as farmácias e pagar parte das rescisões dos funcionários que tiveram contratos finalizados em 2024, e que estão em aberto. Além do contrato com alguns fornecedores", aponta ela.
A situação financeira também levou à suspensão do carnaval em Lagoa Formosa. De acordo com o prefeito José Amorim (PSDB), o objetivo é focar esforços na recuperação municipal. Ele justificou a decisão pelo déficit nas contas da cidade, o que impediria a realização da festa, custeada pelo município. "É preciso quitar as dívidas", afirmou.
Em 2024, o custo do carnaval, segundo Amorim, foi de cerca de R$ 1 milhão. Esse mesmo montante, então, daria uma folga nos cofres públicos, bem como nos investimentos em saúde, educação e infraestrutura, além de despesas de manutenção. “Reconhecemos o valor cultural e a importância do carnaval para nossa cidade, mas entendemos que, neste momento, a responsabilidade de garantir a melhoria dos serviços essenciais deve ser nossa principal prioridade”, diz o prefeito.
Ainda por falta de recursos, Santa Vitória não realizará as festividades de 2025. De acordo com o prefeito Sérgio Moreira de Oliveira Júnior (Solidariedade), a saúde financeira do município é prioridade. “É inadmissível que, enquanto se vota uma reforma previdenciária motivada pela insustentabilidade financeira do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) municipal, pudéssemos dispor de recursos para a festa”, diz.
O prefeito explicou que a previsão orçamentária era maior do que realmente será recebido pela cidade este ano, mas não informou a quantia. “Sabemos que essa é uma época muito esperada por todos. Agradeço a compreensão e reforço que estamos sempre em busca de alternativas para promover eventos que valorizem nossa cultura e entretenimento”, defendeu.
Situação de emergência
As fortes chuvas que atingiram Minas Gerais desde o começo do ano levaram Serro e Carmo da Mata a também cancelar os investimentos no carnaval. Na primeira, a motivação veio de um prejuízo estimado em mais de R$ 10,7 milhões decorrente das chuvas, conforme informado pelo coordenador da Defesa Civil, Landerson Silva Evangelista. A prefeitura informou que o período chuvoso, além de causar uma morte, deixou famílias desabrigadas, comunidades inacessíveis, prejuízos materiais e ambientais para o Serro. A cidade está em Situação de Emergência, decretada em 22 de janeiro.
Segundo a Defesa Civil, foram mais de 20 ocorrências entre residências danificadas, pontes e passarelas destruídas e estradas bloqueadas. Também houve registros de 16 famílias desalojadas, cerca de 570 pessoas ilhadas, mais de 8 mil com dificuldades de acesso a serviços essenciais, e aproximadamente 13.600 habitantes afetados indiretamente.
“Neste momento, a prioridade deve ser a recuperação do município e o apoio às famílias afetadas. Os esforços da administração estão concentrados em minimizar os impactos causados pelas chuvas, restaurar a infraestrutura comprometida e levar assistência aos cidadãos atingidos”, comunicou a prefeitura.
Carmo da Mata também suspendeu a festa momesca em razão do decreto de estado de calamidade nível 2, emitido em resposta às catástrofes climáticas que afetaram o município em dezembro de 2024. “Divulgamos a autorização para realizar o carnaval em 15 de janeiro. Porém, no dia seguinte, o governo do estado aprovou o decreto de emergência. Buscamos outra opção, mas não havia. Dessa forma, após reunião com o setor jurídico, foi apontado que, diante da situação de calamidade enfrentada pelo município, a realização do carnaval seria inviável e vedada legalmente”, disse a secretária de Cultura, Bruna Oliveira.
Já o prefeito de Santana do Paraíso, Bruno Morato (Avante), anunciou um cancelamento em massa das festividades de carnaval, do Festival Gastronômico e das comemorações de aniversário da cidade. Por meio de decreto, publicado em 17 de janeiro, a administração definiu que os recursos financeiros originalmente previstos para os eventos serão redirecionados para ações de mitigação dos danos causados pelas chuvas.
Segundo a prefeitura, o município vai economizar um valor superior a R$ 1 milhão, que será utilizado na recuperação da infraestrutura pública e na garantia da segurança em áreas sob risco de desabamento. “Nosso foco deve estar em unir forças para superar essa crise, apoiar as famílias atingidas e reconstruir nossa cidade. Cada recurso economizado será investido onde mais importa: na recuperação e na proteção de nossos cidadãos", afirmou Morato. Os eventos cancelados estavam programados para o primeiro semestre de 2025.
Sem projeto
Procurada pelo EM, a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) disse estar acompanhando os cancelamentos, mas reforçou que a principal via de apoio governamental para a festa é por meio de projetos apresentados pelas prefeituras. De acordo com a pasta, todas as cidades que cancelaram o evento até o momento não submeteram propostas para captar recursos em nenhum dos editais disponíveis, como a Lei Estadual de Incentivo à Cultura e o edital da Cemig.
