Uma flotilha com representantes de povos indígenas de diferentes partes do mundo partiu nesta quinta-feira (16) de El Coca, no Equador, com destino a Belém do Pará, no Brasil. O grupo navegará pelo rio Amazonas para exigir o fim das atividades extrativistas que ameaçam o bioma, como a mineração ilegal, a extração de petróleo e o desmatamento.

Batizada de Yuka Mama, que significa “Mãe Água” na língua quíchua, a expedição reúne cerca de 50 pessoas que percorrerão mais de 3 mil quilômetros até a cidade-sede da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, marcada para novembro. O trajeto inclui paradas em comunidades da Colômbia, Peru e Brasil, com intercâmbios culturais e encontros com povos indígenas locais para debater a preservação dos territórios amazônicos.

De acordo com os organizadores, a viagem simboliza um funeral da era dos combustíveis fósseis, que teria devastado a Amazônia ao longo das últimas décadas. A ação também denuncia o que chamam de falsas soluções da transição energética global, que, segundo os participantes, continuam a impor projetos extrativistas sobre terras indígenas.

Os líderes da flotilha defendem uma transição energética justa e vinculante e cobram o cumprimento de acordos climáticos internacionais já assinados. Eles destacam que os povos indígenas são responsáveis pela gestão de cerca de um quarto da superfície terrestre, preservando 37% das áreas naturais intactas do planeta e um terço das florestas globais.

O que mostramos é que não somos apenas defensores dos nossos territórios. Somos guardiões de um equilíbrio planetário que protege toda a humanidade, afirmaram os representantes indígenas em comunicado.

A iniciativa também chama atenção para a crescente violência contra defensores ambientais na região. Segundo o relatório mais recente da organização Global Witness, publicado em 2024, mais de 2.200 ambientalistas foram assassinados ou desapareceram entre 2012 e 2024, e 40% das vítimas eram indígenas.