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Com o Decreto Municipal da Prefeitura de Igarapé, na região metropolitana de Belo Horizonte, de tombamento provisório da Serra de Pedra Grande, a cidade poderá ganhar um parque ecológico e virar uma nova atração para o ecoturismo mineiro. O decreto 3322, assinado nesta terça-feira (29 de agosto), tem como objetivo proteger o meio ambiente diante de ameaças de avanço da mineração no monumento natural, que abriga fauna, flora, nascentes e cavernas, além de transformar o local em mais atrativo para os apaixonados por natureza.
“A Serra, com suas inúmeras nascentes e corredor ecológico, é onde está a sustentação do Sistema Serra Azul, da Copasa, que é responsável por abastecer 2 milhões de pessoas da grande BH. Então, esse tombamento traz benefícios para a conservação do meio ambiente, da formação florestal, do cerrado, além de garantir a sustentabilidade das pessoas e de toda fauna”, pontua o secretário de meio ambiente e desenvolvimento de Igarapé, Isaias Abreu.
O decreto da prefeitura prevê que a área de proteção, atualmente de 231 mil metros quadrados, seja ampliada em mais de sete vezes. O plano é fazer, em parceria com a Mineração Usiminas, proprietária da área, uma estrutura de ecoturismo, com pavimento, ponto de apoio aos turistas, área de estacionamento e outros. A Prefeitura não informou sobre investimento, e disse que a estrutura poderá ser feita com “benefício fiscal”.
Atualmente, uma área de 7.100 hectares no local é uma Área de Proteção Ambiental (APA), ou seja, um local que em função da presença de espécies vegetais é protegido. Porém, não há impeditivos para que a área seja minerada. Por isso, de acordo com o vice-prefeito da cidade, Daute Henriques Alvim (Dautinho), nesta tarde, haverá uma reunião com uma equipe técnica que vai desenvolver um documento para que de provisório, o tombamento passe a ser definitivo, e a área não tenha risco de ser arrasada. O tombamento provisório já é um primeiro recurso de proteção.
“Precisamos de estudo técnico com dados sobre quantidade de nascentes, bacias, espécies que habitam o local, vegetal, etc, e, com esse documento, a gente fará um novo decreto com dados que justifiquem o tombamento. Não há prazo legal para isso, mas nossa expectativa é que aconteça em seis meses”, disse. A equipe será formada por uma empresa privada contratada pela prefeitura, pela secretaria de meio ambiente e pelo Conselho Municipal de Defesa e Conservação do Meio Ambiente (CODEMA).
Ainda segundo o vice-prefeito, a empresa afirma não ter intenção de explorar a área, mas a medida é uma forma de garantir que não haverá mudanças. “A Usiminas afirma que a área não é economicamente rentável para mineração e não há planos para trabalhos no local, mas ninguém sabe daqui a 20 e 30 anos. O decreto é assinado pelo prefeito Arnaldo Chaves, ele pode ser contestado pela mineração porque a área é privada. Mas vamos continuar na luta para transformar o local em uma área de ecoturismo e preservação”, garante.
A Usiminas foi procurada e, até a publicação desta reportagem, ela ainda não havia respondido.
Ambientalista comemoram tombamento
Conselheiro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Paraopeba (CBH-Paraopeba), Heleno Maia, comemora o tombamento da área que, segundo ele, é rica em biodiversidade, além de possuir um alto valor cultural. "Tanto a fauna, a flora e recursos hídricos são vastos, além de um valor cultural muito grande para a sociedade. Ali é um bioma do Cerrado, onde há lobo-guará que está em risco de extinção, temos grandes nascentes que abastecem inclusive os reservatórios que abastecem grande parte da região metropolitana. Vemos essa atitude como assertiva e louvável para proteção desse monumento. Acho que as cidades ao entorno também deveriam fazer o mesmo.
Opinião parecida tem a ambientalista do Projeto Manuelzão, Jeanine Renate. No entanto, ela pontua que a medida é uma forma de preservar o que restou do bioma da região, que é alvo de atividades minerárias há anos. "Quando olhamos para o mapa, para aquele território, podemos ver que a área é um remanescente, o que sobrou da serra. A medida, talvez tardia, vai resguardar o que sobrou. É muito triste a história da região. Temos várias outras mineradoras e temos possibilidade de novas surgirem. É necessário essa preservação sobretudo quando pensamos no quadrilátero aquífero existente na área", avalia.
Jeanine Renate cobra ainda um investimento da prefeitura em fiscalização e infraestrutura para tornar o local atrativo para o ecoturismo. "Para além do tombamento precisamos de fiscalização e de pessoas para transformar isso em turismo. Não digo de grande obra, até porque isso implica em intervenção, mas o mínimo que é disponibilizar trilhas, um ponto de água, um lugar com sombra e placas. Que a prefeitura traga essa boa vontade e dê outros usos aos local", pede.
