Catadores de materiais recicláveis protestaram nesta sexta-feira (29), em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, contra o fechamento do Centro Mineiro de Referência de Resíduos (CMRR), na região Leste de Belo Horizonte, previsto para este sábado (30).

Eles dizem que a medida prejudica os trabalhos e representa retrocesso na política ambiental do Estado e querem discutir alternativas sustentáveis para a manutenção do espaço.

Segundo o representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, Luiz Henrique da Silva, além de acolher os catadores, o CMRR atende mais de 200 municípios que buscam apoio em processos de gestão de resíduos e inclusão de catadores de materiais recicláveis. "É um braço importante do governo que está sendo menosprezado", afirmou.

O autor do requerimento pela audiência, deputado André Quintão (PT) André Quintão, disse que o espaço se tornou referência, e o fechamento é "extremamente negativo para a política pública de coleta seletiva": "Foi uma medida arbitrária sem qualquer tipo de diálogo. Vamos tentar reverter essa decisão".

De acordo com o presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Renato Teixeira Brandão, o fechamento do centro não significa encerramento da política pública de resíduos com inclusão socioprodutiva dos catadores.

Ele afirma que vai haver uma mudança de endereço das atividades, por questões financeiras – o custo atual do espaço na região Leste é de R$ 55 mil mensais, e o novo endereço demandaria R$ 10 mil por mês. "Naquele local, a gente não conseguia executar projetos, era um espaço muito grande que está subutilizado", pontua.

Segundo Brandão, as pessoas que trabalhavam no local foram transferidas para a Cidade Administrativa e devem ser levados para um prédio na região central da capital em até dois meses.

"Não quer dizer encerramento da política pública, vamos mantê-la no mesmo formato que existe hoje. A ideia é criar uma sala para recepção do catador, o nome a gente não tem definido, mas mantendo o apoio e os projetos em outro local", concluiu.

Outro lado

Em nota, a Feam informou que, após a audiência, ficou definido que serão mantidas no CMRR as atividades básicas, com um porteiro por dia, uma faxineira, além das equipes para receber a documentação referente ao Bolsa Reciclagem.
 
Segundo a Feam, o CMRR tinha como meta a autossustentabilidade, por meio de parcerias, mas “a crise inviabilizou a captação de projetos, o que levou o atual governo a propor seu descolamento para a Cidade Administrativa”. 
 
A Fundação informou ainda que, durante a reunião, foi apresentada uma proposta de criação de uma comissão formada por representantes do governo e da sociedade civil para debater alternativas sustentáveis para a manutenção do CMRR e, ate que isso ocorra, será mantido “um atendimento básico” no local.