“O meio que o estado tem de contribuir são os editais para captação de recursos. A imensa maioria das ideias que foram boas e tiveram aderência foram contempladas. Mas não tenho como intervir nos locais que não apresentaram nada, não posso repassar recursos. As prefeituras têm autonomia para cancelar o carnaval”, declara o secretário de estado de Cultura, Leônidas Oliveira.
Ele ressalta ainda que o investimento do governo para a folia em Minas chega a R$ 60 milhões, sendo R$ 30 milhões para Belo Horizonte. O montante é dividido entre os blocos, editais, vias sonorizadas até a mobilização de segurança pública. “Nada dá tanto retorno como o carnaval. Ano passado investimos R$ 40 milhões e movimentamos R$ 4,7 bilhões. Fica o recado para os municípios se anteciparem para o próximo ano, para que haja carnaval em todas as cidades”, conclui.
Festa e memória
Enquanto algumas localidades optaram por não realizar o carnaval, “as cidades históricas de Minas Gerais já estão com a folia a todo vapor”. É o que diz o presidente da Associação das Cidades Históricas do estado (ACHMG), Ângelo Oswaldo, prefeito de Ouro Preto. A cidade, na Região Central, um dos principais polos carnavalescos do interior, saiu na frente e abriu oficialmente a temporada no sábado, 1º de fevereiro, com um evento na Praça Tiradentes. A folia este ano está recheada de atrações culturais.
A prefeitura vai investir R$ 2,5 milhões na estrutura do evento, somado ao apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo da cidade, no valor de R$ 350 mil. A expectativa é receber cerca de 50 mil pessoas entre a sede do município e os 12 distritos como, Cachoeira do Campo e Antônio Pereira.
“Na Praça Reinaldo de Brito, conhecida como Largo dos Contos, acontecerão espetáculos e shows; já na Escola Dom Pedro II, haverá o palco Afro Mineiridades, onde hip-hop, samba, pagode, funk e demais ritmos musicais vão agitar a cidade”, detalha o prefeito.
As ladeiras históricas ainda serão pano de fundo para o desfile de seis escolas de samba e 65 blocos de rua. “Os destaques são o Clube dos Lacaios, coletivo mais antigo em atividade no Brasil, criado em 1867 pelos funcionários do palácio do governador à época, e o Balanço da Cobra, composto por professores da Ufop, desde 1975”, destaca Ângelo.
Segundo Oswaldo, outras cidades históricas, como Diamantina, São João del-Rei, Sabará e Mariana, também preparam grandes festas para garantir que o interior de Minas mantenha a reputação de oferecer uma temporada “autêntica e vibrante”. “É um momento de reencontro, afeto e memória. Nós buscamos fazer um carnaval tradicional, para a família, para o turista”, finaliza.
*Estagiária sob supervisão da editora Vera Schmitz
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CARNAVAL 2025
A 20 dias do carnaval, ao menos oito cidades mineiras suspenderam investimentos e cancelaram a festa. Estão nessa lista Guaranésia, Três Corações e Guapé, no Sul de Minas; Serro, no Alto Jequitinhonha; Santa Vitória, no Triângulo; Carmo da Mata, no Centro-Oeste; Lagoa Formosa, no Alto Paranaíba; e Santana do Paraíso, no Vale do Aço. Os motivos apresentados pelas prefeituras para o cancelamento são variados e vão desde endividamento à promessa de investimento em melhorias nos serviços como saúde e infraestrutura. A Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) afirma, porém, que as prefeituras nem sequer apresentaram projetos ou cadastro nos editais de incentivo ao carnaval.
Em Guaranésia o anúncio foi feito em 29 de janeiro, em nota postada nas redes sociais do Executivo municipal. "A decisão, embora difícil, foi tomada com o objetivo de priorizar áreas essenciais, como saúde e infraestrutura", justifica a administração.
Em 2024, a cidade investiu R$ 392.279,76 na realização do carnaval. Agora, conforme o comunicado, a atual gestão pretende priorizar a reforma das unidades do Programa Saúde da Família (PSFs), a recuperação da ponte da Rua Afonso Pena, a manutenção das estradas rurais e a reestruturação da assistência social. No entanto, não há um levantamento de quanto será investido em cada serviço nem mesmo o valor total.
Em contrapartida, a prefeitura anunciou três novos projetos culturais, previstos para fevereiro e março. São eles: Tardezinha na Praça, série de apresentações de artistas, feira de artesanato e exposições; Estação de Talentos, programa transmitido ao vivo, com participação de artistas locais; e Pratas de Casa, apresentações durante a tradicional feira de domingo da cidade.
