Em meio à confirmação do primeiro caso de coronavírus em Belo Horizonte, a cidade amplia a mudança na rotina. UFMG, faculdades particulares e escolas que ainda não haviam suspendido as aulas entrarão de recesso a partir desta quarta-feira (18) – data em que toda a rede de ensino estadual, que tem 1,8 milhão de alunos, também vai parar. Pontos turísticos e espaços culturais serão fechados ao público e parte dos servidores que trabalham na Cidade Administrativa vão para o home office. Até ontem, Minas confirmava seis pacientes com Covid-19 e 420 notificações eram investigadas.

O próprio governador Romeu Zema (Novo) está em isolamento voluntário em casa, desde a tarde de ontem, após saber que uma pessoa com a qual teve contato na última semana tem diagnóstico positivo para a doença. A expectativa era a de que ele, que não apresenta sintomas, fizesse o exame para o novo vírus o quanto antes.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, que integrou a comitiva de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, teve a confirmação da Covid-19 e também está em quarentena. Ele ainda não é contabilizado como um dos pacientes confirmados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). 

Capital

O primeiro caso confirmado em BH é o de uma mulher, de 34 anos, infectada em São Paulo. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), ela manteve contato com uma pessoa que chegou do exterior. Assim que teve sintomas de gripe, procurou o hospital.

Na tentativa de conter o avanço da enfermidade em Minas, o governo determinou a suspensão das aulas da rede estadual, por cinco dias, a partir desta quarta. Atendendo a pedido do Sindicato dos Professores (Sinpro/MG), o Tribunal Regional do Trabalho-MG determinou nessa segunda-feira (16) a suspensão das atividades dos docentes na rede privada, desta quarta até o dia 31, sem prejuízo da remuneração. A decisão prevê multa diária de R$ 30 mil caso haja desobediência. 

Equipamentos culturais do Estado, como museus, biblioteca pública, Palácio das Artes e Fundação Clóvis Salgado ficarão fechados. “As ações são para evitar o aumento da curva do coronavírus. Outras serão anunciadas com a ascensão dos casos, de forma a enfrentar a epidemia que certamente chegará aqui em algumas semanas”, destacou o secretário de Estado de Saúde (SES), Carlos Eduardo Amaral. 

Há expectativa de que Minas receba, nesta semana, mais 500 kits de exames PCR. A metodologia passou a ser usada pela Fundação Ezequiel Dias (Funed) na quinta-feira, mas só com 250 testes. A promessa era de resultados em 72 horas.

Porém, em apenas quatro dias, houve acréscimo de 125 suspeitas, mas só dois pacientes testaram positivo.

Segundo Amaral, a Funed está se adaptando à tecnologia. “A partir desta semana teremos mais agilidade nas respostas”. Mas o secretário admite que podem faltar testes. “Tem potencial de aumento de notificações. Se for muito grande, casos sintomáticos não terão exame”.

Além disso

Novas medidas para conter o avanço do coronavírus poderão ser anunciadas na segunda-feira que vem. De acordo com o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, os olhares estarão atentos ao próximo fim de semana, que é quando se espera um crescimento de pacientes com Covid-19 por aqui. 

Para isso, compara-se a situação em Minas com o que está ocorrendo em São Paulo e no Rio de Janeiro. “Se começar a mudar a curva de ascensão (dos casos) por aqui, pode ser que estejamos mudando o patamar, pode ser que venhamos a precisar de medidas mais agressivas”.

Dependendo do número de casos, a paralisação nas escolas e em edificações do Estado deverá ser ampliada. “O que buscamos agora é evitar o impacto exagerado que a sociedade e o Estado vão sofrer, porque isso vai acontecer em algum momento”, destacou o titular da SES.