Vinte e duas mil pessoas aguardam por cirurgias eletivas em Belo Horizonte. A pandemia impactou na realização dos procedimentos, reduzidos para garantir leitos aos pacientes com Covid-19. Agora, com a queda nos casos e o recuo na taxa de transmissão da doença na capital, os serviços serão cada vez mais retomados.

O sinal verde é um verdadeiro alívio para a dona de casa Sirlene Aparecida Ferreira, de 56 anos. Diagnosticada com câncer de mama há três anos, ela estava com um procedimento marcado para 4 de março, mas ele foi desmarcado um dia antes por conta da pandemia.

“O médico disse que, como eu poderia precisar de CTI, era preciso adiar porque não se sabia como seria com os casos de Covid. Agora, tenho nova consulta em 26 de novembro e já espero sair de lá com uma nova data”, diz a paciente.

Presidente do Conselho de Saúde de Belo Horizonte, Carla Anunciatta reconhece que, no contexto da pandemia, é temerária a realização de cirurgias complexas. Mesmo assim, ela afirma que a fila para os procedimentos eletivos é um gargalo no sistema de saúde da capital.

O cenário passa pelo subfinanciamento do SUS, que é histórico. “Temos que pensar que 70% da população é usuária da saúde pública. São muitas as demandas para cirurgias e consultas eletivas, mas existem poucos aparelhos, poucos tomógrafos, poucos profissionais. Mas é preciso reforçar, sempre, que a demora nesses atendimentos pode agravar o estado de saúde das pessoas”, frisa Carla.

Procedimentos
A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) já iniciou uma articulação com os hospitais. Todos os pedidos estão cadastrados na Central de Internação para passar pelo crivo de especialistas. O agendamento será feito conforme a disponibilidade de vaga, desde que não comprometa a assistência aos pacientes com Covid.

A pasta não informou quais as principais demandas, mas disse são 18 especialidades para 22.271 pessoas na fila. A redução dos procedimentos, acrescenta a pasta, seguiu orientação do Ministério da Saúde. A prioridade foi para os casos em que a espera pela cirurgia representava um risco maior do que uma possível infecção pela Covid-19.

Além disso
Em Minas, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) recomendou a retomada gradual das cirurgias eletivas nas redes pública e privada. Uma nota técnica para orientar gestores e profissionais foi elaborada pelo órgão. O documento prevê medidas de segurança, que devem ser adotadas desde a seleção do paciente até a alta do paciente.

Conforme a pasta, os indicativos de melhora da pandemia foram imprescindíveis para a tomada de decisão. Em um comunicado, o secretário de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, disse que a “escolha deve ser fruto de diálogo entre gestores municipais, hospitais e operadoras de Saúde suplementar para que sejam definidas estratégias de priorização”.