COLHEITA FARTA

“Apostamos na tecnologia, não usamos agrotóxicos e conseguimos fornecer aos nossos clientes produtos mais saudáveis e sustentáveis. É isso que eles buscam”, conta Giuliano Bittencourt, fundador da Begreen (Cauê Moreno/Divulgação)

A agricultura mineira está colhendo recordes, segundo levantamento realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O crescimento apurado do Valor Bruto da Produção do setor neste ano foi de 11% em relação ao ano passado e deve chegar a R$ 137 bilhões.


Resultado que, segundo o governo estadual, teve participação importante dos agricultores familiares. Segundo dados do IBGE, Minas é o segundo Estado com a maior quantidade de agricultores familiares no país, com 441,8 mil propriedades, ficando atrás apenas da Bahia. São cerca de um milhão de trabalhadores, a maioria em sítios e fazendas com até 50 hectares.


Segundo o superintendente de Desenvolvimento Agropecuário da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), João Denilson Oliveira, além do papel de destaque enquanto fonte geradora de ocupação e renda, o segmento é uma importante matriz de alimentos para o mercado interno. 


Estima-se que cerca de 70% do feijão, 35% do arroz, 85% da mandioca e 60% da produção de leite consumidos no país, por exemplo, sejam fruto do trabalho de agricultores familiares. 
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Alimentos produzidos por gente como Bruno Diogo, que é agricultor familiar em um assentamento da cidade de Goianá, no cinturão verde de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. Ele conta que teve que se reinventar para manter a vida no campo com os desafios da pandemia. 


“A gente fornece muito para os programas públicos de alimentação de escolas e durante a pandemia a demanda caiu muito. Então, fomos atrás de alternativas como a entrega de cestas de produtos orgânicos direto aos clientes”, conta.

Sonhos


O trabalho com a agricultura familiar, segundo Bruno, oferece uma vida digna ao trabalhador. “Mas a gente acha que é preciso mais. Ter condições de trocar de carro, dar uma vida melhor para as crianças”, deseja. Para ele, faltam financiamento e apoio técnico para além da produção. “Nós produzimos bem, as cooperativas ajudam muito. Mas precisamos de crédito e treinamento também para gestão”, diz.


O caminho para essa transformação está no investimento. “Uma estratégia fundamental para fortalecer essas atividades é promover o acesso à informação e a políticas públicas que forneçam subsídios às famílias produtoras, garantindo os meios para o aprimoramento dos seus processos e a otimização da entrega de seus produtos”, avalia Oliveira, superintendente da Seapa Minas.

Cultivo 3S: sustentável, saudável e saboroso


O que garantiu a agricultores familiares, como Bruno Diogo, manter o fôlego na pandemia foi, segundo ele, uma clientela disposta a buscar produtos orgânicos e mais saudáveis. Esse é o caminho escolhido também por algumas empresas, como a Begreen, que aposta em fazendas dentro das cidades para diminuir custos e estar mais próximo dos clientes.


A primeira “fazenda” criada pela empresa foi em Belo Horizonte, no Boulevard Shopping, e hoje são oito espalhadas por diversas cidades brasileiras. “Apostamos na tecnologia, não usamos agrotóxicos e conseguimos fornecer aos nossos clientes produtos mais saudáveis e sustentáveis. É isso que eles buscam”, conta Giuliano Bittencourt, fundador da Begreen.


Guilherme Rabelo, do restaurante O Jardim, é um dos clientes das fazendas urbanas. Ele garante que a diferença está na mesa. “Ao conhecer a produção, temos a garantia do sabor, da qualidade, da cadeia sustentável e também que os produtos são livres de toxinas que prejudicam a saúde”, ressalta.


Dentre os segmentos da agropecuária, as lavouras representam 68% do faturamento mineiro. Para este ano, a receita deve alcançar R$ 93,1 bilhões, alta de 18,5%. Já a receita do segmento pecuário deve alcançar R$ 44,6 bilhões e tem estimativa de queda de 1,8%. Minas responde por 11,4% da produção agrícola nacional e ocupa o 4º lugar no ranking dos estados.