Comércio no centro da capital ainda não empolgou consumidor para a principal data festiva do ano

Chegou dezembro e, com ele, os tradicionais enfeites e músicas natalinas no comércio de Belo Horizonte. Tudo igual a todos os anos, com apenas uma mudança, que faz toda diferença: as lojas do centro da cidade, que normalmente registram uma forte movimentação no período, ainda estão vazias. Em alguns locais, as vendas na primeira quinzena do mês caíram pela metade frente a mesma época de 2017.

Na Big Feira, na avenida Paraná, o cenário é de tranquilidade para os vendedores. No meio da tarde desta sexta-feira (14), muitos estavam de braços cruzados no que eles chamam de “lojão” na entrada. “Nem está parecendo que estamos próximos do Natal. No ano passado, na mesma época, a gente estava arrebentando de vender”, resume a gerente do local, Edilaine Souza.

Proprietário de um box de roupas masculinas no local, Ario Barbosa tenta manter as portas abertas. No ano passado, ele teve que repor o estoque por quatro vezes ao longo do mês. Neste ano, ele acredita que uma única vez será suficiente. “Em 2017, eu consegui R$ 30 mil no mês. Se eu conseguir R$ 15 mil neste ano é muito”, avalia com base nas vendas atuais.

Na Loja das Meias, praticamente ao lado, a situação não estava muito diferente. Enquanto os clientes não entravam, as atendentes ficaram organizando o estoque. Mas o esforço não está sendo capaz de levar o clima natalino para lá. Apesar da paradeira da primeira quinzena, o proprietário da loja, Elson Araújo, acredita que ainda dá para empatar com o ano passado. O que não necessariamente é uma notícia tão boa já que, em 2017, eles registraram queda de 30% nas vendas frente a 2016.

“Estamos sofrendo as consequências de uma crise prolongada e dos atrasos de pagamentos do funcionalismo público”, avalia. Caso os resultados não melhorem, ele não descarta iniciar o próximo ano com demissão. “Teremos que cortar gastos, não vai ter jeito”, afirma.

Na loja Mobili, vendedora de móveis, nem mesmo as promoções estão sendo suficientes para atrair clientes. “Dezembro não é um mês que precisamos de preços promocionais, mas, neste ano, estamos dando descontos de até 30%”, afirma o gerente da loja, César Amado.

Contramão

O que se vê nas ruas contraria as expectativas da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) de um Natal 3,1% mais gordo para o setor. “Nós estamos acompanhando e vendo bons resultados neste mês. As vendas ficaram um pouco piores nos últimos dois dias”, afirma o vice-presidente da instituição, Marcelo de Souza e Silva.

Para ele, há chances de haver uma corrida às compras assim que os consumidores receberem a segunda parcela do 13º salário, no dia 20. Ele admite que o atraso do pagamento desse benefício aos servidores do Estado é um fator prejudicial para as vendas. “Esse quadro é o extremo do ruim. As pessoas ficam sem dinheiro disponível e com medo de comprar no prazo porque não têm segurança para endividar”, diz Silva.

Camelôs ignoram legislação e comemoram alta nos negócios

Enquanto as lojas amargam prejuízos, os camelôs comemoram boas vendas. Concentrados nas ruas São Paulo e Carijós, no centro da capital, eles vendem de tudo um pouco: chinelos, toalhas, brinquedos, dentre outras coisas.

“As vendas estão uns 30% melhores do que nos meses normais. No ano passado eu não estava aqui ainda, por isso não posso fazer uma comparação”, afirma o ambulante Leandro Nogueira, 37.

Segundo a Secretaria Municipal de Política Urbana, camelôs são proibidos, mas são permitidos os que usam veículo de tração humana, como os pipoqueiros, e veículos automotores, como lanches rápidos. Deficientes também podem atuar, desde que licenciados. Desde julho do ano passado, a prefeitura já recolheu 22 mil pacotes de mercadorias no hipercentro.