Brasília - No dia seguinte à entrega do projeto de Reforma da Previdência pelo presidente Jair Bolsonaro à Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (20), a mídia corporativa festeja a proposta que pode massacrar milhões de brasileiros.
Além da capa do jornal estampas "A mais ambiciosa das reformas", o jornal O Estado de S.Paulo trata a proposta que empurra milhões de idosos (e de jovens que são futuros idosos) para a pobreza como a salvação nacional. O veículo publicou uma manchete em seu site intitulada "Não se pode negociar muito a idade mínima", com o subtítulo: "Proposta de reforma da Previdência do governo agradou a um dos maiores especialistas brasileiros no tema, que calcula uma economia de R$ 800 bi em 10 anos, se mudanças no Congresso forem equivalentes a da reforma de Michel Temer". Trata-se de uma entrevista com Paulo Tafner.
Abaixo da manchete, o jornal trouxe uma análise de Pedro Nery, consultor do Senado, sobre o projeto e estampou o título: "Análise: 'reforma resgata a Constituição de 88'". Um trecho diz: "A proposta de Bolsonaro para a reforma da Previdência é mais dura do que a de Temer em relação aos que ganham mais, e mais leve em relação aos que ganham menos. O impacto nos 10 primeiros anos – de R$ 1 trilhão só na União, e ainda sem os militares – é o que a Constituição de 1988 precisa para ser salva".
Na capa do jornal O Globo o aperto nas aposentadorias e benefícios assistenciais é "redução de privilégios" e economia de R$ 1,1 trilhão. Na tentativa de despertar curiosidades do povo, o veículo da família Marinho também publicou uma manchete no site com o título "Reforma da Previdência: calculadora simula tempo para aposentadoria e valor do benefício", mas, ao mesmo tempo, o jornal tenta convencer a população de que a proposta não atinge tanto os mais pobres. Em outra matéria sobre o tema, expõe o seguinte título: "Reforma cria alíquotas de até 14% para o INSS: quem ganha mais vai pagar mais".
"A reforma da Previdência vai mexer nas alíquotas de contribuição dos trabalhadores e vai cobrar uma contribuição maior de quem tem os maiores salários. As alíquotas nominais chegarão a 22% no caso dos servidores e 14% no caso do INSS. A proposta de reforma da Previdência foi entregue nesta quarta-feira ao Congresso pelo presidente Jair Bolsonaro", diz um trecho da matéria.
O jornal Folha de S.Paulo publicou uma capa sobre o percentual de contribuição de servidores públicos. Também fez uma manchete em seu sute mais discreta, intitulada "Governo quer alíquota do INSS de até 22% para servidor público".
"A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da reforma da Previdência traz mudanças nas alíquotas de contribuição ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e também ao Regime Próprio de Previdência Social, dos servidores públicos. Atualmente, os contribuintes da iniciativa privada pagam alíquotas fixas de 8%, 9% ou 11% sobre o rendimento, a depender da faixa salarial", afirma o começo da matéria.
A proposta de Reforma da Previdência prevê idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres se aposentarem. Também consta no projeto 40 anos de contribuição para o cidadão ter direito a 100% do benefício.
O projeto também implementa o chamado regime de capitalização, em que o trabalhador abre uma conta individual e faz uma espécie de poupança para se aposentar no futuro.
O governo fixou a idade de 70 anos para idosos receberem o Benefício de Prestação Continuidade (BPC). Atualmente a idade é de 65 anos. O valor será de R$ 400, abaixo do salário mínimo vigente no Brasil.