REGIÃO CENTRAL DE MG


A musicista Fifi Cordeiro não esconde a emoção ao ver o resultado da restauração do Centro Cultural da Romaria, que foi reinaugurado ontem, em Congonhas, na região Central do Estado. Com os olhos marejados, ela conta que 2020 tem sido um ano muito complicado.

“Na pandemia, o artista ficou tão carente, a população ficou tão carente, e nós tivemos que nos reinventar para fazer com que a nossa arte chegasse às pessoas. Então, hoje, temos um espaço físico e precisamos movimentar isso aqui para que não pare nunca. A gente tem que agradecer, e eu realmente estou muito emocionada”, pontuou a artista. 

Músicos, dançarinos, artesãos e outros artistas da cidade que compareceram à reinauguração do Centro Cultural da Romaria reagiram com alegria semelhante. “Foi uma grande transformação. O centro está preparado para receber a população e os turistas. A diferença foi enorme”, comemorou a funcionária pública Vilma de Moura.

O prédio do Centro Cultural da Romaria foi construído em forma circular, em 1932, e até 1960 abrigava romeiros que passavam pela cidade para pagar promessas e fazer peregrinação até a basílica de Senhor Bom Jesus de Matosinhos, sempre em setembro.

O prédio foi vendido a empresários que transformariam o espaço em um hotel. A estrutura foi demolida, com exceção das torres da entrada, tombadas pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha). O grupo desistiu da obra, a prefeitura voltou a ter a posse do local em 1995. O edifício foi reconstruído nos moldes do original e revitalizado a partir de 2018. 

Na restauração, o prédio recebeu investimento de quase R$ 6 milhões do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vinculado ao Ministério do Turismo e à Secretaria Especial da Cultura. Superintendente do órgão, Debora Maria Ramos afirmou que o espaço é importante para fomentar a área cultural e o turismo. “Foram investidos aqui mais de R$ 5 milhões. É um espaço que vai ser apropriado pela área da cultura, completamente equipado. O objetivo maior é esse: restaurar e devolver para que ele seja apropriado”, comentou. 

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Centro Cultural da Romaria de Congonhas /Foto: Flávio Tavares

 

A revitalização inclui a construção do Teatro Municipal, em andamento. Com outros R$ 6 milhões do Iphan, será feito o Parque da Romaria de Congonhas, perto do centro cultural, com previsão de entrega em 2022.

Antes da reforma, o espaço era utilizado pela parte administrativa da prefeitura. Agora, após a restauração, o prédio vai abrigar a rádio e a TV educativa da cidade; o cinema Cinecult; o Museu da Mineração, que vai contar a história da atividade na cidade; um gabinete para que o prefeito receba autoridades; e um auditório para apresentações.

Turismo precisa ser mais divulgado, diz prefeito

No discurso de reinauguração do Centro Cultural da Romaria, o prefeito de Congonhas, José de Freitas Cordeiro (PSDB), fez agradecimentos, mas também afirmou que o turismo nas cidades históricas precisa ser mais bem divulgado e fez um apelo para que governos federal e estadual ajudem a promover as belezas das cidades históricas mineiras, para impulsionar o turismo. “Não visitam as cidades (históricas mineiras) do jeito que a gente queria, porque não tem divulgação”, pontuou ele, que é conhecido como Zelinho. 

Ele relembrou conversa recente que teve com Vittorio Medioli (PSD), reeleito prefeito de Betim, na região metropolitana: “Quando Medioli esteve aqui, disse: ‘Zelinho, se essas obras estivessem na Europa, teria filas intermináveis pagando caro para ver’”. 

Respostas

Procurada pela reportagem sobre a crítica de Zelinho, a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais informou que, em setembro deste ano, deu início ao programa Minas pra Minas, de reposicionamento do Estado como destino seguro e confiável, que trata o turismo cultural como prioridade. 

Já o Ministério do Turismo informou que, no último mês, repassou R$ 3 milhões à secretaria exclusivamente para promoção dos destinos turísticos mineiros.