UM BRINDE ÀS VAGAS


O setor de bares e restaurantes em Minas ainda não conseguiu se livrar completamente dos efeitos da pandemia de Covid-19. Mas os últimos resultados animam os empresários do segmento, que já planejam realizar contratações. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG), três em cada dez estabelecimentos pretendem ampliar equipes e fazer novas contratações até o final do ano.


O setor, um dos mais atingidos no combate à Covid-19, vive seu melhor momento após a fase mais crítica da pandemia. Julho foi o mês em que houve a maior redução do número de bares e restaurantes ainda trabalhando no vermelho (18%). E a maioria (45%) já está tendo lucro, segundo a Abrasel-MG.

O levantamento aponta ainda que 56% pretendem manter o atual quadro de funcionários e apenas 10% disseram que preveem demissões até o fim do ano.


Notícia boa para pessoas como Claydson Kauan, de 19 anos. Há oito meses ele procurava uma oportunidade para o primeiro emprego formal, depois que encerrou sua experiência como menor aprendiz. Na quinta-feira (22) ele viveu o primeiro dia de trabalho em um restaurante no Prado, região Oeste de Belo Horizonte. 

“Tô muito feliz e animado. Vou poder comprar minhas roupas, pagar minhas coisas. Meu objetivo é continuar aqui e quem sabe um dia virar até chefe”, comenta. 

Boas perspectivas


Essa onda de otimismo é o que anima o empresário Mateus Hermeto, proprietário do restaurante Barolio, no Vila da Serra. Ele resolveu tirar da gaveta um projeto antigo, que ficou parado na pandemia, e deve investir para criar uma nova unidade do estabelecimento. 


“Vamos ter que contratar toda uma equipe. Vivemos um momento melhor após a pandemia e retomamos este plano.

Enfrentamos a pandemia, greve dos caminhoneiros, inflação, cada hora uma coisa, mas agora vamos retomar o projeto”, conta. 
Só no bar dele deverão ser feitas de 20 a 30 contratações ainda neste ano para preparar a inauguração do espaço para 2023.
O presidente da Abrasel-MG, Matheus Daniel, explica que julho, normalmente, é um mês mais fraco para o setor por causa das férias de inverno e que os resultados alcançados devem ser comemorados.


“Esse crescimento da demanda de mão de obra para o fim do ano é reflexo também de um dado otimista revelado na pesquisa, mostrando que o nível de empresas trabalhando com prejuízo continua baixo. Os resultados não alteraram muito entre junho e julho, mas devem ser interpretados como uma boa notícia”, avalia.


O desemprego ainda é um problema para muitos brasileiros. De acordo com o IBGE, 9,1% da população terminou o segundo trimestre desempregada – são mais de 10 milhões de pessoas buscando uma oportunidade. E o setor de alimentação teve crescimento destacado, com expansão de 19,7% no segundo trimestre de 2022 comparado com o mesmo período do ano passado.

Dívidas ainda pesam


As coisas vão bem para a maioria. Mas o passado ainda pesa no orçamento das empresas do setor. Para se salvar durante a crise, muitos bares e restaurantes buscaram empréstimos e tentaram renegociar dívidas antigas para manter as portas abertas. Porém, agora que chegou a hora de pagar, muitos não estão dando conta de honrar o compromisso.


Segundo a Abrasel, 35% dos donos de bares e restaurantes ainda têm parcelas do Simples Nacional em atraso. Para aqueles que têm empréstimos em instituições financeiras, 31% estão devendo parcelas e 12% daqueles que buscaram auxílio no Pronampe, programa do governo federal, não conseguiram manter os pagamentos em dia e estão inadimplentes.