O chamado “mensalão tucano” parece ter virado uma verdadeira novela no Judiciário mineiro, daquelas que não têm fim tão cedo, em especial pela trama de alguns personagens. Essa é a situação do ex-senador e ex-governador do Estado Clésio Andrade. Ele saiu ileso na esfera criminal e isso deve se repetir no ramo eleitoral. 

Em outubro do ano passado, a 5ª Câmara do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) acatou pedido da defesa do político e anulou todo o processo contra ele. A Corte ainda decidiu que a ação deveria ser retomada do zero no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG).

O veredito não poderia ser melhor para os advogados de Clésio Andrade, acusado por peculato e lavagem de dinheiro. Eles entendem que a denúncia não deve ser acatada pela Corte porque os crimes que recaem sobre o cliente já foram prescritos na esfera eleitoral. 

Essa decisão também beneficiou o ex-secretário adjunto de Comunicação Social no governo de Eduardo Azeredo (PSDB), Eduardo Guedes.

Enquanto isso, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) está correndo contra o tempo e recorreu ao TJMG, em fevereiro deste ano, pedindo a suspensão do processo até o julgamento de pedido de habeas corpus nos tribunais superiores. 

Mas, novamente, o desembargador Alexandre Victor de Carvalho, da 5ª Câmara Criminal, determinou que seja obedecida a ordem para que os autos sejam enviados à Justiça Eleitoral. Ele argumenta que os recursos apresentados no Superior Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) não costumam ter efeito suspensivo em instâncias inferiores.

Assim, o processo físico foi enviado para a promotoria no último dia 20 para ciência. Depois que órgão enviar novamente os autos para o TJMG, os réus vão poder ter acesso a eles e o processo enviado à Justiça eleitoral, onde tem grandes chances de ser esquecido. A coluna não conseguiu falar com o MPMG neste domingo (12).

Relembre

Em 2018, Clésio foi condenado a cinco anos, sete meses e 15 dias de prisão em regime semiaberto pelo crime de lavagem de dinheiro.

O mensalão tucano teria desviado recursos para a campanha eleitoral de Eduardo Azeredo, em 1998, quando ele concorria à reeleição ao governo de Minas Gerais. A denúncia aponta que cerca de R$ 3,5 milhões foram desviados por meio de contratos das estatais Bemge,