Reajuste de 8,5% da Petrobras já chegou ao consumidor

Após o aumento médio de 8,5% no Gás Liquefeito de Petróleo de uso residencial (GLP) anunciado pela Petrobras na terça-feira passada, o preço do botijão de gás de 13 kg já é vendido em distribuidores da região Centro Sul da capital mineira por até R$ 93. A variação de preço em distribuidoras da capital é grande. O menor preço encontrado pela reportagem foi R$ 68 e a maioria das distribuidoras comercializava o botijão a R$ 75. Na semana de 14 a 20 de outubro, a média do preço do botijão era R$ 70,52, no Estado, segundo pesquisa da Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

“Temos mais de cem distribuidoras de gás de cozinha em Belo Horizonte, a concorrência é grande, então é importante pesquisar”, diz o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes e Bares de Belo Horizonte (SindHorb), Paulo César Marcondes Pedrosa. Segundo o dirigente, os custos de energia, água e gás são os mais altos para o setor. “No acumulado do ano, o preço do botijão praticamente dobrou. Isso impacta muito nos custos dos hotéis e restaurantes. E não conseguimos repassar para o cliente, não temos espaço para reajustes”, diz Pedrosa. Ele afirma que um aumento de 6% no valor da refeição acarreta uma queda de 18% na clientela. “Mesmo com aumento de custos, o cenário econômico tem dificultado reajustes e também levado muitos restaurantes a reduzir preços, oferecendo promoções”, complementa.

“O repasse do aumento do gás é inviável para o mercado porque afeta diretamente o faturamento”, afirma o proprietário do restaurante Racho Fundo, na região Oeste de Belo Horizonte, Mário Sousa.

Opção

Segundo o empresário, ele vai reduzir o custo com gás de cozinha em 50% adotando o gás encanado. “Foi a alternativa que tive de reduzir e conseguir manter o meu preço”, afirma Sousa. “Temos orientado os restaurantes a estudar a possibilidade de adotar o gás encanado da Gasmig porque a redução de preço é em média de 40%”, afirma o presidente do sindicato. Para o dirigente, a restrição de bairros que o gás encanado está disponível dificulta sua adoção.

“O grande problema que os empresários enfrentam para adotar o gás encanado é que ele não está disponível em todos os bairros. Aí, o estabelecimento fica como a única opção o botijão. Principalmente os pequenos comerciantes”, avalia Pedrosa.

Dólar alto

Motivação. Segundo a Petrobras, os motivos para a alta do gás de cozinha foram a desvalorização do real frente ao dólar e as elevações nas cotações internacionais do GLP.

Distribuidoras estão segurando o preço

Os proprietários de distribuidoras de gás de cozinha relatam que estão evitando passar todo o aumento do produto para os clientes. “Os botijões chegaram R$ 3 mais caros na remessa dessa semana. Eu mantive o mesmo preço de antes do aumento, R$ 75 no cartão de crédito e R$ 70 no dinheiro”, conta Robson Ferreira, proprietário da distribuidora Jardim Industrial, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. “Se aumenta o preço, não vende. A concorrência é grande”, afirma Ferreira.

“Repassei para o cliente cerca de 50% do aumento e agora estou cobrando R$ 75. Não repassei tudo porque o mercado não comporta”, afirma André Arlindo Maciel, proprietário da Distribuidora Água e Gás, no bairro Padre Eustáquio, região Noroeste de Belo Horizonte. Segundo o empresário, o aumento tem diminuído a clientela. “As vendas caíram 30% na comparação com novembro de 2017”, afirma Maciel.

Gasolina fica mais barata

São Paulo. A partir desta quinta-feira (15), a gasolina sai mais barata da refinaria. A Petrobras anunciou, na quarta-feira (14), um corte de 3,14% no preço médio do litro da gasolina A, sem tributo. O valor foi para R$ 1,6094.

No mês, a queda acumulada é de 13,58%. Além disso, a estatal manteve o preço do diesel, em R$ 2,1228, conforme tabela disponível no site da empresa.

Em 6 de setembro, a diretoria da companhia petrolífera anunciou que, além dos reajustes diários da gasolina, de acordo com o mercado internacional, terá a opção de utilizar um mecanismo de proteção de preço (hedge) complementar.

Pesquisas da ANP

Em Minas Gerais

Entre 14 e 20 de outubro, a pesquisa da Agência Nacional de Petróleo (ANP) apontava que o maior valor do botijão de gás residencial encontrado em Minas Gerais era R$ 90, e o menor valor, R$ 55.

Em Belo Horizonte

Entre 4 e 10 de novembro, antes do último aumento, a média de preço do botijão de gás na capital mineira era R$ 68,67. O mais caro custava R$ 80, e o menor valor encontrado fio R$ 60.