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Camelôs invadem o Centro da capital de olho no Natal

04/12/2018 00h00 - Atualizado em 21/03/2019 12h40 por Admin


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Simon Nascimento e Bruno Inácio
horizontes@hojeemdia.com.br

Lingeries, camisas, chinelos, bolsas, óculos, relógios, perfumes, brinquedos, videogames, pen drive e acessórios para celular. A três semanas do Natal, as calçadas do hipercentro da capital voltam a ser ocupadas por camelôs, que oferecem diversificadas mercadorias para quem passa pela região. Lojistas reclamam e garantem que a presença dos ambulantes aumentou nos últimos dias.

O retorno dos toreros ocorre 15 meses após a ofensiva montada pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para coibir a prática. Em julho de 2017, uma operação foi realizada para retirar as barracas e desobstruir o espaço público. Em seguida, acordos foram iniciados para levar os vendedores para shoppings populares.

Os camelôs estão concentrados nas imediações da Galeria do Ouvidor. Só no quarteirão formado pelas ruas Curitiba, São Paulo, Carijós e Tamoios, o Hoje em Dia contou 43 bancas. Em dez delas, foram vistas pessoas com deficiência, que têm autorização para trabalhar. Porém, ao abordar dois cadeirantes, ambos chamaram outro vendedor que, segundo os deficientes, seriam os responsáveis pelo ponto de venda, prática proibida pela PBH.
Para atrair a clientela, os camelôs reduzem os preços. Em uma loja da região, por exemplo, mochilas custam de R$ 50 a R$ 100. Na barraca de um torero, produto similar foi encontrado por R$ 30. “Pode olhar sem compromisso que é de qualidade”, enfatizou o rapaz.

Uma mulher disse que a expectativa é grande em meio à chegada do Natal. “A gente espera ganhar mais. O povo gasta muito dinheiro com presentes”, reforça. Já outro camelô diz que o retorno da atividade é reflexo da crise econômica. “No desemprego, precisamos sobreviver”.

Camelô Belo horizonte
Alguns ambulantes oferecem mercadorias pela metade do preço encontrado nas lojas

Reação

A presença dos toreros provocou uma reação da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de BH. Ontem, a entidade enviou ofício ao poder público solicitando reforço na fiscalização. “Percebemos um aumento dos aproveitadores”, afirma o vice-presidente da entidade, Marco Antônio Gaspar.

A concorrência, classificada por ele como desleal, prejudica comerciantes e clientes. Ainda conforme Gaspar, a permissão dada a deficientes era avaliada de forma positiva, mas tem sido burlada. “Começaram a alugar essas pessoas para ficarem ao lado das barracas e atrapalhar a fiscalização. O deficiente, na verdade, ganha R$ 30, R$ 40, enquanto outros trabalham”, diz.

A PBH foi questionada sobre o retorno dos ambulantes e o suposto esquema com deficientes. A administração, no entanto, enviou nota afirmando que “proíbe a atividade de camelôs e toreros no logradouro público”. Conforme o Executivo, a fiscalização é diária. Irregularidades são coibidas com apreensão da mercadoria e multa de R$ 1.958.

“O município atua como parceiro dos camelôs cadastrados que optarem por desenvolver atividades comerciais nos centros credenciados”, acrescenta a nota. Nos próximos cinco anos, a PBH irá subsidiar parte do aluguel nos shoppings. Ao todo, 1.423 pessoas foram catalogadas. No momento, 470 boxes estão ocupados em dois centros de compras populares. Quem ainda tem interesse pode procurar a Secretaria de Política Urbana (avenida Álvares Cabral, 217, Centro).