Rufo Chacón tinha 16 anos quando se tornou um símbolo, a contragosto. Seu nome passou a ser associado às violações dos direitos humanos cometidas pelo regime de Nicolás Maduro. O garoto perdeu os olhos depois que um policial apontou a escopeta para o rosto dele e disparou balas de chumbo. Desde agosto de 2023, mora em Múrcia (Espanha). Ex-prefeito do município de Mario Briceño Iragorry, no estado de Aragua (norte), Delson Guarate, 48, viu o irmão e o sobrinho serem assassinados para que retirasse sua candidatura. Ficou preso por dois anos no Helicoide, centro de detenção em Caracas, onde foi torturado. Hoje, vive em Atlanta (EUA). Jesus Javier Alemán, 31, esteve encarcerado por duas ocasiões. Depois de ser submetido a choques elétricos e isolamento, refugiou-se em Madri. Do exílio e distante das urnas, eles falaram ao Correio sobre a esperança de mudança na Venezuela após as eleições de amanhã.

"Este governo causou toda a pobreza em meu país. É culpa dele que não tenhamos gasolina, que pessoas morram nos hospitais e que existam tantos presos políticos apenas por se expressarem. Na Venezuela, você tem que se calar; caso contrário, começa uma intimidação e ameaçam sua família", desabafou Chacón.

"Este governo causou toda a pobreza em meu país. É culpa dele que não tenhamos gasolina, que pessoas morram nos hospitais e que existam tantos presos políticos apenas por se expressarem. Na Venezuela, você tem que se calar; caso contrário, começa uma intimidação e ameaçam sua família", desabafou Chacón.

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Rufo Chacón, hoje com 21 anos: "Nosso povo tem que sair e defender o voto

(Crédito: Arquivo pessoal)
 

Ele reconhece que a votação ocorrerá em clima de muita tensão. "É um governo enganador. Eles buscarão preparar armadilhas, mas há muita fé no futuro e confiança em María Corina Machado. Nosso povo tem que sair, defender o voto e apoiar a causa da liberdade", disse, por telefone, ao citar a ex-deputada opositora que avalizou o ex-diplomata Edmundo González Urrutia, 74, como o candidato da Plataforma Unitária Democrática para derrotar Maduro.

De acordo com Chacón, o governo de Maduro "destruiu" o país. "Não temos energia entre 9 e 12 horas por dia; falta água; a saúde está caótica por falta de recursos. A Venezuela se encontra em um círculo de pobreza forte. Mas a mudança se aproxima e, com ela, um tempo de prosperidade."

Tentativa de fraude

Delson Guarante acredita que todo o poder do Estado — as Forças Armadas, o Tribunal Supremo de Justiça e o Poder Eleitoral — acoberta os preparativos para uma fraude amanhã. "O que ocorrerá na Venezuela, neste 28 de julho, com força da cidadania, deterá os delinquentes que pretendem roubar as eleições. O povo sairá às ruas e defenderá cada voto em cada canto do país", avisou. Preso político no Helicoide, não pôde ter acesso a advogados. "Fui um prefeito que derrotou o candidato de Maduro. Mataram meu irmão e meu sobrinho para que eu desistisse da disputa eleitoral."

Guarante relatou que, no Helicoide, foi colocado na solitária. "Não pude ver o sol nem a noite. Fui espancado, ameaçado de morte e privado de comida. A única coisa que eu escutava era a voz do ex-presidente Hugo Chávez no som ambiente. Falavam que matariam minha família. Foi um terror imenso."