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O balanço foi divulgado pelo Grupo Energisa, que é um dos apoiadores do projeto, e é baseado em dados reunidos até quarta (18) pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobre o número de nascimentos de quelônios no Vale do Guaporé, localizado em Rondônia, na divisa entre o Brasil e a Bolívia.
Considerada drástica, a queda se dá pelo atraso de todo o ciclo reprodutivo e de nascimento. De acordo com o Ibama e biólogos que acompanham as espécies há décadas, o cenário é consequência dos eventos climáticos extremos deste ano, especialmente a seca recorde registrada na Região Norte, a fumaça de queimadas intensas, a cheia dos rios e as altas temperaturas. Para salvar o máximo de filhotes possível, foi feita uma força-tarefa de salvamento no Rio Guaporé.
Rio Guaporé
O projeto Quelônios do Guaporé é realizado pelo Ibama, pela Associação Quilombola e Ecológica do Vale do Guaporé (Ecovale) e tem o apoio do Grupo Energisa. A iniciativa existe há mais de 22 anos e se destina a proteger quelônios da fauna nativa brasileira, como as tartarugas-da-amazônia, tracajás (outra espécie de quelônio). O projeto também atua na conservação de algumas aves (quero-quero, gaivotas) e lagartos que também utilizam as praias (também chamada de tabuleiros) do Rio Guaporé como local de desova.
O Vale do Rio Guaporé é um dos maiores berçários de quelônios do mundo e o maior do Brasil. Em um raio de 30 quilômetros, estão as sete praias desse nascedouro, com cinco praias de rio no lado brasileiro e duas no lado boliviano, onde tartarugas-da-amazônia, tracajás e outras espécies locais depositam os ovos.
Efeito cascata
Em agosto, setembro e outubro de 2024, a intensa fumaça das queimadas encobriu o céu da região.
“Essa fumaça desorientou as tartarugas, seja pela falta de visibilidade ou pela dificuldade em avistar predadores naturais. Com isso, elas acabaram demorando mais do que o normal a chegar nas praias para desovar, gerando um atraso que provocou um efeito cascata no ciclo de reprodução”, explica José Carratte, biólogo que acompanha o projeto e supervisor de Meio Ambiente do Grupo Energisa.
De acordo com o superintendente do Ibama em Rondônia, César Luiz Guimarães, a seca extrema deste ano aumentou o tamanho dos bancos de areia do rio (as praias de rio) e de seus afluentes. “Isso foi outro agravante para os filhotes que acabam de nascer. Como eles precisam levar mais tempo para cruzar o banco de areia até o rio, ficam mais expostos aos predadores, como urubus, jacarés e aves, e ao calor forte desta época do ano”, explicou César.
Além disso, o atraso fez com que nascimentos ocorressem já durante o período de chuvas mais intensas, que elevam o nível dos rios rapidamente e, por consequência, alagam e afogam as outras dezenas de centenas de filhotes que ainda vão tentar emergir das areias.
A força-tarefa resgatou os ninhos e o maior número possível de filhotes de tartarugas-da-amazônia, contabilizando, só no domingo, mais de 200 mil nascimentos. Nos últimos dias, essas equipes correram contra a cheia dos rios para guardar os filhotes em cercas e evitar os afogamentos, sendo possível realizar a soltura ordenada e com maior segurança.
Procurado pela Agência Brasil, o Ibama informou que a soltura dos quelônios já foi iniciada, com ações de manejo e monitoramento contínuos para diminuir os impactos das mudanças climáticas. 
“Essas alterações climáticas têm causado um fenômeno conhecido como repiquete — variações bruscas no nível dos rios. No caso do Guaporé, praias que tradicionalmente permaneciam secas durante o período de desova foram inundadas, resultando em um aumento expressivo na mortalidade dos filhotes. O atraso no início do período de desova também foi observado, impactando o ciclo reprodutivo das tartarugas. A equipe do Ibama segue em campo, acompanhando o nascimento dos filhotes e registrando as eclosões, com números que ainda estão em atualização diária”, disse o Ibama.
Programa Quelônios da Amazônia
Os cenários preocupantes quanto à possível extinção da espécie incentivaram o governo federal a instituir, em 1979, o Projeto Quelônios da Amazônia. Nesse intervalo, o PQA manejou cerca de 100 milhões de filhotes de quelônios, principalmente das espécies podocnemis expansa, podocnemis unifilis e podocnemis sextuberculata.
Os resultados permitem que o Brasil seja reconhecido como o único país da América do Sul a ter estoques significativos de quelônios passíveis de recuperação e viáveis para programas de uso sustentável. Parte desses resultados deve ser creditada às comunidades que se associaram às iniciativas de proteção e manejo, por acreditarem na importância que esses animais representam no seu dia a dia.
O Programa Quelônios da Amazônia foi direcionado ao Ibama pela portaria 259/2011 e converteu-se em um instrumento de política de conservação da biodiversidade do governo federal. O PQA tem como premissa a conservação das espécies de quelônios da Amazônia em seus ambientes naturais de forma sustentável, na perspectiva de fixação do homem no campo, na geração de emprego e renda, e na melhoria do bem-estar socioeconômico e ambiental das comunidades inseridas nas bacias dos rios Amazonas e Araguaia/Tocantins.
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O projeto Quelônios do Guaporé é realizado pelo Ibama, pela Associação Quilombola e Ecológica do Vale do Guaporé (Ecovale) e tem o apoio do Grupo Energisa. A iniciativa existe há mais de 22 anos e se destina a proteger quelônios da fauna nativa brasileira, como as tartarugas-da-amazônia, tracajás (outra espécie de quelônio). O projeto também atua na conservação de algumas aves (quero-quero, gaivotas) e lagartos que também utilizam as praias (também chamada de tabuleiros) do Rio Guaporé como local de desova.
O Vale do Rio Guaporé é um dos maiores berçários de quelônios do mundo e o maior do Brasil. Em um raio de 30 quilômetros, estão as sete praias desse nascedouro, com cinco praias de rio no lado brasileiro e duas no lado boliviano, onde tartarugas-da-amazônia, tracajás e outras espécies locais depositam os ovos.
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