Fake news é fake, por Luis Nassif

O Jornal de todos Brasis

Grande mídia no Brasil pensou que com essa ideia poderia limpar a imagem conspurcada por anos de mau jornalismo e fazer a diferença no debate
Jornal GGN - O debate sobre os problemas que as fake news (notícias falsas) pode gerar na sociedade, sobretudo pela capacidade maior de virulência da informação nos dias atuais, começou fora do país, mais especificamente por uma ação da Atlantic Council – um escritório de lobby nos Estados Unidos – com a intenção de controlar o conteúdo nas redes sociais. A estratégia deu certo, levando a um enquadramento do Facebook dentro do Congresso americano, que acabou fechando um contrato milionário de assessoria com a própria Atlantic Council.
Quando a grande imprensa brasileira puxa o tema para dentro do país, tem como objetivos: primeiro, tentar apagar a imagem de mau jornalismo pelo uso recorrente, e estratégico, de informações falsas e, segundo, usar o fake news como jogada para tentar impedir o trabalho dos meios de comunicação de menor porte e que tentam fazer o contraponto no debate político e econômico.
A forma como o tema foi discutido pelos principais meios de comunicação, como um perigo fundamental à Democracia, sobretudo em tempos eleitorais, colaborou para o Ministro Luiz Fux anunciar a necessidade de uma série de medidas legais para coibir o que chamou de "propagandas abusivas".
Mais recentemente, durante uma palestra sobre o tema, o vice-procurador-geral Eleitoral, Humberto Jacques de Medeiros fez um contraponto à visão de Fux, chamando atenção para o perigo da criminalização excessiva nesse campo. Para começar, o simples uso do termo fake news é um discurso de ódio. Passa a ser central na desqualificação de qualquer reportagem, sem a necessidade de comprovações da mensagem falsa utilizada.
O advogado e vice-presidente do jornal The New York Times, David McCraw, faz uma ponderação ainda mais aprofundada para desmanchar a tese de que a fake news é o atual grande risco à Democracia. Em entrevista à Folha de S.Paulo pontuou que a mentira sempre existiu na política, [desde que existe imprensa de massa]. O crime de uso de perfis falsos, assim como contra a honra, já estão contemplados na legislação pelo código penal.
Em suma, a liberdade de opinião precisa ser preservada nas redes sociais, e o Facebook deve deixar claro, ao retirar páginas ou perfis do ar, o que exatamente foi considerado fake news. "Não se pode dar esse poder absurdo nem ao Estado, nem aos grupos de mídia privados", reforça Nassif completando que notícias, mesmo que propositalmente trazendo conteúdos mentirosos, não se encaixam em fake news e, por isso, precisam ter um tratamento legal diferente.