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Diz o senso-comum que existe uma drogaria Araujo a cada esquina em Belo Horizonte. Não é bem assim — a empresa tem cerca de 170 unidades na capital, segundo o Conselho Regional de Farmácia (CRF-MG). Mas observar as ruas da cidade, como as de outras capitais brasileiras, torna o protagonismo das farmácias evidente. Vê-se uma Araujo perto de uma Droga Raia, uma farmácia de bairro do outro lado da rua e uma Pacheco no mesmo quarteirão. A alta concentração desses estabelecimentos não é só impressão de quem passa: há mais unidades de farmácias do que bairros ou supermercados em BH.
Existem 1.340 farmácias ativas em Belo Horizonte, segundo a Receita Federal, quase o triplo do número de bairros da cidade — 487. Em comparação, são 557 supermercados, excetuando armazéns, mercearias e minimercados. E, como já está cravado no imaginário belo-horizontino, muito mais bares: 4.069.
Mas há mercado para tantas (e tão próximas) farmácias? Do ponto de vista dos negócios, sim. “O número de farmácias por metro quadrado é um mistério inclusive para mim, que sou especialista no setor. Mas obviamente existe um mercado demandante. A demanda por produtos farmacêuticos e cosméticos é extremamente alta”, introduz o economista e professor de MBAs da Fundação Getulio Vargas, especialista em varejo, Roberto Kanter.
A analista do Sebrae Minas Patricia Delgado concorda: “a área da saúde sempre esteve em alta, porque é um serviço básico. Depois da pandemia, a concorrência foi elevada. O fato de estarem próximas umas das outras pode trazer vantagens. Se sei que meu bairro tem uma rua com três farmácias e outra com uma drogaria isolada, darei preferência à região que tem três”, pontua.
O contínuo crescimento do mercado farmacêutico também reflete mudanças da pirâmide etária do Brasil, primeiro fator listado pelo professor de administração da Fundação Dom Cabral Douglas Wegner para explicar a disseminação das lojas. “Temos, por um lado, uma mudança demográfica da população brasileira, um envelhecimento da população. Pessoas mais velhas, por questão lógica, consomem mais medicamentos. Em segundo lugar, o brasileiro tem uma cultura de automedicação. As farmácias se beneficiam da lógica de que muitos medicamentos podem ser comprados livremente no Brasil. Outro fator é que as margens de lucro do setor são muito altas”.
Ele também lembra que não é coincidência que se veja tantas grandes redes às vezes no mesmo quarteirão: “as redes têm acesso a tecnologia de gestão interna do negócio e uma série de softwares e inteligência de mercado que permitem avaliar onde há mais fluxo de clientes, onde o consumo será maior, por qual tipo de produto há demanda e quem mora naquela região”.
Maiores redes de farmácia faturam R$ 90,1 bilhões
O mercado é dominado por gigantes. Os 22 grupos econômicos reunidos na Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) faturaram R$ 90,1 bilhões no último ano, crescimento de 13,5% em comparação ao ano anterior. No topo do ranking, está a Raia Drogasil (que inclui a Droga Raia). A Araujo, que só atua em Minas Gerais, aparece em sexto lugar, com projeção de faturamento de R$ 4,4 bilhões em 2024.
Veja o ranking dos dez maiores faturamentos:
Raia Drogasil
Drogaria Pacheco São Paulo
Grupo Pague Menos
Farmácias São João
Panvel
Drogaria Araujo
Drogarias Nissei
Drogaria Venancio
Farmácia Indiana
Drogal Farmacêutica
Mais um caso de drogarias vizinhas em Belo Horizonte.
Foto: Flavio Tavares / O Tempo
São farmácias com dezenas ou centenas de lojas, pois um alto número de unidades significa poder. A Pacheco, por exemplo, tem 88 lojas em Minas, 37 delas em BH. Só na capital, ela emprega 396 pessoas. A Droga Raia tem 57 lojas na capital e 900 funcionários. O grupo que detém a marca, o RD Saúde, espera abrir de 280 a 300 unidades da Raia e da Drogasil nacionalmente neste ano. Procurada pela reportagem, a Araujo não divulgou os dados de sua operação em BH. Em Minas, ela tem cerca de 340 lojas e 11 mil colaboradores.
“As farmácias têm um poder de barganha muito grande. Quanto mais lojas elas têm, mais bonificações recebem da indústria. Toda grande rede tem uma distribuidora por trás, e ela negocia de forma muito agressiva com as indústrias. É um mercado extremamente subsidiado por elas”, diz. Ele destaca que, quando uma rede abre uma loja, recebe o que se chama no varejo de “enxoval”, um estoque de mostruário que as indústrias garantem à nova unidade.
O vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estados de Minas Gerais (Sincofarma-MG), Gilvânio Eustáquio Rodrigues, avalia que a atual dinâmica do mercado, dominado por gigantes, pressiona as farmácias de bairro. “As grandes redes crescem mais do que as farmácias independentes devido ao faturamento. O número de pequenas farmácias cresce, mas, no mesmo patamar em que abrem, fecham”.
Mesmo cercadas, pequenas farmácias sobrevivem
Como em outros mercados, o varejo farmacêutico é protagonizado por grandes grupos, contudo a maioria dos negócios permanece na mão dos pequenos empreendedores. Oito em cada dez farmácias no Brasil são micro ou pequenas empresas, de acordo com dados da Receita Federal compilados pelo Sebrae. No Sudeste, são 37.110 pequenas empresas no ramo, comparadas a 8.478 de médio e grande porte. Mesmo sendo maioria, o perigo para as pequenas é constante, até para as farmácias fora das capitais, alerta o economista e professor da FGV Roberto Kanter: “se elas correm o risco de ser engolidas? Com certeza. É só a cidade crescer um pouco”.
Manter as portas abertas é um esforço permanente, descrevem os donos e funcionários de pequenos negócios em BH. Em muitos casos, eles estão literalmente cercados pelas grandes redes, como depõe o gerente da Drogaria Santa Efigênia, na região Centro-Sul, Michel Reis: “com sinceridade, se a Araujo quisesse, não existiríamos, mas o preço dela costuma ser mais caro. Tem semanas em que eles têm campanhas de promoção, e aí nosso comércio dá uma desacelerada. Não somos bobos, e ficamos de olho nas promoções deles. Se vemos que vendem mais barato, baixamos o preço. Sou cercado por duas Araujo, e agora abriu uma Raia, para piorar”.
Michel Reis, gerente da Drogaria Santa Efigênia.
Foto: Flavio Tavares / O Tempo
“O mais difícil é manter os boletos em dia”, completa o dono da Popular Farma, no bairro Coração Eucarístico, na região Noroeste, Thalis da Cunha. “É um ramo em que um engole o outro. Tem uma Araujo aqui do lado. Os clientes chegam aqui dizendo que lá está mais caro ou mais barato, e dependendo do remédio, tentamos cobrir a oferta para não perder o cliente. Mas lógico que as grandes redes têm um poder de compra maior, então competir com elas é difícil. Às vezes, nem lucro com o remédio, só cobro o preço de custo e os impostos para não perder a venda, se o cliente estiver levando outros em que conseguimos ganhar”.
Uma das estratégias da farmácia é atrair parcerias com instituições de longa permanência, para as quais oferece descontos e um carregamento periódico de medicamentos para os hóspedes. “Damos um descontinho e fechamos convênios para poder sobreviver. Isso gera um faturamento fixo”, explica.
O atendimento mais íntimo é outro trunfo dos pequenos empreendedores, na perspectiva do gerente Michel, da Drogaria Santa Efigênia. “Nos sobressaímos no bom atendimento. Conhecemos os produtos e, na maioria das grandes redes, os vendedores não sabem nada, são ‘retiradores de pedidos’. Um senhor de idade, por exemplo, zela pelo bom atendimento e é mais acolhido [em uma farmácia menor]”, argumenta.
Outra possibilidade de fortalecimento é a união das pequenas farmácias em associações. “Elas podem se unir e formar associações ou cooperativas para se colocar à frente do mercado com algum diferencial que, sozinhas, as unidades não conseguem”, reforça a analista do Sebrae Minas Patricia Delgado.
O vice-presidente do Sincofarma-MG, Gilvânio Eustáquio Rodrigues, concorda: “existe futuro e espaço para os pequenos. Eles têm que se profissionalizar, se associar em redes e acompanhar números. O que vejo em farmácias é que o dono quer vender, ser farmacêutico e administrar. Mas essas farmácias estão fadadas a acabar. Ou a pessoa se profissionaliza e coloca pessoas competentes para trabalhar ou terá dificuldade”.
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Existem 1.340 farmácias ativas em Belo Horizonte, segundo a Receita Federal, quase o triplo do número de bairros da cidade — 487. Em comparação, são 557 supermercados, excetuando armazéns, mercearias e minimercados. E, como já está cravado no imaginário belo-horizontino, muito mais bares: 4.069.