Segundo o secretário municipal de Cultura, Antônio Cláudio Melo, para viabilizar essas e outras ações culturais e de turismo ao longo do ano, foram disponibilizados R$ 168.083,73 do Fundo de Melhoria dos Municípios Turísticos (Fumtur) e Fundo Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural (Fumpac).
Em Guapé, a prefeitura publicou carta aberta à população para informar o cancelamento do carnaval. Assim como em Guaranésia, o prefeito Randerson Ribeiro (PSD), que assina a carta, informou que os recursos para a realização da festa serão revertidos para a saúde, educação e infraestrutura de estradas rurais. O Estado de Minas procurou a gestão municipal para saber qual valor seria destinado à folia, mas não obteve retorno.
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Além disso, o executivo destacou a necessidade de investimento nas escolas e na recuperação das estradas rurais. “As vias que compõem aproximadamente 3.400km do município estão em condições precárias e com orçamento 83% menor que o ano anterior, dificultando quem vive e trabalha na zona rural”, afirma. A reportagem também entrou em contato com a administração de Guapé a respeito do valor estimado para as obras, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
Dívidas e falta de recursos
Em Três Corações, o prefeito Dimas Abrahão (PSDB) apareceu em vídeo, ao lado do secretário de Lazer, Turismo e Cultura, Claudinei Ferreira, e da secretária de Finanças, Ana Carolina Mafra, para esclarecer os motivos da suspensão do carnaval.
Anteriormente, a cidade havia divulgado que a festa ocorreria na Praça Odilon Rezende de Andrade, mas, em 30 de janeiro, foi feito o comunicado de que a prefeitura recuou e decidiu usar os recursos da folia para quitar dívidas. De acordo com Ana Mafra, o investimento previsto no carnaval era de aproximadamente R$ 430 mil.
"Fizemos o levantamento de contas que poderiam ser pagas com esse valor. Podemos adquirir medicamentos para as farmácias e pagar parte das rescisões dos funcionários que tiveram contratos finalizados em 2024, e que estão em aberto. Além do contrato com alguns fornecedores", aponta ela.
A situação financeira também levou à suspensão do carnaval em Lagoa Formosa. De acordo com o prefeito José Amorim (PSDB), o objetivo é focar esforços na recuperação municipal. Ele justificou a decisão pelo déficit nas contas da cidade, o que impediria a realização da festa, custeada pelo município. "É preciso quitar as dívidas", afirmou.
Em 2024, o custo do carnaval, segundo Amorim, foi de cerca de R$ 1 milhão. Esse mesmo montante, então, daria uma folga nos cofres públicos, bem como nos investimentos em saúde, educação e infraestrutura, além de despesas de manutenção. “Reconhecemos o valor cultural e a importância do carnaval para nossa cidade, mas entendemos que, neste momento, a responsabilidade de garantir a melhoria dos serviços essenciais deve ser nossa principal prioridade”, diz o prefeito.
Ainda por falta de recursos, Santa Vitória não realizará as festividades de 2025. De acordo com o prefeito Sérgio Moreira de Oliveira Júnior (Solidariedade), a saúde financeira do município é prioridade. “É inadmissível que, enquanto se vota uma reforma previdenciária motivada pela insustentabilidade financeira do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) municipal, pudéssemos dispor de recursos para a festa”, diz.
O prefeito explicou que a previsão orçamentária era maior do que realmente será recebido pela cidade este ano, mas não informou a quantia. “Sabemos que essa é uma época muito esperada por todos. Agradeço a compreensão e reforço que estamos sempre em busca de alternativas para promover eventos que valorizem nossa cultura e entretenimento”, defendeu.
Situação de emergência
As fortes chuvas que atingiram Minas Gerais desde o começo do ano levaram Serro e Carmo da Mata a também cancelar os investimentos no carnaval. Na primeira, a motivação veio de um prejuízo estimado em mais de R$ 10,7 milhões decorrente das chuvas, conforme informado pelo coordenador da Defesa Civil, Landerson Silva Evangelista. A prefeitura informou que o período chuvoso, além de causar uma morte, deixou famílias desabrigadas, comunidades inacessíveis, prejuízos materiais e ambientais para o Serro. A cidade está em Situação de Emergência, decretada em 22 de janeiro.
Segundo a Defesa Civil, foram mais de 20 ocorrências entre residências danificadas, pontes e passarelas destruídas e estradas bloqueadas. Também houve registros de 16 famílias desalojadas, cerca de 570 pessoas ilhadas, mais de 8 mil com dificuldades de acesso a serviços essenciais, e aproximadamente 13.600 habitantes afetados indiretamente.
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As ladeiras históricas ainda serão pano de fundo para o desfile de seis escolas de samba e 65 blocos de rua. “Os destaques são o Clube dos Lacaios, coletivo mais antigo em atividade no Brasil, criado em 1867 pelos funcionários do palácio do governador à época, e o Balanço da Cobra, composto por professores da Ufop, desde 1975”, destaca Ângelo.
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