PANDEMIA


O Brasil se tornou um exemplo para o resto do mundo de como não se deve lidar com a pandemia do novo coronavírus. Após mais um recorde de mortes nessa terça-feira (16/3), com 2.842 em 24h, a imprensa internacional enxerga o país como uma ameaça e culpa o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).


Esee é o título da matéria divulgada pelo jornal The Washington Post desta quarta-feira (17/3). “Brazil’s rolling coronavirus disaster is a threat to the world” (Desastre progressivo do coronavírus no Brasil é uma ameaça para o mundo). O texto ressalta as inúmeras falhas do país para lidar com a pandemia.


Além do colapso na saúde que os hospitais estão enfrentando com a falta de leitos, a matéria também fala que o problema é agravado pelas variantes do vírus, que levantou o alarme global. “Se o Brasil não for sério, continuará afetando todos os vizinhos de lá - e além”, alertou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), no início deste mês . “Não se trata apenas do Brasil. É sobre toda a América Latina e mais além.”

 
Os testes de COVID-19, ou a falta deles, também foram citados na matéria. “Em vez de aumentar, o número diário de testes de coronavírus administrados - chave para rastrear e interromper o aumento de casos - diminuiu drasticamente desde dezembro”, diz o texto.


Entre os motivos do Brasil estar enfrentando dificuldades um ano após o primeiro caso no país é atribuído ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “O incendiário da extrema direita tropeçou na pandemia - notoriamente considerando o coronavírus pouco mais do que uma ‘gripe’ um ano atrás e, mais recentemente, em dezembro, declarando que o surto havia chegado ao ‘fim’”, destacou o The Washington Post.
 
O texto destaca que mesmo após ter sido contaminado com a doença, o presidente brasileiro continuou negando as medidas das autoridades de saúde para conter o avanço do vírus. “Sob a supervisão de Bolsonaro, o Brasil sucumbiu à negação, desorganização, apatia, hedonismo e charlatanismo médico”, escreveram.


E ainda culpam Bolsonaro pela falta de gestão para lidar com o vírus, após quatro trocas do ministro da saúde. “A falta de coordenação nacional efetiva no Brasil sobre a pandemia é, em parte, culpa de Bolsonaro. Ele e seus aliados inicialmente promoveram a desinformação minimizando a ameaça do vírus e a eficácia do distanciamento social e das máscaras”, concluíram.
 
Embate político 


Outro veículo internacional, a BBC, também deu destaque para a situação caótica que vive o Brasil, ressaltando a falta de leitos para os pacientes. No entanto, além do que o The Washington Post escreveu, eles também deram destaque para o embate político no país para lidar com a pandemia.


“O presidente Bolsonaro tem se oposto sistematicamente às medidas de quarentena introduzidas pelos governadores dos estados, argumentando que o dano colateral à economia seria pior do que os efeitos do próprio vírus.”


A matéria mostrou a divergência de opiniões entre o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, com o chefe do órgão de emergência COVID-19 de São Paulo, João Gabbardo. 
 
"Cadê o Zé Gotinha?" 


Outro jornal britânico, o The Guardian, questionou o desaparecimento do personagem Zé Gotinha em um momento de necessidade. A matéria explica como ele passou de um símbolo nacional da vacinação para uma disputa política entre direita e esquerda. “Cientistas brasileiros estão chocados com a defenestração de Zé, que muitos veem como o símbolo perfeito de como o Bolsonaro sabotou o programa de imunização mundialmente famoso do Brasil”, disseram.
 
O jornal ressaltou a dificuldade do país para conseguir vacinas contra a COVID-19. “A lentidão e recusa politicamente carregada de Bolsonaro em comprar vacinas de fabricantes como Pfizer, Moderna e Janssen significa que o Brasil ficou muito aquém disso desde que sua campanha de vacinação contra COVIF começou tardiamente em meados de janeiro. Até agora, apenas cerca de 13 milhões dos 212 milhões de cidadãos brasileiros receberam vacinas, com grandes cidades como o Rio suspendendo repetidamente a vacinação devido à grave escassez nacional de vacinas.”


Citaram também o discurso de Lula e criticaram o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, por ter colocado um fuzil na mão do personagem. “Zé fez um retorno fugaz aos holofotes após o apelo de Lula por informações. Esforçando-se para convencer os brasileiros privados de vacina de que o presidente Bolsonaro estava falando sério sobre o combate à pandemia, seu filho político, Eduardo Bolsonaro, tuitou uma fotografia manipulada de Zé Gotinha carregando uma seringa em formato de rifle de assalto. ‘Agora nossa arma é a vacinação’, escreveu o político pró-armas, para desgosto generalizado.”