Mas há mercado para tantas (e tão próximas) farmácias? Do ponto de vista dos negócios, sim. “O número de farmácias por metro quadrado é um mistério inclusive para mim, que sou especialista no setor. Mas obviamente existe um mercado demandante. A demanda por produtos farmacêuticos e cosméticos é extremamente alta”, introduz o economista e professor de MBAs da Fundação Getulio Vargas, especialista em varejo, Roberto Kanter.
A analista do Sebrae Minas Patricia Delgado concorda: “a área da saúde sempre esteve em alta, porque é um serviço básico. Depois da pandemia, a concorrência foi elevada. O fato de estarem próximas umas das outras pode trazer vantagens. Se sei que meu bairro tem uma rua com três farmácias e outra com uma drogaria isolada, darei preferência à região que tem três”, pontua.
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Maiores redes de farmácia faturam R$ 90,1 bilhões
O mercado é dominado por gigantes. Os 22 grupos econômicos reunidos na Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) faturaram R$ 90,1 bilhões no último ano, crescimento de 13,5% em comparação ao ano anterior. No topo do ranking, está a Raia Drogasil (que inclui a Droga Raia). A Araujo, que só atua em Minas Gerais, aparece em sexto lugar, com projeção de faturamento de R$ 4,4 bilhões em 2024.
Veja o ranking dos dez maiores faturamentos:
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Drogaria Araujo
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Drogal Farmacêutica
Mais um caso de drogarias vizinhas em Belo Horizonte.
Foto: Flavio Tavares / O Tempo
São farmácias com dezenas ou centenas de lojas, pois um alto número de unidades significa poder. A Pacheco, por exemplo, tem 88 lojas em Minas, 37 delas em BH. Só na capital, ela emprega 396 pessoas. A Droga Raia tem 57 lojas na capital e 900 funcionários. O grupo que detém a marca, o RD Saúde, espera abrir de 280 a 300 unidades da Raia e da Drogasil nacionalmente neste ano. Procurada pela reportagem, a Araujo não divulgou os dados de sua operação em BH. Em Minas, ela tem cerca de 340 lojas e 11 mil colaboradores.
“As farmácias têm um poder de barganha muito grande. Quanto mais lojas elas têm, mais bonificações recebem da indústria. Toda grande rede tem uma distribuidora por trás, e ela negocia de forma muito agressiva com as indústrias. É um mercado extremamente subsidiado por elas”, diz. Ele destaca que, quando uma rede abre uma loja, recebe o que se chama no varejo de “enxoval”, um estoque de mostruário que as indústrias garantem à nova unidade.
O vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estados de Minas Gerais (Sincofarma-MG), Gilvânio Eustáquio Rodrigues, avalia que a atual dinâmica do mercado, dominado por gigantes, pressiona as farmácias de bairro. “As grandes redes crescem mais do que as farmácias independentes devido ao faturamento. O número de pequenas farmácias cresce, mas, no mesmo patamar em que abrem, fecham”.
Mesmo cercadas, pequenas farmácias sobrevivem
Como em outros mercados, o varejo farmacêutico é protagonizado por grandes grupos, contudo a maioria dos negócios permanece na mão dos pequenos empreendedores. Oito em cada dez farmácias no Brasil são micro ou pequenas empresas, de acordo com dados da Receita Federal compilados pelo Sebrae. No Sudeste, são 37.110 pequenas empresas no ramo, comparadas a 8.478 de médio e grande porte. Mesmo sendo maioria, o perigo para as pequenas é constante, até para as farmácias fora das capitais, alerta o economista e professor da FGV Roberto Kanter: “se elas correm o risco de ser engolidas? Com certeza. É só a cidade crescer um pouco”.
Manter as portas abertas é um esforço permanente, descrevem os donos e funcionários de pequenos negócios em BH. Em muitos casos, eles estão literalmente cercados pelas grandes redes, como depõe o gerente da Drogaria Santa Efigênia, na região Centro-Sul, Michel Reis: “com sinceridade, se a Araujo quisesse, não existiríamos, mas o preço dela costuma ser mais caro. Tem semanas em que eles têm campanhas de promoção, e aí nosso comércio dá uma desacelerada. Não somos bobos, e ficamos de olho nas promoções deles. Se vemos que vendem mais barato, baixamos o preço. Sou cercado por duas Araujo, e agora abriu uma Raia, para piorar”.
Michel Reis, gerente da Drogaria Santa Efigênia.
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