Os ambientalistas pedem ainda para que a medida seja replicada por cidades vizinhas, que também abrigam parte da Pedra Grande. "Acho que as cidades ao entorno também deveriam fazer o mesmo", pede Maia. Jeanine Renate reforça o pedido e cobra ainda uma maior educação ambiental da sociedade. "Tomara que os outros municípios se atentem para isso, para preservação desse pedacinho do quadrilátero aquífero. É necessário trocar a mentalidade da população, que acha que a mineração traz riqueza e ajuda a evoluir. Quem sabe a área em Igarapé não possa ser um núcleo para trazer o contexto de educação ambiental para a população não apenas dali, mas de outros locais", finaliza.
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“A Serra, com suas inúmeras nascentes e corredor ecológico, é onde está a sustentação do Sistema Serra Azul, da Copasa, que é responsável por abastecer 2 milhões de pessoas da grande BH. Então, esse tombamento traz benefícios para a conservação do meio ambiente, da formação florestal, do cerrado, além de garantir a sustentabilidade das pessoas e de toda fauna”, pontua o secretário de meio ambiente e desenvolvimento de Igarapé, Isaias Abreu.
O decreto da prefeitura prevê que a área de proteção, atualmente de 231 mil metros quadrados, seja ampliada em mais de sete vezes. O plano é fazer, em parceria com a Mineração Usiminas, proprietária da área, uma estrutura de ecoturismo, com pavimento, ponto de apoio aos turistas, área de estacionamento e outros. A Prefeitura não informou sobre investimento, e disse que a estrutura poderá ser feita com “benefício fiscal”.
Atualmente, uma área de 7.100 hectares no local é uma Área de Proteção Ambiental (APA), ou seja, um local que em função da presença de espécies vegetais é protegido. Porém, não há impeditivos para que a área seja minerada. Por isso, de acordo com o vice-prefeito da cidade, Daute Henriques Alvim (Dautinho), nesta tarde, haverá uma reunião com uma equipe técnica que vai desenvolver um documento para que de provisório, o tombamento passe a ser definitivo, e a área não tenha risco de ser arrasada. O tombamento provisório já é um primeiro recurso de proteção.
“Precisamos de estudo técnico com dados sobre quantidade de nascentes, bacias, espécies que habitam o local, vegetal, etc, e, com esse documento, a gente fará um novo decreto com dados que justifiquem o tombamento. Não há prazo legal para isso, mas nossa expectativa é que aconteça em seis meses”, disse. A equipe será formada por uma empresa privada contratada pela prefeitura, pela secretaria de meio ambiente e pelo Conselho Municipal de Defesa e Conservação do Meio Ambiente (CODEMA).
Ainda segundo o vice-prefeito, a empresa afirma não ter intenção de explorar a área, mas a medida é uma forma de garantir que não haverá mudanças. “A Usiminas afirma que a área não é economicamente rentável para mineração e não há planos para trabalhos no local, mas ninguém sabe daqui a 20 e 30 anos. O decreto é assinado pelo prefeito Arnaldo Chaves, ele pode ser contestado pela mineração porque a área é privada. Mas vamos continuar na luta para transformar o local em uma área de ecoturismo e preservação”, garante.
A Usiminas foi procurada e, até a publicação desta reportagem, ela ainda não havia respondido.
Ambientalista comemoram tombamento
Conselheiro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Paraopeba (CBH-Paraopeba), Heleno Maia, comemora o tombamento da área que, segundo ele, é rica em biodiversidade, além de possuir um alto valor cultural. "Tanto a fauna, a flora e recursos hídricos são vastos, além de um valor cultural muito grande para a sociedade. Ali é um bioma do Cerrado, onde há lobo-guará que está em risco de extinção, temos grandes nascentes que abastecem inclusive os reservatórios que abastecem grande parte da região metropolitana. Vemos essa atitude como assertiva e louvável para proteção desse monumento. Acho que as cidades ao entorno também deveriam fazer o mesmo.
Opinião parecida tem a ambientalista do Projeto Manuelzão, Jeanine Renate. No entanto, ela pontua que a medida é uma forma de preservar o que restou do bioma da região, que é alvo de atividades minerárias há anos. "Quando olhamos para o mapa, para aquele território, podemos ver que a área é um remanescente, o que sobrou da serra. A medida, talvez tardia, vai resguardar o que sobrou. É muito triste a história da região. Temos várias outras mineradoras e temos possibilidade de novas surgirem. É necessário essa preservação sobretudo quando pensamos no quadrilátero aquífero existente na área", avalia.
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Os ambientalistas pedem ainda para que a medida seja replicada por cidades vizinhas, que também abrigam parte da Pedra Grande. "Acho que as cidades ao entorno também deveriam fazer o mesmo", pede Maia. Jeanine Renate reforça o pedido e cobra ainda uma maior educação ambiental da sociedade. "Tomara que os outros municípios se atentem para isso, para preservação desse pedacinho do quadrilátero aquífero. É necessário trocar a mentalidade da população, que acha que a mineração traz riqueza e ajuda a evoluir. Quem sabe a área em Igarapé não possa ser um núcleo para trazer o contexto de educação ambiental para a população não apenas dali, mas de outros locais", finaliza.