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O déficit de vacinas no sistema de saúde pública e a falta de informação sobre as campanhas de vacinação, com mães como Mercedes peregrinando por centros habilitados sem saber onde encontrar as doses de que seus filhos precisam, derrubaram as taxas de imunização regular abaixo dos 95% requeridos para evitar surtos, segundo as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS). Não chegam a 80%, segundo a OMS, após cinco anos de queda.
A cobertura vacinal contra a poliomielite, por exemplo, talvez esteja em torno de 50%, diz a pediatra Maria Graciela López, membro da Sociedade Venezuelana de Infectologia, que cita números da OMS, pois o Ministério da Saúde deixou de divulgar indicadores em 2016. "Isso nos põe em um risco bastante delicado de reemergência desta doença", adverte a especialista.
E a vacinação contra o rotavírus e o pneumococo é inexistente na rede pública. Só há doses no sistema privado ao custo de US$ 60 a US$ 100, um preço alto para muitas famílias, enquanto a cesta básica supera em mais de 15 vezes o salário mínimo, corroído pela inflação.
"Desde 2017 não há disponibilidade de vacinas contra o rotavírus, primeira causa de diarreia e mortalidade em crianças menores de um ano, e o pneumococo, primeira causa de pneumonia, meningite e otite em crianças menores de cinco anos", lamenta López.
O governo do presidente Nicolás Maduro, que denuncia dificuldades para comprar vacinas devido às sanções dos Estados Unidos, lançou em julho uma campanha para tentar frear o retrocesso.
A Organização Pan-americana de Saúde (Opas), escritório da OMS nas Américas, apoia o plano, embora o país tenha perdido o acesso a doses de baixo custo do fundo desta instituição devido a uma dívida de mais de US$ 12 milhões.
"Eu me descuidei"
O choro de uma bebê de 19 meses que começou tarde seu ciclo vacinal essencial é ouvido no ambulatório de um bairro popular de Caracas.
Ela se chama Salomé. Tomou umas gotinhas contra a pólio e depois, quatro injeções nos braços e nas pernas contra difteria, tétano, influenza, febre amarela e sarampo, rubéola e caxumba. Ainda lhe faltam quatro vacinas fundamentais para uma criança da sua idade. "O que houve? Por que não a trouxe antes?", perguntou o enfermeiro a Marianny Reyes, a mãe, ao ver a carteira de vacinação vazia durante um dia D de vacinação.
A mulher, de 27 anos, se calou. "Bem, eu me descuidei um pouco", disse depois à AFP. A desinformação predomina: não há dados sistematizados sobre a disponibilidade de doses em um país com ampla campanha em prol da vacinação contra a covid-19, mas não da imunização regular. Doenças que estavam controladas, como sarampo e malária, voltaram a ter surtos nos últimos anos.
Longe da meta
A Opas enviou 4,4 milhões de vacinas contra a pólio, a rubéola e o sarampo para a campanha de vacinação estatal, em julho. As metas, no entanto, estão distantes. No eixo norte de Caracas, com sete dos 22 bairros da cidade, "deveríamos ter 60% de imunizados e apenas temos 10%", explica a coordenadora de epidemiologia do setor, Dennice Iriarte.
"Ficou difícil para nós porque as comunidades não são educadas", afirmou Iriarte, admitindo que "talvez" haja falhas na divulgação. Muitas vezes, acrescenta, "ou a mãe o trouxe tarde ou o próprio sistema chegou tarde".
Neyssa de Rivas assegura que "não teve problemas" com a maioria das vacinas de Emmanuel, seu filho de cinco anos, com duas exceções: ela não tem dinheiro para pagar pelas doses privadas contra o rotavírus e o pneumococo. "Acreditamos em Deus, que os mantêm com saúde".
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O déficit de vacinas no sistema de saúde pública e a falta de informação sobre as campanhas de vacinação, com mães como Mercedes peregrinando por centros habilitados sem saber onde encontrar as doses de que seus filhos precisam, derrubaram as taxas de imunização regular abaixo dos 95% requeridos para evitar surtos, segundo as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS). Não chegam a 80%, segundo a OMS, após cinco anos de queda.
A cobertura vacinal contra a poliomielite, por exemplo, talvez esteja em torno de 50%, diz a pediatra Maria Graciela López, membro da Sociedade Venezuelana de Infectologia, que cita números da OMS, pois o Ministério da Saúde deixou de divulgar indicadores em 2016. "Isso nos põe em um risco bastante delicado de reemergência desta doença", adverte a especialista.
E a vacinação contra o rotavírus e o pneumococo é inexistente na rede pública. Só há doses no sistema privado ao custo de US$ 60 a US$ 100, um preço alto para muitas famílias, enquanto a cesta básica supera em mais de 15 vezes o salário mínimo, corroído pela inflação.
"Desde 2017 não há disponibilidade de vacinas contra o rotavírus, primeira causa de diarreia e mortalidade em crianças menores de um ano, e o pneumococo, primeira causa de pneumonia, meningite e otite em crianças menores de cinco anos", lamenta López.
O governo do presidente Nicolás Maduro, que denuncia dificuldades para comprar vacinas devido às sanções dos Estados Unidos, lançou em julho uma campanha para tentar frear o retrocesso.
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"Eu me descuidei"
O choro de uma bebê de 19 meses que começou tarde seu ciclo vacinal essencial é ouvido no ambulatório de um bairro popular de Caracas.
Ela se chama Salomé. Tomou umas gotinhas contra a pólio e depois, quatro injeções nos braços e nas pernas contra difteria, tétano, influenza, febre amarela e sarampo, rubéola e caxumba. Ainda lhe faltam quatro vacinas fundamentais para uma criança da sua idade. "O que houve? Por que não a trouxe antes?", perguntou o enfermeiro a Marianny Reyes, a mãe, ao ver a carteira de vacinação vazia durante um dia D de vacinação.
A mulher, de 27 anos, se calou. "Bem, eu me descuidei um pouco", disse depois à AFP. A desinformação predomina: não há dados sistematizados sobre a disponibilidade de doses em um país com ampla campanha em prol da vacinação contra a covid-19, mas não da imunização regular. Doenças que estavam controladas, como sarampo e malária, voltaram a ter surtos nos últimos anos.
Longe da meta
A Opas enviou 4,4 milhões de vacinas contra a pólio, a rubéola e o sarampo para a campanha de vacinação estatal, em julho. As metas, no entanto, estão distantes. No eixo norte de Caracas, com sete dos 22 bairros da cidade, "deveríamos ter 60% de imunizados e apenas temos 10%", explica a coordenadora de epidemiologia do setor, Dennice Iriarte.
"Ficou difícil para nós porque as comunidades não são educadas", afirmou Iriarte, admitindo que "talvez" haja falhas na divulgação. Muitas vezes, acrescenta, "ou a mãe o trouxe tarde ou o próprio sistema chegou tarde".
Neyssa de Rivas assegura que "não teve problemas" com a maioria das vacinas de Emmanuel, seu filho de cinco anos, com duas exceções: ela não tem dinheiro para pagar pelas doses privadas contra o rotavírus e o pneumococo. "Acreditamos em Deus, que os mantêm com saúde".