Daniella Franco, da RFI - O assassinato da vereadora do PSOL, Marielle Franco, e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes, na noite de quarta-feira (14), no Rio de Janeiro, repercute na imprensa europeia. Os jornais especulam se o crime foi político.
O jornal britânico The Guardian destaca em seu site nesta quinta-feira (15) que dois homens dispararam diversas vezes contra o veículo e tinham claramente Marielle como alvo. A vereadora de 38 anos era uma célebre militante negra, de esquerda e defensora dos direitos humanos, diz The Guardian. Especialista em violência policial, Marielle havia criticado a polícia no sábado (10) por ser extremamente agressiva em suas ações nas favelas do Rio, salienta o jornal britânico.
"Os agressores fugiram sem levar nenhum dos pertences das vítimas, o que reforça as suspeitas de que o único objetivo era matar Marielle Franco", diz o site do jornal português Público. O diário salienta que a vereadora era "conhecida por criticar a atuação da Polícia Militar e a intervenção do Exército brasileiro" no Rio de Janeiro.
Vasta comoção
Aqui na França, o site do jornal Le Parisien destaca que o assassinato de Marielle suscita uma vasta comoção no Brasil. Salienta também que a Ong Anistia Internacional pede uma investigação imediata e rigorosa sobre o assassinato da vereadora.
O governo federal e estadual denunciam o crime e prometem trabalhar para encontrar os responsáveis. Embora tenha sido uma forte crítica ao governo Temer, o PSOL declarou que a militante não teria mencionado nos últimos tempos ter sido alvo de ameaças, diz Le Parisien.
O site do jornal Le Figaro destaca que manifestações são organizadas através das redes sociais no Brasil para protestar contra o assassinato de Marielle. Um dessas iniciativas denuncia um genocídio dos negros no Brasil. Le Figaro salienta que Marielle foi assassinada quando voltava de uma roda de discussão sobre mulheres negras no centro da Lapa.
O jornal americano The New York Times também informa sobre o assassinato em seu site. Integrante de um partido de esquerda, a vereadora se destacava pelo trabalho social que realizava, sendo "a quinta candidata a receber o maior número de votos nas eleições de 2016", escreve o diário.
New York Times também indica que a segurança do Rio de Janeiro está sob o comando dos militares há cerca de um mês e ressalta que Marielle não poupava críticas à violência policial. Um dos últimos tweets dela tratava exatamente desta questão. "Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?", escreveu a vereadora em sua conta no Twitter no sábado (10).