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"Zucas [diminutivo de brazucas], voltem para as favelas. Não vos queremos aqui!", diz uma das mensagens escritas no muro externo da Escola Secundária Eça de Queiroz.
Há menos de um ano, a mesma instituição já havia sido vandalizada com textos de cunho racista.
Frases como "Portugal é branco, pretos voltem para a África!" e "sim ao racismo" também apareceram nas paredes vandalizadas.
No início da tarde, a maioria dos muros já haviam sido pintados e as ofensas, apagadas. Mesmo assim, imagens que mostram os insultos têm se espalhado nas redes sociais.
A polícia portuguesa está investigando a ação, mas, até agora, não foram divulgadas informações sobre suspeitos.
A reitora da Universidade Católica Portuguesa, uma das instituições atingidas, Isabel Capeloa Gil, repudiou publicamente o conteúdo das pichações.
"A UCP foi hoje alvo de uma ação de vandalismo com teor discriminatório e racista. A universidade rejeita este atentado contra os seus princípios basilares e continuará, firmemente, a defender o respeito pela dignidade da pessoa, rejeitando todas as formas de discriminação", afirmou.
os responsáveis pelas outras instituições de ensino, assim como o Conselho Português para os Refugiados, também condenaram os atos.
Nos últimos meses, Portugal tem assistido a uma série de episódios de racismo e xenofobia que muitas vezes são dirigidos a alunos brasileiros.
Além de formarem a maior comunidade de estrangeiros em Portugal – 1 em cada 4 imigrantes –, os brasileiros também lideram com folga o ranking dos alunos internacionais no sistema de ensino português.
Estudantes do Brasil relatam com frequência casos de discriminação, assédio e xenofobia.
Em abril de 2019, alunos da faculdade de direito da Universidade de Lisboa causaram polêmica ao colocar uma caixa de pedras para "atirar nos zukas".
Os números mais recentes sobre queixas de xenofobia e racismo são de 2018, mas mostram um cenário de alta acentuada em relação ao ano anterior.
Em agosto, um grupo radical de extrema-direita organizou uma passeata com referência ao movimento racista americano Ku Klux Klan, em frente à sede da ONG SOS Racismo, em Lisboa.
Pouco tempo depois, dirigentes da instituição e outras lideranças antirracistas, assim como duas deputadas negras, receberam um ultimato de 48 horas para deixar o país.
Menos de um mês antes, em 25 de julho, o assassinato do homem negro Bruno Candé, 39, já havia chocado o país. Ele foi morto com quatro tiros quando passeava com a família perto de casa.
Segundo testemunhas, o assassino disse "preto, vai para a tua terra" antes de disparar. O suspeito, de 80 anos, teria histórico de ofensas racistas a Candé e a sua família.
Embora as tensões raciais tenham aumentado no país, muitos dos políticos portugueses afirmam não haver problemas relacionados ao racismo no país.
O partido de direita radical Chega, que tem um deputado no Parlamento, já organizou duas passeatas afirmando que "Portugal não é um país racista".
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Há menos de um ano, a mesma instituição já havia sido vandalizada com textos de cunho racista.
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